MERCADO AGORA: Veja um sumário dos negócios até o momento

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Foto de Lorenzo / Pexels

São Paulo – O Ibovespa chegou a cair mais de 1% com a pressão da Vale e siderúrgicas devido à queda do minério de ferro e a redução da produção de aço na China, mas desacelerou um pouco a retração.

Por volta das 13h30 (horário de Brasília), o Ibovespa operava em queda de 0,73%, aos 117.037,13 pontos. O volume financeiro do mercado era de aproximadamente R$ 16,5 bilhões. No mercado futuro, o contrato de Ibovespa com vencimento em agosto de 2021 apresentava recuo de 0,08%, aos 117.065 pontos.

Por aqui, o cenário político e fiscal ainda tem forte impacto no mercado acionário e hoje é dia de vencimento de opções do índice futuro em uma disputa entre comprados e vendidos . Os investidores aguardam a divulgação da ata do Federal Reserve (Fed, banco central norte-americano).

Para o economista Nicolas Borsoi, da Nova Futura Investimentos, o grande impacto no pregão de hoje é setorial. “A China está tentando reduzir a produção de aço e está afetando as empresas como a Vale e siderúrgicas”. Vale ressaltar que o minério teve queda expressiva no mercado externo.

O economista chamou a atenção para a curva de juros. “A nossa bolsa está sendo penalizada pela curva de juros, é um fator restrito ao Brasil, quando olhamos para fora não vemos uma alta de juros tão forte”.

Borsoi comentou que o cenário político e fiscal prejudica a nossa Bolsa e o adiamento ontem da reforma tributária que altera o Imposto Renda (IR) “mostrou que o governo está com dificuldade de passar a pauta de reformas no Congresso”. Ele ressaltou que grande parte do movimento de alta do Ibovespa foi “pautada na expectativa de que as reformas passariam no Congresso”.

Os papéis da Vale (VALE3) recuavam 2,59% com a queda do minério de ferro no exterior devido à queda da demanda de chapa de aço e a produção de automóvel diminui em 17% em agosto deste ano comparando com o mesmo período do ano passado, comentou um analista que não quis se identificar.

Para a economista Ariane Benedito, da CM Capital, a Bolsa deve abrir no negativo “com uma agenda econômica esvaziada por aqui, a cautela global generalizada e o cenário político doméstico demandando muita atenção”.

Em relação à ata do Fed, a economista Ariane comentou que a expectativa é para a manutenção do discurso dovish do banco central dos Estados Unidos, mas “pode trazer algum indício de quando começará a reduzir a compra de ativos”.

O analista Rafael Passos, da Ajax Capital, afirmou que o ambiente por aqui segue com pouca visibilidade diante das questões políticas e das temeridades fiscais. “No curto prazo, os movimentos podem continuar com viés negativo, que se somam à desaceleração da China e recente queda das bolsas norte-americanas”.

No entanto, Passos destacou que o cenário mais negativo pode “criar algumas oportunidades em ativos com horizonte de maior investimento”.

Por aqui, a votação da reforma tributária ainda não tem dada marcada após o adiamento de ontem com a falta de acordo entre lideranças partidárias, governadores e empresários. O ponto que gerou discussão foi a taxação de dividendos em 20%. O presidente da Câmara, Arthur Lira(PP-AL), afirmou que o tema da reforma tributária é complexo e não haverá consenso. “Esse não é um assunto fácil: mexe com finanças, tributos, com o sistema de taxação de grandes dividendos”.

O dólar, tanto à vista quanto no mercado futuro, terminou a sessão desta manhã em alta. Mais do que o anúncio da ata da reunião do comitê de política monetária do FED, que será divulgada às 15h, as tensões internas, tanto no aspecto político quanto fiscal, continuam contribuindo para a elevação da moeda norte-americana.

Por volta das 13h30, o dólar comercial registrava alta de 1,55%, negociado a R$ 5,3490 para venda. No mercado futuro, o contrato da moeda norte-americana com vencimento em agosto de 2021 apresentava avanço de 0,99%, cotado a R$ 5,358.

De acordo com o especialista em investimentos da Portofino, Thomás Gibertoni, “existe uma preocupação global com o crescimento e isso afeta os ativos de maior risco, que são os mercados emergentes”.

Não bastasse isso, os problemas domésticos parecem não arrefecer: “Temos sofrido mais que outros mercados emergentes. Com a implementação do novo auxílio, que não tem espaço para acontecer, vamos enfrentar um grande problema pela frente”, pontua Gibertoni. “Não se discute algo para solucionar o teto fiscal, mas sim para burlá-lo”, lamenta.

Para o estrategista de renda variável da Ouro Preto Investimentos, Bruno Komura, “o discurso do Fed não deve ter grandes surpresas, e os estímulos devem continuar por mais algum tempo”. Para Komura, a quarta-feira terá outro tom: “O começo de semana foi muito intenso, e agora a tendência é de menos volatilidade”, pontua.

Já no âmbito interno, o adiamento em uma semana da votação da reforma do imposto de renda na Câmara dos Deputados é mais um desdobramento da dificuldade do Planalto em dialogar com os demais Poderes. “Caso [a reforma] seja aprovada, será muito desidratada. O governo dá sinais de que não irá comprar essa briga”, disse. Komura, contudo, sublinha a questão política: “A briga entre os Poderes está muito mais latente do que a questão fiscal”.

As taxas dos contratos de juros futuros (DIs) operam em alta, acompanhando a apreciação do dólar em relação ao real em uma sessão na qual os ativos locais voltam a ser castigados pela reação dos investidores à persistente tensão política em Brasília, aos riscos fiscais e à deterioração das expectativas para a economia nacional.

Por volta das 13h30, o DI para janeiro de 2022 apresentava taxa de 6,725%, de 6,69% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 8,52%, de 8,425%; o DI para janeiro de 2025 ia a 9,79%, de 9,64% antes; e o DI para janeiro de 2027 tinha taxa de 10,20%, de 10,09%, na mesma comparação.