RADAR DO DIA: Copom decide juros; Varejo em março; Emergência no RS

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São Paulo, SP – Os índices futuros americanos abriram em instabilidade e as bolsas europeias em alta. O dia será marcado pela decisão do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) sobre a taxa Selic. Analistas acreditam que o ritmo de cortes de 0,50 ponto percentual nos juros pode ser interrompido, e que há a possibilidade do corte ser de apenas 0,25 ponto percentual.

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse que a inflação está em processo de convergência para a meta fiscal, mas alertou que “a última milha para atingir o objetivo é a mais difícil”. Segundo o presidente do BC, a incerteza aumentou, principalmente em decorrência do quadro externo. “Cenário americano tem dúvidas sobre a inflação. No Brasil os números estão vindo melhor que o esperado”, apontou, ressaltando, no entanto, que as expectativas de inflação no Brasil têm piorado.

Nos Estado Unidos, com a semana esvaziada de indicadores importantes, os investidores ficam de olho em falas de membros do Comitê Federal de Política Monetária (Fomc, na sigla em inglês), do Federal Reserve (Fed, banco central norte-americano). Ontem o presidente do Fed de Minneapolis, Niel Kashkari, disse que o banco central pode optar por não implementar a flexibilização da política monetária este ano se o progresso na redução da inflação ficar estagnado.

“Não estamos procurando dados de inflação melhores, estamos apenas procurando dados adicionais de inflação que também estão em torno desse nível de 2%. Se conseguirmos ver mais alguns meses desses dados, acho que isso nos dará muita confiança”, comentou Kashkari.

Na última reunião do Fed, a taxa de juros foi mantida, e o presidente do Fed, Jerome Powell, disse que a política atual é suficientemente restritiva para trazer a inflação para a meta de 2%, e que é improvável que a próxima movimentação da taxa de juros seja um aumento. Hoje falam o vice-presidente do Fed, Philip Jefferson, a presidente do Fed de Boston, Susan Collins, e a diretora do Fed, Lisa Cook.

Por aqui, hoje saem os números do Varejo referente a março, que deve recuar 0,40% ante fevereiro. Na comparação interanual, a alta projetada é de 5,10%. As estimativas foram calculadas pelo Termômetro CMA. As previsões de 11 instituições financeiras consultadas para o resultado mensal variam entre -1,5% e +0,60%, com a média das projeções em -0,21%. Na comparação com o mesmo mês de 2023, as previsões de 11 “casas” consultadas variam entre 1,20% e 6,90% (média em 4,84%).

Em Brasília, o Conselho de Supervisão do Regime de Recuperação Fiscal decidiu que o estado do Rio Grande do Sul deixará de cumprir as exigências do plano por 30 dias, Segundo o Ministério da Fazenda, a decisão poderá ser prorrogada, caso seja necessário. Antes de as enchentes atingirem o estado, o governador Eduardo Leite estava renegociando o regime de recuperação fiscal com o Ministério da Fazenda.

A decisão foi tomada por unanimidade, por causa do estado de calamidade pública decretado em 336 municípios. Fechado em junho de 2022, o acordo do regime de recuperação fiscal impôs uma série de condições para que o estado refinanciasse a dívida com a União em troca de medidas de ajuste fiscal, como reformas para reduzir os gastos locais e desestatizações.

O ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, afirmou que, para evitar uma possível
escalada no preço arroz, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) vai comprar o produto já industrializado e empacotado no mercado internacional. Trata-se de um dos efeitos das enchentes no Rio Grande do Sul, estado responsável por 70% da produção nacional de arroz. Na primeira etapa, o leilão de compra da Conab, uma empresa pública federal, será para 200 mil toneladas de arroz, que devem ser importados dos países vizinhos do Mercosul, como Argentina, Uruguai e Paraguai, e eventualmente da Bolívia.

A temporada de balanço com os resultados do primeiro trimestre de 2024 continua nesta quarta-feira com a divulgação de cerca de 40 empresas, entre elas, 3R Petroleum, Ambev, Banco do Brasil, Braskem, Cogna, Copel, Dexco, Eletrobras, Energisa, Grupo Soma, Lojas Renner, Minerva, MRV, Oi, Pão de Açúcar, SLC Agrícola, Taesa, Totvs, Ultrapar, Vibra e Petroreconcavo.

