RADAR DO DIA: Juros na China; Emprego nos EUA; Pautas econômicas no Congresso

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Boom econômico da China sob risco | Foto: Zhen Tang - Pexels

São Paulo, SP – Os índices futuros americanos abriram em queda e as bolsas europeias em instabilidade. O Banco Central da China (PBoC) anunciou ontem sua decisão de manter a taxa de juros de referência Loan Prime Rate (LPR) de um ano em 3,45% pelo quinto mês consecutivo. Já a taxa de cinco anos foi reduzida de 4,2% para 3,95%. A maior parte dos empréstimos em vigor e recém-contratados na China está atrelada à LPR de um ano, ao passo que a taxa de cinco anos exerce impacto sobre os custos das hipotecas.

Para Julian Evans-Pritchard, chefe de economia da China da Capital Economics, o corte de 25 pp na LPR de cinco anos claramente tem como objetivo apoiar o mercado imobiliário. “Por si só, não vai reviver as vendas de novas casas. Mas, aliado aos esforços para fornecer um maior suporte de crédito aos incorporadores, o corte deve ajudar a reduzir um pouco a pressão sobre o setor imobiliário”, comentou Evans.

Nos Estados Unidos, após o feriado do Dia do Presidente, o mercado continua aguardando os números do índice PCE de renda e gastos pessoais, que será divulgado em 29 de fevereiro. Em dezembro do ano passado, o PCE subiu 0,2%, e a taxa anualizada ficou em 2,6%. Outro dados importante é o de novos pedidos de seguro desemprego. Na semana passada, houve uma queda nos novos pedidos de seguro-desemprego nos EUA, que recuaram em 8 mil, para 212 mil após ter alcançado 220 mil na semana anterior. Os analistas previam 220 mil pedidos.

Uma queda nos pedidos sugere que menos pessoas estão sem trabalho, enquanto uma alta indica o contrário. A média móvel dos pedidos de seguro-desemprego feitos nas últimas quatro semanas, um indicador menos volátil, subiu em 5.750 para 218.500 pedidos. Com os dados em mãos, o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) vai analisar como anda o mercado de trabalho e a inflação do país e, no fim de março, bater o martelo sobre a taxa de juros

Nesta semana, ainda teremos a divulgação das atas das reuniões de política monetária do Fed, na quarta-feira (21) e do Banco Central Europeu, na quinta-feira (22), além da publicação das leituras preliminares dos PMIs dos Estados Unidos, zona do euro, Alemanha, Reino Unido e Japão.

Por aqui, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse na noite de ontem que hoje terá um encontro com o presidente Lula para definir a pauta do Congresso e tratar das prioridades do governo, entre elas, a MP da Desoneração, o Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos (Perse) e sobre a tributação das apostas esportivas, as bets.

“Fizemos um apanhado com as considerações feitas pelos líderes, do presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco. Estamos no mérito dos números da MP, para que se tenha consciência do que está em jogo. É um volume de recursos muito considerável, em vista da situação que estamos enfrentando, para dar os passos necessários para o nosso ciclo fiscal”, disse.

A temporada de balanço de quarto trimestre continua nesta terça-feira, com os números da Gerdau, Gerdau Metalúrgica, Iguatemi, Isa Cteep e Telefônica Brasil.

No setor corporativo, a Braskem divulgou ontem o relatório de produção e vendas do quarto trimestre de 2023 e do ano de 2023. No mercado brasileiro, o volume de vendas de resinas recuou 11% em relação ao terceiro trimestre de 2023, explicado principalmente pela priorização de vendas com maior valor agregado, e pela sazonalidade do período. Em relação ao quarto trimestre de 2022, o volume de vendas de resinas no mercado brasileiro recuou 9%, para 785 mil toneladas, devido ao maior volume de PE vendido no último trimestre de 2022 devido a maior demanda neste período. Na comparação anual, o volume de vendas de resinas no mercado brasileiro caiu 5%, para 3,342 milhões de toneladas, dada a maior oferta de produtos no mercado internacional combinada com a priorização de vendas com maior valor agregado.

A Americanas, em recuperação judicial, adiou novamente a divulgação das informações trimestrais da companhia dos períodos findos em 31 de março de 2023, 30 de junho de 2023 e 30 de setembro de 2023 (em conjunto, ITRs/23), que ocorreria ontem, para o dia 26 de fevereiro, antes da abertura de mercado.

A Hypera informou que seu Conselho de Administração aprovou a distribuição de juros sobre capital próprio (JCP), de R$ 0,09725 por ação ordinária, equivalente ao montante total bruto de R$ 61,5 milhões.

A Vale divulgou um comunicado em resposta às matérias publicadas no jornal Valor Econômico, intituladas “Sucessão na Vale chega ao impasse e mostra conselho rachado” e “Reunião de conselho da Vale para definir presidência termina sem conclusão”, veiculadas no dia 15 de fevereiro. “A companhia reitera que não houve qualquer decisão tomada por seu Conselho de Administração quanto à eventual renovação do mandato do presidente em exercício, com término previsto em 26 de maio de 2024, ou à realização de processo sucessório, motivo pelo qual a companhia entendeu não ser necessária comunicação ao mercado”, explicou o comunicado.

O conselho de administração da Itaúsa deliberou declarar dividendos adicionais aos proventos do exercício de 2023 no montante de R$ 3,1 bilhões, correspondente ao valor de R$ 0,3005 por ação, que serão pagos em 8 de março e terão como data-base a posição acionária final do dia 22 de fevereiro. O colegiado também aprovou pagar, também em 8 de março, os juros sobre o capital próprio no montante líquido de R$ 2,5 bilhões, correspondente ao valor bruto de R$ 0,2989 por ação (líquido de R$ 0,254065 por ação.

O Carrefour Brasil registrou prejuízo líquido de R$ 565 milhões no quarto trimestre de 2023, revertendo o lucro líquido de R$ 426 milhões no mesmo intervalo de 2022. Já o lucro líquido ajustado aos controladores caiu 5,4% no período e somou R$ 520 milhões no último trimestre do ano passado, quando comparado a igual intervalo de 2022. Segundo o relatório financeiro da varejista, o lucro líquido ajustado, que é calculado como o lucro líquido deduzido das demais receitas e despesas operacionais (não recorrentes) e do correspondente efeito financeiro e do imposto de renda, teve como principal impacto no 4T23 as despesas não recorrentes relacionadas às iniciativas de otimização de ativos, que totalizaram R$ 1,1 bilhão de impacto no resultado, principalmente relacionadas a despesas não caixa de impairment e write-off (R$ 524 milhões para lojas fechadas e vendidas e R$ 203 milhões para marca).