Moody’s descarta grandes disrupções pós-eleitorais no Brasil

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São Paulo, 13 de outubro de 2022 – A Moodys não espera grandes disrupções pós-eleitorais no Brasil, mas a incerteza persistente sobre as políticas pode prejudicar as perspectivas econômicas e financeiras do país. As empresas estatais continuarão economicamente viáveis; A Petrobras continua vulnerável à interferência política.

 

Em um novo relatório, o Moodys Investors Service explica as implicações de crédito para emissores de diferentes setores nas eleições presidenciais no Brasil. O cenário básico da Moodys não incorpora grandes interrupções pós-eleitorais. No entanto, independentemente do resultado eleitoral, a política monetária contracionista combinada com um crescimento modesto no próximo ano pode enfraquecer a acessibilidade da dívida brasileira e piorar a dinâmica da dívida do país.

 

“Vemos a desaceleração do impulso para as reformas estruturais que começaram em 2016 no Brasil e o risco de que essas reformas positivas para o crédito sejam revertidas após a eleição, o que pesaria na confiança dos investidores”, diz o vice-presidente sênior da Moodys, Gersan Zurita. “No entanto, esperamos amplas restrições fiscais do próximo governo e cumprimento do teto de gastos”, acrescenta.

 

No que diz respeito às empresas estatais (SOEs), a Moodys observa que qualquer um dos candidatos reconhecerá seu papel vital na economia do país e potenciais perdas financeiras para as partes interessadas decorrentes da intervenção política nas operações e na tomada de decisões dessas empresas. No entanto, a Moodys alerta que qualquer intervenção governamental adversa arriscaria prejudicar sua solidez financeira, com ramificações para o investimento e o crescimento futuro do Brasil.

 

Em relação à Petrobras, embora a empresa permaneça vulnerável a interferências políticas em sua estratégia de negócios e governança corporativa, suas defesas foram amparadas pelas leis de governança das SOE implementadas nos últimos anos, tornando a empresa menos suscetível a atos ilícitos. Em termos de estratégia, as visões dos candidatos para o futuro da empresa diferem acentuadamente.

 

O presidente Jair Bolsonaro privatizaria a Petrobras se reeleito. Seu oponente, Lula da Silva, provavelmente mudaria a estratégia de negócios da Petrobras para se concentrar na capacidade de refino e na autossuficiência de combustível, o que provavelmente geraria resultados negativos para o crédito.

 

Os investimentos em infraestrutura nos próximos quatro anos continuarão sendo uma prioridade do governo. A Moodys acredita que, caso seja reeleito, Bolsonaro continuará com sua política de atrair investidores privados para desenvolver projetos sob concessões públicas. Mas sob o governo Lula da Silva, uma mudança drástica na política de parceria público-privada é improvável. Finalmente, os bancos estatais sob a nova presidência de Lula da Silva provavelmente seriam direcionados a buscar uma agenda de desenvolvimento liderada pelo governo para aumentar o ritmo de crescimento econômico e aumentar a penetração do crédito. Por outro lado, se Bolsonaro permanecer no cargo, esses bancos provavelmente manterão suas estratégias existentes, o que significa que seus principais mandatos de políticas públicas e operações comerciais continuarão sendo as principais prioridades.

 

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