Mulheres sentem impacto desproporcional da inflação por trabalhos não remunerados, diz BofA

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Foto: ThisIsEngineering / Pexels

São Paulo – O Bank of America (BofA) aponta que as mulheres sentem impacto desproporcional da inflação por que gastam três vezes mais tempo em trabalhos de assistência não remunerados em todo o mundo. Por isso, o aumento dos custos com cuidados infantis pode mantê-las (ou afastá-las) da força de trabalho.

Apesar de notar um progresso econômico para as mulheres no ano passado, com redução da paridade de gênero em quatro anos, o BofA teme que a inflação pós-pandêmica possa desfazer parte do progresso social que ajudou a fechar essa lacuna, em relatório que analisa das ações com foco em ESG no âmbito corporativo global, em meio às celebrações do Dia Internacional da Mulher (8 de março).

As mulheres também podem ter menos probabilidade de obter aumentos salariais que acompanham a inflação: elas representam 75% dos setores de saúde e educação, que tiveram o segundo menor aumento salarial nominal entre os setores nos EUA em 2022, diz o relatório.

As mulheres também podem ter menos riqueza acumulada para aproveitar em tempos de crise, enquanto gastam mais.

O BofA destaca que empresas que oferecem benefícios como licença-paternidade remunerada, creche e trabalho flexível podem ajudar a “proteger” as carteiras dos funcionários, custear os custos e atrair e reter trabalhadores.

“As empresas (geralmente de setores da velha economia) que oferecem tais benefícios tendem a negociar com prêmios em relação às que não oferecem. Investir em Diversidade, Equidade e Inclusão (DEI) também pode ajudar a promover a diversidade de pensamento e inovação, cada vez mais importante à medida que a desaceleração do crescimento aumenta a aposta para evitar riscos, inovação e concorrência”, acrescenta o BofA.

Por regiões

O BofA revela que as empresas focadas na diversidade de gênero no conselho e outras áreas alcançaram consistentemente maior ROE e menor risco de ganhos nos anos subsequentes. Na América Latina, o Brasil introduziu uma lei voltada para a inclusão e retenção de mulheres no mercado de trabalho e apoio à paternidade em setembro de 2022; e propôs uma lei exigindo que as mulheres representem 30% dos conselhos de empresas estatais.

Entre as grandes empresas da União Europeia, 80% têm pelo menos 1/3 de seus assentos no conselho ocupados por mulheres, mais do que em qualquer outra região do mundo. Além disso, nos últimos quatro anos, nenhuma grande empresa teve um conselho totalmente masculino, mas, ao mesmo tempo, apenas cerca de 10% teve uma participação igual ou superior de mulheres no conselho, diz o BofA.

Entre os emissores de nossos índices de títulos europeus, aqueles com maior porcentagem de mulheres na diretoria tinham maior probabilidade de receber classificação BBB2 ou superior.

Na Ásia, as empresas com maior proporção de mulheres na gestão superaram aquelas com menor proporção em 26% em um período de 5 anos. Mas, enquanto 79% das empresas informam sobre o gênero de seus membros do conselho, apenas 13% fornecem uma discriminação de remuneração por gênero.

VAGAS PARA MULHERES

Apesar da Constituição Federal e a Consolidação das Leis de Trabalho (CLT) assegurarem que o empregador não pode adotar práticas discriminatórias, seja para admissão do profissional, ou para manutenção do emprego, as empresas insistem em usar o 8 de março e “metas ESG” para anunciar a criação de vagas exclusivas para mulheres.

De acordo com a Constituição Federal, é proibida a discriminação à cor, à idade, à opção sexual, e ao estado civil; à religião; violação à intimidade e à vida privada; sobre a admissão de trabalhador portador de deficiência; ao trabalho manual, técnico e intelectual; à sindicalizados e, por fim, à raça.

“No mês das mulheres, a Vivo reafirma seu compromisso com a diversidade e, para ampliar cada vez mais a presença de colaboradoras em seus times, abre 320 vagas exclusivas para mulheres, com atuação em várias áreas da companhia, em mais de 20 cidades”, disse a operadora de telefonia, em nota.

A empresa também divulga 50 oportunidades do projeto “Mulheres de Fibra”, criado em 2018, que tem o objetivo de “inserir mulheres em atividades que eram tradicionalmente desempenhadas por homens”, como técnicas de campo, com instalação e manutenção na casa do cliente.

Com metade do seu quadro de colaboradores composto por mulheres, a EcoRodovias coloca como meta chegar em 2030 com 50% das posições de liderança ocupadas por mulheres. Em 2020 elas eram 26%, atualmente já são 30% da liderança, diz a companhia.

Para isso, a empresa diz realizar programas de mentorias “tanto para mulheres impulsionarem suas carreiras quanto para líderes homens quebrarem barreiras e lançarem um novo olhar para as contratações, além de serem aliados no desenvolvimento e promoção das mulheres de suas equipes.”

A companhia está direcionando o Programa de Aceleração de Mulheres, composto por 30 vagas, para acelerar o desenvolvimento de mulheres nas posições de liderança que, além das mentorias dedicadas às profissionais com alto desempenho na organização, o programa contempla três encontros para desenvolvimento de habilidades interpessoais.