MERCADO AGORA: Veja um sumário dos negócios até o momento

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Gráfico

São Paulo – O Ibovespa cai mais de 1% e passa para os 117 mil pontos seguindo o movimento das bolsas internacionais devido à preocupação com a propagação da variante delta no mundo e em meio aos resultados mistos de indicadores norte-americanos.

Por volta das 13h30 (horário de Brasília), o Ibovespa operava em queda de 1,40%, aos 117.508,42 pontos. O volume financeiro do mercado era de aproximadamente R$ 16,3 bilhões. No mercado futuro, o contrato de Ibovespa com vencimento em agosto de 2021 apresentava recuo de 1,79%, aos 117.480 pontos.

Os investidores seguem cautelosos antes dos comentários do presidente do Federal Reserve (Fed, banco central norte-americano), hoje à tarde e à espera para a votação marcada para hoje da mudança da reforma do Imposto de Renda (IR), na Câmara dos Deputados. O mercado mantém apreensão em relação ao cenário político e fiscal no Brasil.

Segundo o analista sênior Luiz Henrique Wickert, da plataforma de investimentos sim;paul, a Bolsa chegou toca as mínimas acompanhando as bolsas em Nova York, que também foram para as mínimas no interdiário, mas “tem muitos temores internos da parte fiscal, política e a PEC dos precatório”

O analista sênior da plataforma de investimentos sim;paul chamou a atenção para a curva longa de juros que disparou para cima devido à política interna e explicou que “essa curva longa de juros têm impactado muito a nossa Bolsa e, principalmente nossas empresas de consumo”. O Banco Central (BC) afirmou que vai aumentar a os juros do País na próxima reunião do colegiado.

Segundo o Departamento do Comércio dos Estados Unidos, as vendas no varejo registraram queda de 1,1% em julho ante junho, já descontados os fatores sazonais. O resultado veio pior que os analistas esperavam, recuo de 0,2%. Já a produção industrial subiu 0,9% em julho em comparação com junho e estimativa do mercado era alta de 0,5%.

Para Rodrigo Friedrich, sócio da Renova Invest, será mais um dia difícil para o mercado brasileiro. “O movimento negativo só reverteria se os Estados Unidos nos livrassem com os dados econômicos bons e a fala de Powell contribuísse positivamente”.

Friedrich destacou que “o Ibovespa pode chegar entre hoje e amanhã nos 115 mil pontos. Ontem, o índice atingiu no interdiário a mínima de 118.683,65 pontos.

Ele comentou que não houve uma queda mais brusca na véspera porque no final do pregão, as ações da Vale (VALE 3) se recuperaram e fecharam no positivo. Na sessão de hoje, as ações da mineradora caíam 2,45%.

O pessimismo pesa na Ásia, EUA e Europa muito por conta da variante delta, o evento do Afeganistão também deixa uma tensão no mercado, disse o sócio da Renova Invest.  Com os problemas globais, ressaltou Friedrich, “os investidores estão saindo de ativos de risco e buscando proteções, por exemplo em ouro, que sobe há três dias consecutivos. Hoje o ouro tem alta de 0,25%.

Os analistas da Ajax Capital comentaram que no curto prazo, “os riscos seguem elevados com a crise institucional no Brasil e fragilidade fiscal pressionando os preços dos ativos”.

O foco dos investidores segue em Brasília com a votação do projeto da reforma do Imposto de Renda. O relator da proposta, Celso Sabino (PSDB-PA) alterou várias vezes o texto para poder complementar o setor empresarial e prefeitos e governadores.

O presidente do Fed participa hoje à tarde de um evento para estudantes, mas os investidores sempre estão atentos às suas falas. E por aqui, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, participa de uma palestra no Bradesco e os investidores também monitoram.

O dólar comercial terminou a sessão desta manhã em queda. Isso é efeito dos dados ruins vindos dos Estados Unidos e o recrudescimento da covid-19, e principalmente de fatores domésticos, como a votação do novo imposto de renda e as incertezas fiscais e políticas.

Por volta das 13h30, o dólar comercial registrava queda de 0,30%, negociado a R$ 5,2650 para venda. No mercado futuro, o contrato da moeda norte-americana com vencimento em agosto de 2021 apresentava avanço de 0,10%, cotado a R$ 5,275.

Para o analista da Guide Investimentos, Alejandro Ortiz, “não existe um consenso em torno da proposta do novo imposto de renda. Esse risco fiscal tende a neutralizar todos os benefícios trazidos pela política monetária do Banco Central. A taxa de câmbio não muda porque a política fiscal não deixa”.

O embate entre Executivo e Judiciário Além disso, o mercado internacional está em compasso de espera: “O ambiente externo é de risk-off, com aversão ao risco. Isso também se deve aos números ruins do varejo nos EUA e à questão regulatória chinesa, que divulgou uma série de guidelines para evitar a formação de práticas monopolísticas no setor de tecnologia, afetando ações de empresas como Alibaba”, pontua Ortiz.

As vendas no varejo dos Estados Unidos caíram 1,1% em julho ante junho, ante expectativa de redução de 0,2%. “A nova variante da Covid-19 pressiona muito o varejo nos Estados Unidos. Os dados, abaixo do esperado, enfraquecem o dólar no mercado”, disse o economista da Nova Futura Investimentos, Matheus Jaconeli.

No Brasil, o cenário político segue conturbado, em meio à expectativa de que o presidente Jair Bolsonaro peça ao Senado o afastamento dos ministros Luís Barroso e Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), mas Jaconeli enxerga sinais de redução na turbulência.

“Algumas sinalizações tanto do Barroso quanto do Bolsonaro dizendo que não veem risco para a estabilidade da democracia tiram um pouco a pressão política, que afeta bastante o câmbio”.

O economista também vê com bons olhos uma diminuição das alíquotas que afetam o mercado financeiro no novo imposto de renda – algo que está previsto para ser votado hoje na Câmara dos Deputados, a partir das 15h.

As taxas dos contratos de juros futuros (DIs) operam em alta, dando continuidade a uma inclinação da curva a termo provocada pela reação dos investidores à persistente tensão política em Brasília, aos riscos fiscais e à deterioração das expectativas para a economia nacional.

Por volta das 13h30, o DI para janeiro de 2022 apresentava taxa de 6,670%, de 6,635% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 8,43%, de 8,38%; o DI para janeiro de 2025 ia a 9,62%, de 9,53% antes; e o DI para janeiro de 2027 tinha taxa de 10,06%, de 9,95%, na mesma comparação.