MERCADO AGORA: Veja um sumário dos negócios até o momento

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Gráfico

São Paulo – A Bolsa opera com bastante volatilidade em dia de vencimento de opções sobre ações na B3 e com a agenda vazia de indicadores locais e nos Estados Unidos. O setor corporativo está no radar dos investidores.

Por volta das 13h30 (horário de Brasília), o Ibovespa operava em queda de 0,18%, aos 127.818,88 pontos. O volume financeiro do mercado era de aproximadamente R$ 16,8 bilhões. No mercado futuro, o contrato de Ibovespa com vencimento em agosto de 2021 apresentava recuo de 0,57%, aos 128.560 pontos.

Na visão de Vicente Matheus Zuffo, fundador e CIO da Chess Capital, essa volatilidade está atribuída “ao exercício de opções e a volatilidade expressiva no exterior”, comenta. Ele afirma que “ainda o mercado reage à decisão do banco central norte-americano, na quarta-feira, mas não acredita que o aumento de juros venha logo”.

Para Zuffo, a votação da medida provisória (MP) que autoriza a privatização da Eletrobras, na véspera, pelo Senado, tem maior impacto nas empresas ligadas à energia. “Afeta mais o setor elétrico e a Eletrobras, em especial”, enfatiza.

A MP da Eletrobras aprovada por 42 votos a 37 pelos senadores apresenta vários “jabutis”- textos estranhos ao original- e voltará para a Câmara dos Deputados para nova votação, prevista para a próxima segunda-feira. A MP caduca na terça-feira, dia 22 de junho. “Essa aprovação foi apertada, mas acabou dando uma percepção para o mercado da força do governo e na capacidade de entregar uma votação tão difícil”, afirma Filipe Villegas, estrategista da Genial Investimentos. As ações da estatal (ELET3 e ELET4) sobem mais de 6,00%, depois de dispararem em 9,00%.

Os bancos, que têm um dos maiores pesos na Bolsa, influenciam para o recuo do índice. As ações do setor financeiro caem novamente. Itaú (ITUB 4) caíam 1,76%; Bradesco (BBDC3 e BBDC4) perdiam 0,84% e 1,14%, respectivamente, e Santander (SANB11) baixavam 1,26%.

Ainda no setor corporativo, a Petrobras protocolou na Comissão de Valores Imobiliários (CVM), ontem à noite, a oferta pública de ações da BR Distribuidora. O valor total de oferta pode chegar a R$ 11,5 bilhões. “Vejo positivo tanto para a Petrobras como para a BR Distribuidora, mas já estava sendo previsto pelo mercado”. Os papéis da estatal (PETR3 e PETR 4) caem mais de 0,31% e ganham 0,42%, respectivamente.

Outro destaque é para as ações da Vale (VALE3), que sobem 1,96% devido ao anúncio de pagamento de dividendos extraordinários aos acionistas.

Para o estrategista da Genial, os ativos de risco “estão passando por uma rotação setorial” desde a decisão do Federal Reserve (Fed, banco central norte-americano), na quarta-feira, que sinalizou que os juros poderiam subir mais cedo que o esperado. “Aos poucos, voltamos para as teses de investimentos colocadas em prática no final do ano passado, com o mercado acreditando no bom desempenho das empresas de crescimento”.

Volátil desde a abertura dos negócios, o dólar comercial devolveu as perdas ao inverter o sinal para o campo positivo e renovar máximas sucessivas a R$ 5,05 – após operar na mínima em um ano, a R$ 4,98 – acompanhando o exterior, onde a moeda norte-americana ganha terreno ante os pares e as divisas de países emergentes, que aceleraram as perdas. Investidores se ajustam aos comunicados mais “hawkish” (duro) dos Bancos Centrais e ativos têm movimento de realização de lucros na última sessão da semana.

Por volta das 13h30, o dólar comercial registrava alta de 0,75%, cotado a R$ 5,0620 para venda. No mercado futuro, o contrato da moeda norte-americana com vencimento em julho de 2021 apresentava avanço de 1,08%, cotado a R$ 5,068.

O chefe da mesa de câmbio da Terra Investimentos, Vanei Nagem, ressalta que a moeda local “tem se descolado bastante” do movimento externo, resultando em uma volatilidade maior, enquanto o dólar tem valorização global.

“O dólar está ‘doido’, ainda com pressão da decisão do Copom [Comitê de Política Monetária] e até mesmo da privatização da Eletrobrás. Mas lá fora não está legal. Então, tem um movimento de realização e de proteção antes do fim de semana também”, comenta.

O operador de uma corretora local destaca que, por mais que a dinâmica do mercado seja favorável ao real, após um comunicado do Copom visto como mais “hawkish” e com o avanço da Medida Provisória que prevê a privatização da Eletrobras, o mercado parece “não ignorar” a força do dólar no exterior.

“Investidores seguem reverberando o Fed também mais hawkish e, bastante relevante, as falas de James Bullard [presidente da unidade do Fed de Saint Louis], que teceu comentários ‘para lá’ de hawkish mais cedo”, avalia.

Em entrevista à CNBC, Bullard disse que espera a primeira alta de juros nos Estados Unidos no fim de 2022, citando que a inflação está acelerando mais do que o previsto anteriormente. As previsões do Fed mostraram dois aumentos nos juros em 2023, enquanto não havia nenhuma projeção de alta na estimativa divulgada em março.

Já o chamado “gráfico de pontos” da autoridade monetária mostrou que 13 dos 18 membros do comitê de política monetária preveem um aumento na taxa de juros em 2023, ante apenas seis anteriormente, enquanto sete esperam uma primeira elevação em 2022.

Mais cedo, em meio à entrada de fluxo estrangeiro no mercado doméstico e de notícias positivas, a divisa estrangeira renovou mínimas a R$ 4,98, no menor valor intraday desde 10 de junho de 2020. Nagem, da Terra Investimentos, diz que o dólar está chegando em um nível em que “fica mais difícil de cair”, ao redor do nível de R$ 4,80.

“Não tem muito espaço para ‘arriar’. Está uma briga boa porque tem investidores defendendo para a moeda não cair”, pondera, acrescentando que, se não acontecer nada no fim de semana, a tendência é de que o dólar exiba oscilações na faixa entre R$ 4,90 e R$ 5,00 na próxima semana.

As taxas dos contratos de juros futuros (DIs) firmaram-se em alta no trecho longo da curva a termo em reação aos comentários feitos pelo presidente do Fed de Saint Louis, James Bullard, que azederam o humor dos investidores logo na abertura dos negócios.

Por volta das 13h30, o DI para janeiro de 2022 tinha taxa de 5,600%, de 5,575% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 7,185%, de 7,14%; o DI para janeiro de 2025 ia a 8,27%, de 8,13% antes; e o DI para janeiro de 2027 tinha taxa de 8,73%, de 8,55%, na mesma comparação.