Powell diz não ver possibilidade de cortes nas taxas de juros do Fed neste ano

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O presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell / Foto: Fed

São Paulo – O presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell, descartou a possibilidade de cortes na taxa básica de juros dos Estados Unidos neste ano.

No entanto, ele afirmou que o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) não irá aguardar número inflacionários a 2% para afrouxar a política monetária, lembrando que alguns membros do Comitê enxergam cortes ano que vem.

“Não acho que vamos cortar taxas básicas de juros neste ano”, afirmou Powell em coletiva de imprensa após a decisão do Fomc de aumentar a taxa em 0,25 ponto percentual (pp) para a faixa entre 5,25% e 5,5%.

De acordo com ele, “alguns membros do Comitê escreveram em suas previsões na última reunião que enxergam cortes ano que vem”. “Pode ser que façamos cortes mas só veremos isso daqui um ano”, destacou.

MOMENTO CERTO

Powell, no entanto, afirmou que o banco central não esperaria pelos dados de inflação chegarem a 2% para realizar o afrouxamento. “Isso seria apertar além da conta”, disse ele.

“Basta vermos a inflação em um caminho de queda sustentável para sairmos do campo restritivo da política monetária. A ideia é começar a cortar bem antes da inflação chegar a esse nível, na verdade”, explicou.

Powell acrescentou que não exerganenhum dos indicadores inflacionários como índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) ou o índice PCE a 2% antes de 2025.

PRÓXIMAS REUNIÕES

Sobre as próximas reuniões, o presidente do Fed afirma que as decisões serão feitas somente em suas datas. “Não decidimos nada sobre a reunião de setembro hoje”, afirmou ele.

Destacando que cerca de oito semanas se estendem antes da próxima decisão de política monetária, Powell relembrou que dois relatórios de emprego e diversos números da inflação devem ser publicados até lá.

“O número do CPI de junho veio em linha com as expectativas e indica uma deflação mas é apenas um dado, precisamos ver mais”, afirmou. “Ainda há um longo caminho pela frente”, disse ele.

RECESSÃO E SOFT LANDING

O presidente do Fed também explicou que não mira em uma recessão no país. “O mercado de trabalho não enfraqueceu muito desde o início de nossa campanha de aperto e isso é bom. Estamos vendo uma diminuição no número de pessoas se demitindo e aumento de participação de mercado, o que já indica um bom caminho”, afirmou.

Mas ele relembrou que dados históricos tendem a apontar uma moderação na situação empregatícia do país à medida que a inflação cede. “Nossa ideia é reequilibrar a oferta e demanda no mercado de trabalho”, explicou.

Powell disse que a equipe do Fed, que age de forma independente do Fomc, não prevê mais uma recessão, o que pode significar que há “um caminho para um soft landing”, se referindo ao termo designado para uma queda inflacionária sem grandes custos à economia.