RADAR DO DIA: Fed e Copom discutem juros; Focus aumenta inflação e PIB em 2024

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Moeda Nacional, Real, Dinheiro, notas de real. (Foto: Marcello Casal Jr / Agência Brasil )

São Paulo, SP – Os índices futuros americanos abriram em queda e as bolsas europeias em instabilidade. O Banco do Japão (BoJ) decidiu encerrar a política de juros negativos
que perdurou por 17 anos e aumentou para 0% os juros básicos. A decisão não foi unânime: foram 7 votos a favor da mudança, e 2 contrários. Embora a mudança na política monetária fosse esperada, há quem acredite que o BoJ mantenha os juros a 0% e não haja mais aumentos. O BoJ deixou claro que este não é o início dos aumentos das taxas, afirmando claramente que ‘antecipa manter condições financeiras acomodatícias por enquanto’.

Nos Estados Unidos, a expectativa é para a decisão do Comitê Federal de Política Monetária
(Fomc, na sigla em inglês), que iniciou sua reunião hoje e baterá o martelo amanhã (20) sobre a taxa de juros no país.

Após números da inflação acima do esperado nos EUA, o mercado acredita que os juros só devem começar a cair em junho, mas a expectativa é que ao longo de 2024, o Federal Reserve (Fed,o banco central norte-americano) cortará os juros em 75 pontos percentuais, e que há até uma chance de que haja um movimento de taxa de juros neutra de longo prazo. Para está quarta, a expectativa é que o Fed mantenha os juros entre 5,25% e 5,50%.

Na semana passada, a ferramenta CME FedWatch, que monitora a probabilidade de
alterações nas taxas do Fomc, apontou que as apostas no início dos cortes em junho subiram ligeiramente passando de 58,22% para 59,68%. Tambpem aumentou a expectativa de manutenção da taxa de juros, passando de 34,82% para 36,47%.

Por aqui, o mercado também aguarda a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), sobre a Selic. Mesmo com a certeza de que o Banco Central cortará pela sexta vez seguida os juros, com um recuo de 0,50 ponto percentual, levando a Selic para 10,75%, analistas acreditam que a justificativa do Copom poderá ter um tom diferente dos últimos comunicados.

Analistas do BTG divulgaram um relatório no qual qual questionam se o Copom repetirá literalmente seu avanço e indicará passos de mesma magnitude para as “próximas reuniões” ou, dada a evolução da recente evolução económica interna indicadores e incerteza externa, a comissão preferirá ajustar a sua comunicação? Na reunião de janeiro, parecia muito provável que tal comunicação fosse novamente mantida, como de fato aconteceu. Desta vez, porém, a imagem parece mais duvidosa.

Para o banco Itaú, a ata do Copom após a decisão desta quarta-feira deve ressaltar que o balanço de riscos para a inflação deve continuar sendo descrito como simétrico, com o comitê destacando que a conjuntura, em particular devido ao cenário internacional, segue incerta e exige cautela na condução da política monetária. O Itaú projeta inflação de 3,5% em 2024 e de 3,2% em 2025.

Hoje acaba o prazo de 90 dias estabelecido pela emenda constitucional da reforma tributária para que o governo envie ao Congresso o projeto de lei que reforma a tributação da renda e dos salários. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, no entanto, nega que o governo esteja descumprindo a Constituição porque, em dezembro do ano passado, editou a medida provisória com a reoneração da folha de pagamentos, que está incluída no tema.

“No fim de dezembro, já estávamos cumprindo a norma constitucional”, disse Haddad. O ministro explicou que o governo optou por fatiar a reforma tributária sobre a renda em diversos projetos de lei. No ano passado, o governo adiantou parte da reforma ao
enviar ao Congresso o projeto que tributa as offshores (empresas de investimentos no exterior) e antecipa a cobrança de Imposto de Renda de fundos exclusivos.

Para manter a carga tributária constante, a equipe econômica quer tributar os dividendos e, ao mesmo tempo, reduzir o Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ) e a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL). Caso não haja essa compensação, a tributação sobre o lucro no Brasil subiria consideravelmente, a ponto de inibir a abertura de empresas e a criação de empregos.

Na manhã de hoje foi divulgado o boletim Focus com as previsões de instituições financeiras ouvidas pelo Banco Central do Brasil. Para o IPCA, a expectativa para 2024 subiu de 3,77% para 3,79%. Para 2025, a previsão passou de 3,51% para 3,52%.

Sobre a taxa Selic, a previsão para este ano segue em 9%. Para 2025, a previsão também ficou estável em 8,50%. Para o Produto Interno Bruto (PIB), a previsão para 2024 subiu de 1,78% para 1,80%. Em 2025, a previsão para o PIB manteve a estabilidade, chegando a 2%.

A temporada de balanços do quarto trimestre continua nesta semana os números da Equatorial Energia, Vivara, Qualicorp, Allos, Cemig, CPFL Energia e Sabesp.

No setor corporativo, a Itaúsa divulgou ontem o balanço do quarto trimestre de 2023, com lucro líquido recorrente de R$ 14,1 bilhões, o maior da sua série histórica, crescimento de 3% na comparação com o ano anterior. Se removidos os efeitos de alienações da XP Inc. em 2023 e 2022, o lucro líquido recorrente cresceu aproximadamente 9% no mesmo período, atingindo a marca de R$ 12,3 bilhões. O resultado recorrente proveniente das empresas investidas foi de R$ 13,5 bilhões, aumento de 6% sobre o ano anterior.

A Magazine Luiza divulgou ontem o balanço do quarto trimestre de 2023, com lucro líquido de R$ 101,5 milhões, revertendo assim o prejuízo de R$ 15,2 milhões registrado no quarto trimestre de 2022. O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações, na sigla em inglês) foi de R$ 756,5 milhões, alta de 12,3% em relação ao mesmo período de 2022. A margem Ebitda avançou 1,2 ponto percentual, fechando em 7,2%.

O conselho de administração da holding Itaúsa deliberou declarar juros sobre o capital próprio (JCP) no montante bruto de R$ 723 milhões, correspondente ao valor bruto de R$ 0,07 por ação, que serão pagos até 30 de agosto, com retenção de 15% de imposto de renda na fonte, resultando em juros líquidos de R$ 0,0595 por ação.

O conselho de administração da Raízen aprovou a declaração e o pagamento de dividendos
intermediários, com base em parte da reserva de lucros constante no balanço do exercício social findo em 31 de março de 2023 (1T23), no valor total de R$ 167,6 milhões, ou R$ 0,01623032986 por ação, descontadas as ações em tesouraria.

A Equatorial Energia adiou a divulgação dos resultados do quarto trimestre e do ano de 2023 que ocorreria na próxima quarta-feira (20) para a próxima segunda-feira, 25 de março, após o encerramento do pregão.

A Petrobras, em relação à notícia divulgada na mídia e conforme já divulgado em 12/03 e 15/03, reafirmou ser inverídica a afirmação de que houve qualquer promessa de pagamento de dividendos extraordinários no evento realizado com analistas e investidores nos dias 30 e 31 de janeiro de 2024 (Deep Dive) realizado pela companhia. “A Petrobras reitera que o material apresentado no encontro com analistas e investidores não sinaliza o pagamento de dividendos extraordinários. A parte da apresentação que cita o processo de dividendos contém informações públicas sobre parâmetros, diretrizes e o processo que suporta as decisões de remuneração do acionista. O material está disponível no site de investidores da companhia, bem como na CVM e na SEC”, concluiu a nota.