Não discutimos pausa e nem “pulo” nas altas das taxas, diz presidente do BCE

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A presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde / Foto: BCE

São Paulo – Após o Banco Central Europeu (BCE) anunciar um novo aumento nas taxas de juros nesta manhã, a presidente da instituição, Christine Lagarde, afirmou que a possibilidade de pausar ou “pular” as altas não foi considerada durante as discussões dos formuladores de política monetária.

“Em termos de pausar ou pular (…) não discutimos nada e não começamos a pensar nisso porque temos trabalho a fazer”, afirmou Lagarde a jornalistas nesta quinta-feira, em referência ao movimento do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) visto na véspera.

Durante a coletiva de imprensa do banco central, a dirigente destacou que o BCE está acompanhando os impactos nas instituições financeiras, nos empréstimos, nos volumes e nas taxas de juros, além de outros indicadores econômicos.

Lagarde descreveu a reunião de dois dias como “harmoniosa” e “aprofundada”, ressaltando que as decisões tomadas foram apoiadas por uma “larga maioria”. Ela enfatizou que o encontro foi uma oportunidade para analisar as novas previsões macroeconômicas divulgadas recentemente, o que levou ao aumento de 0,25 ponto percentual (pp) nas taxas básicas de juros.

“A inflação tem caído, mas continuamos a prever que ela continue elevada por tempo demais”, disse Lagarde. Ela relacionou a inflação elevada ao aumento dos custos trabalhistas, como os salários, e ao fato de muitas empresas conseguirem manter margens de lucro relativamente altas, especialmente em setores com desequilíbrio entre demanda e oferta.

A presidente do BCE deixou claro que o próximo mês trará mais um aumento nas taxas, indicando que elas ainda não estão no patamar necessário para garantir a estabilidade dos preços. “Não estamos no destino, ainda temos caminho para percorrer”, ressaltou, reconhecendo que é “muito provável” que os juros voltem a subir em julho.

Em relação às perspectivas de inflação, Lagarde afirmou que, sob os parâmetros atuais, uma taxa de 2,2% em 2025 “não é satisfatório e não é oportuno”. “É por isso que estamos tomando as decisões que estamos tomando hoje”, declarou. No comunicado, o BCE afirmou que as taxas serão mantidas nos níveis restritivos pelo tempo necessário para garantir que a inflação retorne à meta de 2%.

Finalmente, a autoridade monetária reforçou que o Conselho do BCE continuará a adotar uma abordagem fundamentada em dados econômicos para determinar o nível apropriado de restrição monetária e sua duração.