MERCADO AGORA: Veja um sumário dos negócios até o momento

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Gráfico

São Paulo – A Bolsa voltou a operar com volatilidade entre altas e baixas devido às incertezas políticas e fiscais no Brasil. O recuo das commodities com a queda das importações  de cobre e minério de ferro e os temores em relação à variante delta puxa o índice para baixo, em contrapartida, a valorização dos bancos com  os juros mais altos tendem a empurrar o Ibovespa par cima.

Por volta das 13h30 (horário de Brasília), o Ibovespa operava em ligeira alta de 0,06%, aos 122.892,93 pontos. O volume financeiro do mercado era de aproximadamente R$ 12,2 bilhões. No mercado futuro, o contrato de Ibovespa com vencimento em agosto de 2021 apresentava pequeno recuo de 0,07%, aos 122.985 pontos.

Na visão de Vicente Matheus Zuffo, fundador e CIO da Chess Capital, “as manchetes  sobre o novo Bolsa Família estão gerando ruído e podem estar provocando a volatilidade”. Além disso, comentou  que de um lado as commodities estão sofrendo e de outro os bancos sobem contribuindo para a oscilação.

Para Caio Kaaan Eboli, sócio e diretor  operacional da mesa proprietária Axia Investing, a China mais uma vez derrubou o preço das commodities e contribuiu para a queda do Ibovespa. “Acredito que a Bolsa deva ficar trabalhando entre 121 mil pontos e 124 mil pontos e devendo romper um desses extremos para dar continuidade a sua tendência”.

Para Scott Hodgson, gestor da Galapagos, o mercado ainda deve ser impactado com a pressão fiscal por aqui, incertezas do Fed sobre o “tapering” [redução de estímulos], ataque regulatório na China e efeitos da variante delta, “contribuindo para uma volatilidade no mercado”.  Mas destacou que a divulgação de resultados de muitas empresas esta semana “dará  boa visibilidade do 3 trimestre e pode ser uma oportunidade para atuar em algumas ações específicas”.

O gestor da Galapagos comentou que as commodities caem devido às preocupações na China e no mundo com a variante delta. Na China, o minério fechou em queda de 3,1%. O petróleo nos Estados Unidos recuava quase 4%.

O analista Pedro Galdi, analista de investimentos da Mirae Asset, comentou que os ruídos políticos devem seguir no foco dos investidores e o Ibovespa “tende a acompanhar a fraqueza de seus pares no exterior, apesar de estar muito defasada”.

Para os analistas da Sul América Investimentos, o fator externo e as questões domésticas devem seguir dando direção aos ativos de risco. “A agenda fiscal deverá estar no foco dos investidores e com tantas incertezas, o Ibovespa deve permanecer sem impulso”, afirmam.

Por aqui, o presidente Jair Bolsonaro entregou nesta manhã a medida provisória (MP) que substituirá o Bolsa Família -o Auxílio-Brasil- e a Proposta de Emenda à Constituição (PEC)  dos Precatórios à Câmara dos Deputados. No radar dos investidores também seguem a reforma tributária, o Refis e a votação no plenário da Câmara sobre o voto impresso.

A manhã desta segunda foi marcada pela alta dó dólar. Uma das principais causas são as novas restrições de circulação de pessoas na China devido ao avanço da Covid-19 no país, e os dados sobre as exportações e importações chinesas que vieram abaixo do esperado. Além disso, os problemas da política brasileira continuam a afetar a surtir efeitos na economia.

Por volta das 13h30, o dólar comercial registrava alta de 0,93%, negociado a R$ 5,2850 para venda. No mercado futuro, o contrato da moeda norte-americana com vencimento em agosto de 2021 apresentava avanço de 1,0%, cotado a R$ 5,300.

Para o trader da Quantitas, Lucas Monteiro, “o mercado vem precificando mais os ruídos, principalmente no aspecto fiscal, seja na reforma tributária, o novo Bolsa Família ou nos precatórios”.

Na visão de Monteiro, o único modo de acalmar os ânimos é uma correção de rumo: “Temos uma tendência de piora e precisamos de algo para melhorar isso, como um sinal que a equipe econômica mantém a força que tinha no passado, com equilíbrio entre a parte econômica e política”, pontua.

“A surpresa negativa com os dados da balança comercial da China reforçou as preocupações dos investidores com os impactos da variante delta no processo de reabertura da economia, sobretudo nos países asiáticos. Os mercados acionários e os preços do petróleo recuam. O dólar, por sua vez, se fortalece ante as demais moedas”, disse o Bradesco em relatório matinal.

Do lado doméstico, o gestor de ações da Ouro Preto Investimentos, Bruno Komura, ressalta a tensão entre os Poderes como um elemento que “causa muita apreensão” entre os investidores, e aponta que se ela diminuir “o mercado irá ficar menos volátil”.

Essa pacificação pode acontecer após a votação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do voto impresso na Câmara dos Deputados, prevista para esta semana. O assunto foi rejeitado por uma comissão da casa, mas será levado ao plenário para encerrar o assunto de vez, segundo o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).

A pesada agenda política com riscos fiscais tem feito com que os investidores buscassem uma antecipação dos fatos e isso tem feito com que as taxas dos contratos futuros de juros (DI) subam na sessão. O ambiente externo mais avesso ao risco também ajuda para esse avanço nas taxas.

Por volta das 13h30, o DI para janeiro de 2022 apresentava taxa de 6,505%, de 6,485% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 8,205%, de 8,175; o DI para janeiro de 2025 ia a 9,14%, de 9,04% antes; e o DI para janeiro de 2027 tinha taxa de 9,50%, de 9,38%, na mesma comparação.