Opep corta previsão de demanda global de petróleo devido a altos preços

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Foto: Carlo Winkelmann/ freeimages.com

São Paulo – O aumento dos preços de combustível provocado pela invasão da Ucrânia pela Rússia afetará fortemente a economia global e pesará sobre a demanda por petróleo, afirmou a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), em seu relatório mensal.
O cartel cortou em 410 mil barris por dia (bpd) sua previsão de demanda global para 2022, que agora está em 100,5 milhões de bpd. O apetite deve crescer em 3,67 milhões bpd em relação a 2021.
A guerra e a enxurrada de sanções que atingiram a Rússia em resposta à invasão desencadearam a pior crise de abastecimento do mercado de petróleo em décadas, afirma o grupo.
O preço do barril de petróleo subiu acima de US$ 100, enquanto os preços de outras commodities produzidas na Rússia e na Ucrânia também aumentaram, pressionando as economias que já enfrentam taxas de inflação crescentes.
A Opep cortou suas previsões para a produção russa este ano em 530 mil bpd para 10,8 milhões de bpd, que permanece um pouco acima da produção do ano passado, que foi de 10,59 milhões. A Opep elevou suas previsões de produção dos Estados Unidos em 261 mil bpd para 17,75 milhões de bpd.
No total, a produção de combustível de todos os países exceto os membros da Opep foi cortado em 330 mil bpd para 66,26 milhões de bpd. Isso significa um crescimento de 2,7 milhões de bpd em relação ao ano passado.
A Opep reduziu suas previsões de crescimento econômico global para o ano para 3,9%, de uma avaliação anterior de 4,2%, já que as economias devem sofrer com o peso dos altos preços das commodities.
A Opep disse que suas previsões supõem que a guerra não vai aumentar ainda mais e que o conflito deve diminuir no segundo semestre do ano, mas que os danos à economia global seriam consideravelmente piores se a guerra se estender até junho e além. Nesse cenário, o impacto no crescimento global pode ser superior a 0,5%, disse a Opep.
As sanções ocidentais contra Moscou colocaram em risco milhões de barris de petróleo do segundo maior exportador de petróleo do mundo.
Os Estados Unidos proibiram as importações de petróleo russo, enquanto outras nações disseram que as eliminariam gradualmente. Na Europa, os governos têm sido mais cautelosos. A Alemanha, em particular, disse que a dependência da Europa do fornecimento de energia russo torna o custo de uma proibição muito alto.
Ainda assim, muitos bancos, empresas de navegação e companhias petrolíferas ocidentais, com medo de se envolver em novas sanções e de uma reação pública, voluntariamente evitaram as commodities russas, deixando grande parte das exportações de petróleo da Rússia retidas.
Espera-se que a própria indústria petrolífera da Rússia tenha dificuldades. Os preços do petróleo bruto russo estão sendo vendidos com um desconto significativo em relação aos preços de referência globais. India e China continuam comprando petróleo russo, tentadas pelos preços baratos, mas não em um volume que equilibre as exportações perdidas da Rússia para outras partes do mundo.