Política de preços da Petrobras buscará estabilidade, diz Jean Paul Prates

945
Foto: Divulgação/Petrobras

São Paulo, 12 de maio de 2023 – O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, em entrevista a jornalistas na tarde desta sexta-feira, disse que na semana que vem, irá falar de preços. “Não darei ‘spoiler’ da data, senão não falaremos de mais nada aqui”, ao responder a mudança na política de preços.

Sobre o assunto, Prates disse que a reformulação da política comercial da Petrobras terá como critério “estabilidade versus volatilidade e atrabilidade”. “Não vamos precisar viver novamente 18 reajustes em um ano. A “paridade internacional” não existe. Não vamos perder a referência com o mercado internacional. Não vamos perder clientes. Perdemos o contato com o distribuidor final ao vender a BR Distribuidora. Mas não vamos abdicar vantagens de ter refino nacional. E, por fim, vamos anunciar alguns reajustes na semana que vem, mas, como já disse não vou adiantar.”

O executivo também destacou a queda nos preços do diesel (-23%) e da gasolina (-4%) nos últimos meses.

Prates disse que, a partir de agora, a companhia coloca seus trabalhadores em primeiro lugar, assim como os planos de construção de plataformas e revitalização do campo de Marlim terão protagonismo nos investimentos da companhia.

O diretor de engenharia Carlos Travassos também buscou reforçar que a Petrobras terá uma política de conteúdo local para fortalecer uma indústria e a companhia. “A Petrobras quer, a sociedade, os trabalhadores, querem gerar riqueza e a retomada da indústria pesada no país.”

Em relação à revisão das vendas de ativos prevista no acordo com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), Prates disse que a Petrobras, naquela ocasião, “se voluntariou a vender oito refinarias e agora, sob nova direção, quer reconsiderar e rever os pressupostos utilizados na avaliação.”

Sergio Caetano Leite, CFO da Petrobras, disse que se a proposta sobre a Braskem vier a se tornar firme, poderá avaliar e que as notícias sobre o assunto têm sido “alarmantes” e “especulativas” e que a proposta feita até agora foi “não vinculante”. A Braskem informou, nesta semana, que recebeu informações complementares sobre oferta não vinculante de aquisição da participação da controladora Novonor (ex-Oderecht) na companhia, feita pela Apollo e Adnoc. A proposta depende de avaliação e negociação com a Petrobras, que também acionista controladora da Braskem.

Em relação ao anúncio de possível implementação de um programa de recompra de ações e o resultado da revisão do planejamento estratégico, informado pela companhia em fato relevante nessa quinta-feira, o CFO disse que a decisão pode acontecer até o fim de julho.

Segundo Prates, a revisão do planejamento estratégico da companhia a ser anunciado em julho pode representar um aumento do capex. “Isso significa que, com a entrada da empresa na transições energética, vamos propor ao acionista a entrada em uma nova empresa, um trade-off, ou seja, ressignificar, em muitas décadas, vai deixar de produzir como produz hoje e passar a produzir de uma nova forma.”

Sobre as exigências de licenciamento do Ibama da exploração na Margem Equatorial, Prates disse que conversou com a ministra Marina Silva e que conversou “de ambientalista para ambientalista”, negando rumores sobre um embate político entre eles, e que a decisão de aprovação ou não da exploração “será do estado brasileiro”. “No passado, em algum momento, o estado brasileiro licitou aquela região. Houve mudanças e agora existem novas exigências, que serão respeitadas. É uma nova fronteira que o país escolhe se quer explorar, já temos uma sonda instalada lá, mas o estado que vai decidir.”

