Projeção de alta do PIB mundial cai de 2,9% para 2,8% em 2023, diz FMI

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Lado externo da sede do Fundo Monetário Internacional (FMI) em Washington, D.C. / Foto: Brendan Smialowski / AFP / Getty Images

São Paulo – O Fundo Monetário Internacional (FMI) reduziu a previsão de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) mundial de 2,9%, feita em janeiro, para 2,8%. Devido ao aperto monetário contínuo, o sistema financeiro se tornou ainda mais instável, o que aumentou os riscos para a pespectiva econômica mundial.

O crescimento deste e do próximo ano ainda serão menores que o registrado em 2022, quando o mundo teve alta de 3,4%. Para 2024, o FMI rez um reajuste para baixo em relação à sua última projeção, passando de 3,1% para 3,0%.

“Com o recente aumento da volatilidade do mercado financeiro e múltiplos indicadores apontando em diferentes direções, a neblina em torno das perspectivas econômicas mundiais aumentou. A incerteza é alta e o balanço de riscos mudou firmemente para baixo enquanto o setor financeiro permanecer instável”, escreve o órgão.

De acordo com o FMI, as principais forças que afetaram o mundo em 2022 como “posturas monetárias rígidas dos bancos centrais para conter a inflação, reservas fiscais limitadas para absorver choques em meio a níveis de dívida historicamente altos, picos de preços de commodities e fragmentação geoeconômica com a guerra da Rússia na Ucrânia e a reabertura econômica da China” devem continuar neste ano.

“Mas essas forças agora estão sobrepostas e interagindo com novas preocupações de estabilidade financeira”, acrescenta o FMI. Segundo o documento, a recente quebra de bancos regionais nos Estados Unidos e a perda de confiança no Credit Suisse, “um banco globalmente significativo”, abalou a confiança financeira em todo o mundo.

“A liquidez e as posições de capital geralmente fortes dos bancos sugeriam que eles seriam capazes de absorver os efeitos do aperto da política monetária e se adaptar sem problemas. No entanto, algumas instituições financeiras com modelos de negócios que dependiam fortemente da continuação das taxas de juros nominais extremamente baixas dos últimos anos enfrentaram forte estresse, pois se mostraram despreparadas ou incapazes de se ajustar ao ritmo acelerado de aumentos das taxas”, explica o FMI.

Segundo o órgão, “apesar das fortes ações políticas para apoiar o setor bancário e tranquilizar os mercados, alguns depositantes e investidores tornaram-se altamente sensíveis a qualquer notícia, enquanto lutam para discernir a amplitude das vulnerabilidades entre bancos e instituições financeiras não bancárias e suas implicações para o provável caminho de curto prazo da economia”.

Para o FMI, será preciso maior atenção dos formuladores de política monetária para garantirem a liquidez e confiança nos sistemas bancários à medida que o mundo passa por um período de redução inflacionária que deve afetar o consumo.