ONS confirma que falhas em equipamentos de controle de tensão causaram apagão

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Foto: União Europeia (UE)

São Paulo – O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) divulgou ontem (9) de outubro, a nova edição do Relatório de Análise de Perturbação (RAP), relativo à ocorrência no Sistema Interligado Nacional (SIN) no dia 15 agosto deste ano, que confirma o resultado que apresentou aos agentes no dia 25 de setembro, que apontou que a principal causa raiz identificada no apagão foi a performance em campo dos equipamentos de controle de tensão de diversos parques eólicos e fotovoltaicos, no perímetro da Linha de Transmissão Quixadá-Fortaleza II, no Ceará.

Segundo o operador, esses dispositivos das usinas deveriam compensar automaticamente a queda de tensão decorrente da abertura da linha de transmissão, porém o desempenho no momento da ocorrência ficou aquém do previsto nos modelos matemáticos fornecidos pelos agentes e usados em simulações pelo ONS.

Na publicação, foram avaliadas 296 contribuições de 23 agentes, dos mais de cem envolvidos na ocorrência, recebidas entre os dias 25 de setembro e 2 de outubro. Os comentários à minuta que podem ter sido aceitos, aceitos parcialmente ou não aceitos estão disponíveis como anexo ao relatório. O trâmite faz parte do rito de elaboração do documento.

Caso alguma divergência ainda permaneça, o ONS irá apensar as divergências ao documento final, até o dia 17 de outubro, para fins de registro. Esta é a última etapa do processo.

O documento traz as providências a serem tomadas pelos 122 agentes, incluindo os geradores eólicos e fotovoltaicos. Ao todo, foram centenas de apontamentos que os agentes e o Operador terão de implementar até outubro de 2024. As providências vão desde ajustes em proteções, passando por soluções para problemas na comunicação com os agentes no momento da recomposição, até a validação dos modelos matemáticos de todos os geradores eólicos e fotovoltaicos, entre outras.

No RAP também estão elencadas providências que já foram tomadas. Entre elas, está a adaptação da base de dados oficial, pelo Operador, para representar a performance dos referidos parques eólicos e fotovoltaicos tal como observada em campo durante a perturbação, de modo a utilizá-la nos estudos de caráter operativo.

Além disso, o ONS também já elaborou e disponibilizou aos agentes proprietários de usinas eólicas e fotovoltaicas, relatório contendo os requisitos técnicos de Registradores Digitais de Perturbações (RDP) e para a instalação de Unidades de Medição de Fasores (PMU), assim como o guia para validação dos modelos matemáticos. Também foram implementados novos limites de intercâmbios e medidas operativas na região Nordeste, visando garantir a segurança operativa do SIN.

Segundo Luiz Carlos Ciocchi, diretor-geral do ONS, a análise técnica da ocorrência foi feita com o compromisso em pensar o futuro. “Temos a convicção de que o RAP é um documento que vai trazer importantes desdobramentos para o setor elétrico brasileiro. Estamos apontando recomendações que estão associadas à crescente transformação do setor de energia, em especial aquelas relacionadas à incorporação de fontes renováveis na matriz”, afirma o executivo.

O ONS reforça seu compromisso com a segurança e a confiabilidade do sistema elétrico brasileiro e continuará investindo na modernização de seus processos e ferramentas para cumprir sua missão de habilitar a evolução do setor em benefício da sociedade.

Próximos passos do RAP

O Relatório de Análise de Perturbação (RAP) é um documento cujo procedimento, metodologia e etapas do processo são regulados pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), e que envolve a participação de diversos profissionais do setor elétrico. Ele visa identificar a natureza e as causas de perturbações no sistema elétrico, definir ações para evitar sua recorrência e implementar medidas corretivas, se necessário. O RAP passa por várias etapas, incluindo a disponibilização de dados, reuniões com agentes, simulações e a elaboração da versão final.

Com a etapa da publicação dos comentários concluída, os agentes poderão em 5 dias úteis, solicitar a inclusão (como anexo) de divergências, se for o caso, que serão apensadas ao documento final, para fins de registro.

Sobre o evento de agosto de 2023

A perturbação ocorrida em agosto de 2023 causou a interrupção de parte do fornecimento de energia no Sistema Interligado Nacional (SIN) e afetou diversas regiões do país. O ONS atuou com dedicação para identificar as causas e implementar medidas imediatas para garantir a continuidade e a segurança do atendimento à carga. A recuperação da energia nas regiões afetadas foi bem-sucedida, demonstrando a eficácia das ações tomadas.