Choque de oferta de gás

Maurício Tolmasquim, da nova diretoria de Transição Energética e Sustentabilidade, disse que a Petrobras vai avaliar novos posicionamentos comerciais para a ampliação da oferta de gás, reiterando a informação sobre o choque de oferta de gás e os investimentos da companhia , de R$ 5,2 bilhões, em três projetos já anunciados – Rota 3, BMC33 operado pela Equinor e os projetos de Sergipe, além de R$ 6 bilhões em exploração de óleo e gás. “O investimento no BMC33 se encaixa no choque de oferta de gás, assim como na Rota 3, para trazer gás do Pré-Sal. Esses investimentos vão permitir à Petrobras ofertar quase 50 metros cúblicos de gás, um volume superior ao do total ofertado por todo o mercado no País”, explicou o diretor.

Outro plano serão os processos de chamada pública, para contrato de fornecimento em 2024, para atuar com garantia de entrega. “Pretendemos manter o alto nível de 100% de confiabilidade de entrega, por via competitiva. Também vamos avaliar a entrada, a decidir, em leilões de energia termelétrica”, disse Tolmasquim, que considera essa fonte essencial para atuar como reserva de energia no País.

O diretor reiterou que a Petrobras buscará novas parcerias como as que anunciou com Shell, China Energy e Equinor.

“A Petrobras vai entrar de cabeça na descarbonização de seus produtos e processos. Já reduzimos em 55% a intensidade de reduções de metano”, garantiu Tolmasquim.

Jean Paul Prates também disse que a Petrobras investirá em produtos que reduzam emissões de carbono, como o diesel com teor renovável e um novo tipo de asfalto.

“A Petrobras teve recorde de vendas de diesel S10, que representaram 63% das vendas do combustível da companhia. A companhia também vendeu 514 mil toneladas de asfalto, outro recorde, o maior volume desde 2014”, disse Claudio Schlosser, Diretor Executivo de Logística, Comercialização e Mercados.

A diretora de Assuntos Corporativos, Clarice Coppetti, disse que, após concluir o processo de transição de comando da companhia, a Petrobras dará início ao processo de “descomissionamento verde de plataformas”, que “faz parte do ciclo de produção, com controle forte de reciclagem e práticas ESG (sigla em inglês para ambiental, social e de governança)”, explicou.

O aprimoramento de controles para identificar problemas internos a ser realizado pela Petrobras, segundo o novo diretor de Governança e Conformidade, Mário Spinelli, terá o cuidado de não promover “a cultura do medo”. Ele disse que a empresa também quer reforçar a sua transparência.

Cia quer ampliar negócios no Centro-Oeste do Brasil

Na primeira teleconferência de resultados realizada com a nova diretoria executiva da Petrobras, realizada na manhã desta sexta-feira, foram destacadas as iniciativas em exploração e produção, transição energética e estratégia comercial da empresa. A Petrobras disse que quer crescer no Centro-Oeste do Brasil e exportar para mais países.

“Mercado passou a ser parte do nome dessa diretoria. Reforçamos nossa atuação no Centro-Oeste, que é a que deve crescer mais nos próximos anos”, disse o diretor Claudio Schlosser, Diretor Executivo de Logística, Comercialização e Mercados.

Em relação à política de preços da Petrobras, Schlosser disse que a Petrobras seguirá a mesma estratégia que é adotada por diversas empresas no mundo inteiro e que o principal parâmetro será a geração de valor para a companhia e seus acionistas, passando pela ampliação da capaicdade produtiva de suas refinarias e busca de novos mercados. “Não perderemos vendas no mercado interno”, destacou.

Ele disse que a redução de 5% na venda de derivados no mercado interno no 1T23 refletiu o consumo mais fraco e o desinvestimento na Reman, que respondia por parcela relevante da produção. “Por outro lado, no período, a gasolina se mostrou mais competitiva que o etanol”, comentou o diretor.

Em relação ao fluxo de exportação de petróleo, o principal destino no 1T23 foi a China, mas a companhia está buscando novos mercados, sem dar mais detalhes.

Carlos Travassos, diretor de Engenharia, Tecnologia e Inovação, que respondeu sobre a área de Exploração e Produção no lugar do atual diretor da área, Joelson Falcão Mendes, que estava afastado por motivo de saúde, disse que a Petrobras não prevê novas paradas programadas para os próximos meses e fator de utilização elevado nos próximos meses, após concluir os investimentos de R$ 1,2 bilhão na manutenção de 800 grandes equipamentos.

