Petrobras reafirma política atual de preços e avalia novos dividendos em meio a falas de Bolsonaro

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Foto: Divulgação/Petrobras

São Paulo – O diretor de comercialização e logística da Petrobras, Claudio Mastella, reiterou a manutenção da política atual de preços de combustíveis da estatal e sua independência, apesar de ser econômico nas respostas a analistas durante a videoconferência sobre os resultados da empresa.
As perguntas sobre preços foram algumas das mais recorrentes depois que o presidente Jair Bolsonaro, em live ontem, disse que a Petrobras tem de ser uma empresa que dê um lucro não muito alto, defendendo ainda mudanças na política de preços dos combustíveis. Uma greve de caminhoneiros está marcada para o dia 1 de novembro diante dos preços mais elevados do diesel.
“Seguimos com compromisso com a nossa política de forma independente e buscando evitar a volatilidade, e sempre contribuímos quando requisitados pelo governo para discutir sobre a questão”, disse.
Em meio a frequentes declarações de Bolsonaro sobre a estatal, inclusive afirmando que avalia a sua privatização, o presidente da companhia, o general Joaquim Silva e Luna, também destacou que a estatal “não persegue o lucro pelo lucro” e procura dar retorno à sociedade por meio de ferramentas como a distribuição de dividendos para acionistas.
Luna fez um discurso no início da videoconferência e voltou a falar ao seu final, mas não respondeu diretamente a perguntas dos analistas, o que tem sido feito pelos diretores da estatal desde o início da sua gestão.
RISCOS DE DESABASTECIMENTO
Após uma demanda de combustíveis em cerca de 20% acima do esperado, o que levou a temores de que a Petrobras não consiga atender seus pedidos e de que ocorra um desabastecimento no mercado brasileiro em novembro, o diretor de comercialização também disse que outras empresas também têm condições de atender essa demanda, o que deve evitar um desabastecimento.
Segundo Mastella, a companhia segue cumprindo seus contratos e, após essa demanda adicional, não vê mais riscos de uma “demanda anormal”.
“A Petrobras cumpre seus contratos integralmente, mas teve demanda extra em 20% em diesel e gasolina, o que não quer dizer que o mercado brasileiro ficará desabastecido. Há importadores e outras companhias que têm capacidade de atender demandas adicionais”, afirmou.
Em 19 de outubro, a Petrobras admitiu essa dificuldade em atender a demanda de novembro, após associações de distribuidores de combustíveis e postos afirmarem que receberam avisos de cortes em pedidos e apontarem riscos de desabastecimento.
POLÍTICA DE DIVIDENDOS
Após ter anunciado o pagamento de R$ 31,8 bilhões aos acionistas ontem, em mais uma antecipação de dividendos, a Petrobras afirmou que pode fazer um novo pagamento adicional de proventos e que estuda mudar a periodicidade da remuneração aos acionistas prevista na sua política atual.
“Estamos atingindo a nossa meta de endividamento e a depender dos resultados pode ter espaço para uma contribuição adicional. O compromisso é sempre retornar o máximo possível de resultados, mas sem comprometer a sustentabilidade da companhia”, disse o diretor financeiro e de relações com investidores da Petrobras, Rodrigo Araujo Alves, ao ser questionado em videoconferência de analistas dos resultados da companhia.
Alves destacou que a estatal atingiu antes do esperado a meta de reduzir sua dívida bruta para abaixo de US$ 60 bilhões no terceiro trimestre, o que era esperado apenas para o fim de 2022. Segundo o diretor, isso também deixa a Petrobras mais competitiva junto a seus pares no exterior e com maior capacidade de investimentos.
O executivo ainda disse que estão sendo avaliadas mudanças na política atual de pagamento de dividendos. “Temos estudado a questão da periodicidade de pagamento de dividendos. Vamos seguir a política atual por enquanto, mas ter periodicidade mais frequente é relevante, contribuiria para o caixa, isso está no radar a partir de 2022”, explicou.
NOVO PLANO ESTRATÉGICO
Diante da redução da sua dívida, Alves ainda revelou que a empresa deve elevar o nível de investimentos em seu novo planejamento estratégico, que deve ser divulgado no fim de novembro ou no início de dezembro.
“No plano estratégico a gente tenta olhar com lente de longo prazo e ter projetos resilientes, considerando cenários mais desafiadores para o preço do petróleo. Em termos de investimentos, esperamos aumento do nível de investimentos, mas sempre com foco em ativos resilientes”, disse.