Níveis baixos de inflação e juros limitam ação do BCE, diz Lagarde

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A presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde. Foto: Divulgação/ BCE

São Paulo – O atual cenário de taxa de inflação e juros baixos reduz o escopo para o Banco Central Europeu (BCE) agir em momentos de desaceleração econômica, disse a presidente da instituição, Christine Lagarde, acrescentando que a economia segue crescendo moderadamente na eurozona.

“Esse ambiente de taxa de juros baixa e taxa de inflação baixa reduziu significativamente o escopo do BCE e de outros bancos centrais em todo o mundo para afrouxar a política monetária diante de uma crise econômica”, disse ela, em depoimento ao Comitê de Assuntos Econômicos e Monetários do Parlamento Europeu.

“Em linha com as nossas expectativas, a economia da zona do euro continua a crescer, embora ainda com um impulso modesto”, afirmou. “A economia doméstica permanece relativamente resiliente”, acrescentou ela, citando o avanço no consumo privado e melhores condições do mercado de trabalho, com desemprego baixo.

“No entanto, fatores globais pesam no crescimento da zona do euro. Certamente, há sinais preliminares de estabilização”, disse. Lagarde destacou que indicadores prospectivos estão mais otimistas, e as expectativas do índice dos gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) industrial aumentaram por cinco meses seguidos até janeiro, para seu nível mais alto em um ano e meio.

A presidente do BCE disse que incertezas globais permanecem elevadas, ainda que as relacionadas às tensões comerciais entre os Estados Unidos e a China tenham diminuído. “Outros riscos, no entanto, ainda persistem ou – quanto à incerteza em torno do impacto do coronavírus – são uma fonte renovada de preocupação”.

Por fim, ela disse que “o desempenho geral moderado do crescimento está atrasando o repasse dos aumentos de salários para os preços e a evolução da inflação permanece fraca”. O índice de preços ao consumidor dos países que compõem a zona do euro subiu 1,4% em janeiro, segundo ela em linha com as expectativas.

“A economia da zona do euro continua, portanto, exigindo apoio de nossa política monetária, que fornece um escudo contra os fatores contrários globais”, concluiu.