“A disponibilidade operacional de 96,5%, de 94,7% no 1T22, mostra que as nossas refinarias estão disponíoveis para operar e processar petróleo e GLP.”

Apesar das paradas, a Petrobras considera que 1,652 milhão de derivados no 1T23 um bom nível de produção.

William França, diretor de processos industriais e produtos, disse que há potencial ampliação da capacidade de refino com a modernização das refinarias. “Temos projetos que, com o revamp das refinarias e sem a necessidade de greenfield, temos duas Reducs novas de potencial de ampliação”, comentou o diretor.

A Reduc é a Refinaria Duque de Caxias, na Baixada Fluminense (RJ), com capacidade instalada para 239.000 bbld (38.000 m3/d), responsável por 80% da produção de lubrificantes e pelo maior processamento de gás natural do Brasil, segundo a Petrobras.

A Petrobras atualizou o cronograma de entrada em operação dos projetos previstos no Plano Estratégico 2023-2027, com a entrada em operação de dois sistemas (Itapu P-71 e Marlim 2, com o navio Anna Nery) e três em contratação. A data de entrada em operação do Projeto BM-C-33 foi ajustada para 2028. E até 2024, devem entrar em operação a revitalização de Marlim 1, Mero 2 e Mero 3.

A Petrobras disse que espera concluir em 2024 a obra de ampliação e modernização do Rota 3 e a ampliação da capacidade da Refinaria Abreu e Lima(RNEST). O cronograma anunciado pela companhia na apresentação prevê a entrada em operação do projeto integrado Rota 3 no ano que vem, após a retomada das obras para finalização da Unidade de Processamento de Gás Natural do Polo Gaslub assinada no mês passado. Na Rnest, a obra prevê a modernização e ampliação em 15 mbpd da atual capacidade de 115 mbpd do Trem 1.

Maurício Tolmasquim, Diretor Executivo de Transição Energética e Sustentabilidade, disse que a Petrobras busca novas parcerias além da anunciada com a Equinor em energia eólica no mar (offshore) e que as parcerias são uma forma de compartilhar experiências e ganhos de sinergias. Ele também ressaltou que, embora a companhia esteja avançando nessa área, ela ainda precisa de avanços regulatórios e ainda está bem inicial.

Em relação o desempenho do 1T23, Tolmasquim disse que houve queda de despacho das termelétricas e isso fez a Petrobras reduzir a importação de GNL em um momento adverso deste mercado.

VENDA DE ATIVOS E DIVIDENDOS

Em teleconferência de resultados, o diretor executivo Financeiro e de Relacionamento com Investidores, Sérgio Caetano Leite, disse que a Petrobras vai honrar os contratos de venda de ativos assinados, mas que irá reavaliar aqueles que ainda não foram assinados. Entre os contratos que já haviam sido assinados, a Petrobras concluiu a venda dos Campos de Albacora Leste (RJ) e dos campos terrestres P.Norte Capixaba (ES).

Em relação a distribuição de dividendos, Leite apenas disse que “o processo de reavaliação do pagamento de dividendos passa pelas esferas de governança da companhia e que o objetivo é que a mudança traga benefícios para a empresa e seus acionistas.” Ele disse que o processo está em andamento e não deu prazos para a conclusão, assim como a proposta de recompra de ações anunciada ontem na aprovação de pagamento de dividendos do 1T23.

O novo Diretor Executivo de Governança e Conformidade, Mário Spinelli, disse que a Petrobras buscará fortalecer os controles em sua governança para que a empresa não perca a sua agilidade na tomada de decisões. “Vamos aprimorar a área de risco e compliance, prevenção de combate ao assédio, que a cia já tem mais que tem sido mais percebida pela sociedade e pode aprimorar.”