Precisamos errar “do lado de fazer muito”, diz Schnabel do BCE

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Sede do Banco Central Europeu (BCE), em Frankfurt. Foto: Divulgação/ BCE

São Paulo – Isabel Schnabel, membro do Conselho Executivo do Banco Central Europeu (BCE), instou nesta segunda-feira (19) as autoridades a adotarem medidas decisivas para conter o aumento dos custos dos empréstimos. Schnabel ressaltou a importância de permanecerem dependentes de dados e se inclinarem para ações mais assertivas para combater a inflação.

“Precisamos permanecer altamente dependentes de dados e errar do lado de fazer muito, em vez de fazer pouco”, afirmou ela durante um discurso na conferência do Grupo Euro50 em Luxemburgo.

No último ano, o BCE já elevou as taxas de juros em quatro pontos percentuais no total, visando conter um aumento histórico da inflação. No entanto, as novas previsões da instituição indicam que o crescimento dos preços deve exceder a meta de 2% até 2025, o que leva o BCE a considerar aumentos adicionais nas taxas já em julho.

“Os riscos de uma desancoragem das expectativas de inflação e uma transmissão mais fraca da política monetária sugerem que há um limite para quanto tempo a inflação pode ficar acima da nossa meta de 2%”, acrescentou Schnabel.

Segundo Schnabel, os custos de proteger a economia dos riscos inflacionários são relativamente pequenos se comparados às consequências de uma reação tardia. Ela argumentou que é mais vantajoso agir preventivamente para evitar uma inflação arraigada, que exigiria ações mais drásticas posteriormente.

“É muito caro reagir apenas depois que os riscos de inflação se materializaram, pois isso pode desestabilizar as expectativas de inflação e, portanto, exigir uma contração mais acentuada na produção para restaurar a estabilidade de preços”, disse ela.

A conservadora do BCE também mencionou uma recomendação recente do Fundo Monetário Internacional (FMI) que apoia uma postura de política monetária mais rígida em face da incerteza sobre a persistência da inflação.

“O FMI emitiu recentemente uma recomendação clara: se a persistência da inflação for incerta, as considerações de gerenciamento de risco falam a favor de uma postura de política monetária mais rígida”, ressaltou Schnabel.

Schnabel concluiu enfatizando a necessidade de continuar aumentando as taxas de juros até que evidências convincentes demonstrem que a evolução da inflação subjacente esteja alinhada com o retorno da inflação nominal à meta de 2% do BCE.

“Portanto, precisamos continuar aumentando as taxas de juros até vermos evidências convincentes de que a evolução da inflação subjacente é consistente com um retorno da inflação nominal à nossa meta de médio prazo de 2% de maneira sustentada e oportuna”, afirmou ela.