Mudanças na política de dividendos agradam investidores e ações operam em alta

663
Foto: Divulgação / Petrobras

São Paulo – As ações da Petrobras operam em forte alta nesta segunda-feira, após a divulgação da nova política de dividendos da empresa, na noite de sexta-feira, bem avaliada pelo analistas, mas sem grandes surpresas. Às 11h87 (horário de Brasília), os papéis PETR3 e PETR4 subiam 3,96% e 3,25%, a R$ 34,39 e R$ 30,74, respectivamente.

Na sexta-feira (28/7), o conselho de administração da Petrobras anunciou sua nova política de remuneração aos acionistas, confirmando a redução do percentual da distribuição mínima de fluxo de caixa livre, que passou de 60% para 45%, e a inclusão da possibilidade de recompra de ações. A nova regra também manteve alguns pontos como a distribuição trimestral, pagamento mínimo de US$ 4 bilhões, caso Brent médio acima de US$ 40 por barril e possibilidade de pagamentos acima do mínimo estabelecido.

Em decorrência dessa revisão, o colegiado também aprovou a revisão da Política de Divulgação de Ato ou Fato Relevante e de Negociação de Valores Mobiliários, cuja principal modificação foi a inclusão de possibilidade expressa da Petrobras poder lançar programas de recompra de ações, observadas a legislação e regulamentação vigentes.

A Petrobras justificou o aprimoramento da política à revisão dos elementos estratégicos para o Plano Estratégico 2024-2028, bem como da aprovação do direcionador de investimento de baixo carbono entre 6% e 15% do CAPEX total para os cinco primeiros anos do plano.

O Itaú BBA calcula que a nova política deverá implicar em um dividend yield para o 2T23 de 3,4%, o que é, segundo as estimativas de seus analistas, equivalente ao yield que deveriam esperar se a Petrobras adotasse a política média declarada das grandes petroleiras (que é algo em torno de 30% do fluxo de caixa operacional). “Além disso, a manutenção de pagamentos trimestrais e a ênfase aparentemente maior em dividendos em vez de recompras neste primeiro trimestre da política provavelmente serão bem-vindas pelos investidores”, comento o Itaú BBA, em relatório.

A análise também aponta que o rendimento de dividendos estimado implícito da nova política para o 2T23 (3,4%) ainda parece significativamente maior do que para as principais: na semana passada, Shell, Repsol e Total relataram dividendos e recompras do 2T23 de 2,6%, 2,6% e 1,4%, respectivamente. “Vale ressaltar que a mudança no critério de inclusão de investimentos na fórmula para considerar também participações societárias nas demais empresas pode ser um indício de que a empresa pretende expandir seu plano de investimentos de forma inorgânica, por meio de aquisições e parcerias, além de o crescimento orgânico por meio de projetos de capital”, avalia o Itaú BBA.

A Guide Investimentos avalia como principal aletração a redução de 60% para 45% da distribuição mínima de fluxo de caixa livre, ponto que deve ser bem recebido pelo mercado, na sua opinião. “A maior parte das projeções ficavam entre 30% e 40% além de algumas preverem dividendo payout entre 25% e 40%. Além disso, a nova regra adiciona a possibilidade de recompra de ações que nós acreditamos que sejam mínimas. O governo está a procura de novas fontes de receita para atingir suas metas fiscais e adicionar recompras dificultaria ainda mais seu trabalho. Por fim, a última alteração relevante foi a consideração de aquisições de participações societárias como CAPEX. Este é o ponto mais negativo da mudança, pois, caso a Petrobras faça aquisições relevantes como da Braskem ou Vibra, isso poderei zerar os dividendos de um trimestre”.

Por fim, a Guide considera que o anpuncio terá impacto neutro. “Do lado positivo, temos uma distribuição mínima de dividendos de 45% maior que o esperado. Contudo, do lado negativo, a mudança de consideração do CAPEX pode zerar algumas distribuições. A nova politica deve aumentar as projeções de dividendos dos analistas; muito embora, também aumente o risco de possíveis M&As acabar com a distribuição de alguns trimestres.”

A Ativa investimentos observa que a retirada do gatilho de endividamento bruto de US$ 65 bilhões para ativação da política de dividendos, bastando, agora, que o endividamento bruto esteja abaixo do máximo estipulado no planejamento estratégico, confere “maior flexibilidade à empresa que não precisará alterar a política caso atinja um maior nível de endividamento”, comenta.

“Com o mercado esperando um patamar de 40% do FCL, entendemos que os 45% devam ser bem recebidos pelos investidores. Ademais, manutenção do pagamento com relação à geração de caixa e trimestralidade nos agradaram”, finalizou a Ativa.