Plano de Transição Ecológica “pode ser grande marca do governo”, diz Haddad

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Ministro da Fazenda Foto: José Cruz/ Agência Brasil

São Paulo – Em uma entrevista ao podcast “O Assunto”, do G1, nesta segunda-feira (10), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), discutiu os principais aspectos do Plano de Transição Ecológica, que ele considera ser uma das grandes marcas do governo Lula.

“Nos bastidores aqui do Ministério da Fazenda tinha uma estrutura que estava trabalhando em silêncio para mapear todas as oportunidades que o Brasil tem como vantagens competitivas em relação ao mundo. Para modernizar a nossa infraestrutura produtiva. Então, isso vale para a infraestrutura, para a geração de energia limpa, para a atração de investimentos estrangeiros que querem produzir produtos verdes e transformar isso numa marca do Brasil”, disse o ministro.

Segundo Haddad, o plano de transição ecológica abrange mais de 100 ações que serão implementadas ao longo de quatro anos. Ele enfatizou a importância dessas ações abrangentes e mencionou algumas delas, como o crédito de carbono, a reforma tributária e a exploração de terras raras. “É um mapeamento muito amplo das oportunidades”, acrescentou.

“Importante entregar ao longo do mandato do presidente essas ações que vão desde leis que vão ser encaminhadas a partir de agosto, como a Lei de Crédito de Carbono, até a infraestrutura legal que desburocratiza investimentos verdes”, explicou Haddad.

O ministro confirmou que o plano está sendo validado junto ao presidente Lula, buscando seu apoio para as iniciativas propostas. Além disso, ele revelou que se encontrará com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD), na manhã de terça-feira (11) a, para discutir a tramitação da reforma tributária na Casa.

Em relação à proposta de criação de um novo imposto que unifique as taxações federais, estaduais e municipais, Haddad esclareceu que o objetivo não é simplesmente aumentar a arrecadação, mas promover o crescimento econômico e harmonizar o país. “Nosso objetivo não é aumentar imposto, é melhorar a economia, porque o crescimento econômico é que tem que gerar uma maior arrecadação e não criação de tributo aumento de alíquota, não é isso”, afirmou o ministro.

Haddad também ressaltou a importância de buscar a harmonização entre os poderes, incluindo o Congresso, o Judiciário e, possivelmente, o Banco Central. Ele destacou que essa cooperação é essencial para alcançar os resultados necessários para atender às demandas da população. “A gente está procurando harmonizar os poderes. Nós queremos estamos conseguindo. Não é? Sensibilizar Congresso, Judiciário e agora, quem sabe, a partir de agosto, Banco Central (BC), para buscar os resultados que a população tanto precisa”, explicou o ministro.

Em relação ao atual clima político, Haddad afirmou que as tensões diminuíram. “O amigo e o inimigo. O fogo diminuiu. Eu ‘tô’ me sentindo menos na frigideira do que eu estava três meses atrás. Eu tô há 23 anos nessa vida. Eu estou pouco habituado a viver altos e baixos sem me impressionar muito. Eu sei que o alto não é tão alto quanto parece, que o baixo não é tão baixo quanto parece”, pontuou Haddad.

Ao comentar a relação entre o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP), e ele mesmo, que resultou em acordos favoráveis para o governo nas últimas semanas, o ministro afirmou que faz parte da política conversar com todos os chefes de setores em busca de bons termos para os acordos do governo. “Me dou muito bem com o presidente do BC, não tenho nenhum problema com ele, muito pelo contrário. Mas eu acho, sinceramente, que isso é a volta da política com P maiúsculo, para produzir os melhores resultados. Quando ela não produz os melhores resultados, ela está sendo mal feita”, explicou Haddad.

Por fim, Haddad destacou que o Brasil passou por uma década trágica em termos econômicos e que isso será objeto de estudos nos próximos anos. Ele expressou a esperança de que a década de 2020 inaugure um novo ciclo para o país, com um crescimento econômico mais robusto. “Nós não podemos voltar a continuar crescendo 1% em média, que foi o que aconteceu na última década. Foi uma década trágica na história brasileira. Espero que essa década tenha ficado para trás e que 2023 inaugure um novo ciclo”, concluiu o ministro.