Presidente Lula nega que haverá reforma ministerial por aprovação de MP dos Ministérios

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São Paulo – O presidente Luis Inácio Lula da Silva negou que o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, tenha pedido ministérios e afastou a ideia de que haverá uma reforma ministerial em troca da aprovação da MP dos Ministérios ontem à noite pela Câmara dos Deputados.

“Não pediu e nem poderia pedir, por que o PP é um partido de oposição. O PP já teve ministério no governo da Dilma, não teria problema. Mas não pretendo fazer reforma ministerial. A menos que aconteça alguma tragédia. Meu time está jogando melhor que o Corinthians”, comentou a jornalistas, nesta quinta-feira.

O presidente respondeu a questionamento sobre a conversa que teve com Arthur Lira ontem em meio às negociações para aprovar a medida provisória que reorganiza a estrutura dos ministérios no atual governo, que corria o risco de perder 17 pastas.

Lula disse que achou que diz que esperava aprovação de MP dos Ministérios pelos deputados porque era no mínimo, razoável.

“O que aconteceu ontem deve ficar como grande ensinamento”, diz Arthur Lira

O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), disse que houveram diversas reuniões em Brasília até a votação da MP dos Ministérios e que houve um entendimento de que o governo do presidente Luís Inácio Lula da Silva precisa participar de uma articulação maior para construir a sua base. As declarações foram dadas em entrevista à “Globonews” no início da tarde desta quinta-feira.

“O governo sem uma maioria no parlamento terá a obrigação de pautar e votar as matérias do seu interesse. O que aconteceu ontem deve ficar como grande ensinamento, eu fiz um alerta ao presidente que ficou bastante claro”, comentou Lira. “Houve esforço dos partidos independentes para aprovar a MP dos Ministérios.”

Segundo o presidente da Câmara, “os líderes presenciaram esforço, sem exigir nada” e disse que a divulgação da liberação de emendas de R$ 1,7 bilhão em meio às negociações “mancha imagem do Congresso” e que “as emendas liberadas são impositivas”.

“Espero que o governo encaminhe suas pautas na construção de maioria que ainda não tem.

Lira disse que o clima ontem na Câmara, “infelizmente, era para derrotar a MP dos Ministérios”, pois havia um entendimento era de que o governo precisa redesenhar apoios. O governo deu ministérios ao MDB, ao União Brasil para construir sua base. Essa solução deve ser dada para outros partidos em que governo queira aumentar a base.”

Em sua conversa com o presidente Lula, ontem, Lira disse: “Eu não pedi nada, só pedi um tratamento institucional correto. Os líderes sabem das minhas conversas com o governo. O que há é uma busca clara do governo e com a minha ajuda.”

O presidente da Câmara dos Deputados disse que “na conversa com Lula, eu pedi respeito de aliados do governo” e que “não pediu a cabeça de ninguém”, sobre especulações em relação ao pedido de demissão de o ministro dos Transportes, Renan Filho, e em referência aos ataques feitos pelo senador Renan Calheiros (MDB-AL), que chamou o deputado de caloteiro e disse que Lira desvia dinheiro público e bate em mulher.

“Pedi respeito e moderação em relação a acusações. Eu sou atacado nas redes sociais e estou acostumado”, disse Lira.

Lira afirmou que “em todas as matérias importantes”, segue como era feito no governo anterior, com quem tinha uma “uma relação de respeito”.

A partir das lições deixadas pelo embate entre a Câmara e o governo ontem, Lira disse que “a base pede reciprocidade”. “As pautas são variadas e eu sou a caixa de ressonância do que os partidos pedem”.

Com relação à decisão do ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), de liberar para julgamento um recurso da sua defesa contra denúncia oferecida pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por corrupção passiva, Lira comentou: “nossa decisão já vem pedindo justa causa, fatos novos estão sendo geradas, acredito que será feita justiça.”

Em relação à operação da Polícia Federal contra um assessor, o presidente da Câmara dos Deputados disse que não se sente atingido. “Eu não vou comer essa corda, vou me ater a receber informações mais precisas, e cada um é responsável pelo seu CPF nesta terra e neste país, disse Lira.

“Eu não posso comentar. É processo antigo, que tramita no TCU. Não posso emitir juízo de valor e não tenho absolutamente nada a ver com o que está acontecendo.”

O assessor da liderança do PP na Câmara dos Deputados, Luciano Ferreira Cavalcante é alvo de uma investigação da PF que apura fraude em licitação para compra de kits de robóticas para escolas em mais de 40 municípios de Alagoas entre 2019 e 2022. Segundo a corporação, o grupo articulou um esquema em que uma empresa vencia as licitações e desviou cerca de R$ 8 milhões.