No setor corporativo, A Ambev divulgou o balanço do primeiro trimestre de 2024, com lucro líquido ajustado de R$ 3,817 bilhões, queda de 0,6% em comparação com o mesmo período do ano passado. O lucro antes juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) ajustado foi de R$ 6,5 bilhões, alta de 1,4% na comparação anual.

O Carrefour Brasil divulgou o balanço do primeiro trimestre de 2024, com lucro líquido de R$ 39 milhões, revertendo o prejuízo de R$ 113 milhões registrado no mesmo período do ano passado. O lucro antes juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) ajustado foi de R$ 1,4 bilhão, alta de 36,6% na comparação anual, representando uma margem de 5,7%, alta de 1,5 ponto percentual em relação ao primeiro trimestre de 2023.

A RD Saúde (ex-RaiaDogasil) divulgou o balanço do primeiro trimestre de 2024 (1T24), com lucro líquido ajustado de R$ 213,6 milhões, alta de 4,8% em comparação com o mesmo período do ano passado (1T23). O lucro bruto totalizou R$ 2.659,3 milhões no 1T24, com margem bruta de 27,2%, uma retração de 0,1 pp vs. o 1T23. No varejo, a margem bruta foi de 29%, estável vs. o 1T23, ao passo que o crescimento da 4Bio gerou um efeito mix negativo de 0,1 pp. O lucro antes juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) ajustado foi de R$ 679,8 milhões, alta de 21% em relação ao 1T23, com margem Ebitda ajustada de 7,0%, alta de 0,4 p.p. na comparação
com o mesmo período de 2023.

A BRF divulgou o balanço do primeiro trimestre de 2024 (1T24), com lucro líquido de R$ 594 milhões, revertendo o prejuízo líquido de R$ 1 bilhão registrado no mesmo período. Em
comparação ao quarto trimestre do ano passado (4T23), a queda foi de 21,3%. O lucro antes juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) ajustado foi de R$ 2,1 bilhões, alta de 248,8% em relação ao mesmo período de 2023. Em comparação ao último trimestre do ano passado, a alta foi de 11,2%.

O lucro líquido ajustado da Engie Brasil do 1T24 foi de R$ 793 milhões, valor 10,1% (R$ 89 milhões) abaixo do alcançado no 1T23. O Ebitda ajustado no 1T24 alcançou R$ 1.815 milhões, redução de 12,1% (R$ 249 milhões) em comparação ao 1T23. A margem Ebitda ajustada foi de 69,6% no 1T24, decréscimo de 1,3 p.p. em relação ao 1T23.

A Prio teve lucro Ex-IFRS 16 de US$ 224 milhões no primeiro trimestre de 2024, um recuo de 3% sobre o resultado do mesmo período de 2021, segundo demonstrações financeiras enviadas à Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Incluindo IFRS 16, o lucro totalizou US$ 217,7 milhões, queda anual de 2%. O ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) da companhia somou US$ 467 milhões no período, o que corresponde a uma elevação de 33% na comparação com o primeiro trimestre de 2023, com margem de 77% (+10 pp).

A Suzano, em atenção às notícias veiculadas na mídia de que a companhia prepara proposta de US$ 15 bi pela International Paper, segundo a agência Reuters, e ao recebimento de ofício da Superintendência de Listagem e Supervisão de Emissores da B3, disse que a companhia está permanentemente analisando oportunidades de mercado e investimentos alinhados com a sua estratégia, mas que, até a presente data, inexiste qualquer documento formal ou celebração de qualquer acordo, vinculante ou não, por parte da companhia, tampouco qualquer decisão ou deliberação de seus órgãos de administração em relação à potencial operação veiculada pela mídia.

A Telefônica Brasil, dona da Vivo, apresentou um lucro líquido de R$ 896 milhões no primeiro trimestre de 2024, alta de 7,3% na comparação com o mesmo período do ano passado, beneficiado pela evolução de 13,6% no Ebit. O ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) foi de R$ 5,3 bilhões, alta de 6,8% na base anual, acima da receita, com uma margem de 39,0% (+0,1 p.p a/a).