MERCADO AGORA: Veja um sumário dos negócios até o momento

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Foto de Lorenzo / Pexels

São Paulo – O Ibovespa opera com volatilidade entre perdas e ganhos. Na abertura, a Bolsa chegou a subir mais de 0,50%, atingindo a máxima de pontuação interdiária de 124.695,53 pontos com os investidores reagindo aos dados do IPCA-15 abaixo das estimativas do mercado, mas desacelerou o ganho e oscila perto da estabilidade.

Por volta das 13h30 (horário de Brasília), o Ibovespa operava em queda de 0,37%, aos 123.563,36 pontos. O volume financeiro do mercado era de aproximadamente R$ 14,1 bilhões. No mercado futuro, o contrato de Ibovespa com vencimento em junho de 2021 apresentava recuo de 0,28%, aos 123.790 pontos.

O analista sênior Luiz Henrique Wickert, da plataforma de investimentos sim;paul  afirma que não viu nada internamente relevante que pudesse refletir na Bolsa, inclusive cita os dados do IPCA-15 que vieram melhor que o esperado.

Para o analista a piora veio dos Estados Unidos com os dados econômicos. “Os futuros norte-americanos estavam mais fortes e depois que saíram as vendas de imóveis residenciais novos [caíram 5,9% em abril ante março. O mercado previa baixa de 4,5%] e o índice de confiança ao consumidor [recuou para 117,2 pontos em maio, após registrar 117,5 pontos em abril. O mercado estimava alta para 119,5 pontos], lá as bolsas arrefeceram e aqui acompanhou o movimento.

O analista sênior da plataforma sim; paul acreita que a Bolsa “ainda tem espaço para se recuperar ao longo do pregão”.

Mais cedo, no início do pregão os investidores reagiam de forma positiva aos dados do IO Indice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA-15) divulgado pelo Instituto de Geografia e Estatatística subiu 0,44% em maio na compração com o mês anterior (+0,60%). O resultado saiu abaixo das estimativas do mercado, de +0,54%, de acordo com o Termômetro. Em 12 meses, a alta é de 7,27% até maio, o resultado no período também ficou abaixo da mediana, +7,37%, segundo Termômetro da CMA.

Para Rodrigo Friedrich, sócio da Renova Invest, a Bolsa pode ter alta moderada, com os investidores repercutindo os dados do IPCA-15. “O resultado veio dentro das expectativas do mercado e não vai atrapalhar o desempenho do Ibovespa porque não tem uma inflação que preocupa”, comenta.

Segundo os analistas da Sul America Investimentos, “o mercado brasileiro deve se beneficiar com o ambiente global mais positivo e com as reformas estruturais, mas ainda com receio da criação de novos programas sociais”.

No Brasil, os investidores devem ficar atentos com o andamento da reforma administrativa. Ontem à noite, os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) e Rodrigo Pacheco (MDB-MG) entraram em um acordo sobre o fatiamento da reforma. O Senado ficará responsável pelo programa de regulação tributária e a Câmara dos Deputados ficará com os projetos de iniciativa do executivo sobre a base do Imposto de Renda, PIS e Cofins. O sócio da Renova Invest viu com bons olhos os avanços entre os poderes para avançar com a reforma tributária. “Mostra uma sinergia entre o Senado e Câmara, e isso é positivo porque aprovação mais rápida”, comenta.

Para Filipe Villegas, estrategista em ação da Genial Investimento, “o mercado precifica um leve avanço nessa reforma”, avalia.

Ainda no cenário politico, deverá ser votada ainda hoje o parecer da reforma administrativa na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) na Câmara. Em um evento do banco BTG Pactual nesta manhã, o presidente da Câmara disse que a CCJ aprove ainda hoje a admissibilidade da reforma.

Na visão do sócio da Renova Invest, a vacinação lenta e a possível terceira onda da Covid-19 preocupam o mercado. “É sempre bom ficar de olho no ritmo da vacinação para sairmos dessa crise e fortalecido. As reformas têm de andar, tem de ter ajuste fiscal e investimento em educação e infraestrutura”.

Os investidores também devem acompanhar a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19 com o depoimento da secretária de Gestão do Trabaho e da Educação na Saúde do Ministério da Saúde, Mayra Pinheiro.

O dólar comercial voltou a recuar após exibir forte volatilidade frente ao real e ensaiar alta acompanhando o exterior, onde parte das divisas de países emergentes passaram a perder força para a moeda norte-americana, como o peso mexicano, mesmo com o ambiente ainda positivo para a busca por risco. O que leva os rendimentos das taxas futuras dos títulos do governo norte-americano a mais um dia de recuo, com o vencimento de 10 anos (T-Note) abaixo de 1,60%. Aqui, investidores seguem atentos ao possível avanço da agenda de reformas.

Por volta das 13h30, o dólar comercial registrava queda de 0,18%, cotado a R$ 5,3150 para venda. No mercado futuro, o contrato da moeda norte-americana com vencimento em junho de 2021 apresentava recuo de 0,07%, cotado a R$ 5,317.

O diretor superintendente de câmbio da Correparti, Jefferson Rugik, destaca a volatilidade da moeda na primeira parte dos negócios, reforçando que, apesar do real acompanhar a oscilação do peso mexicano e da lira turca, a divisa local sempre tem movimentos “mais esticados”.

“Desde ontem, o mercado está mais calmo e até de lado. Eu diria que os “Fed boys” [membros do Federal Reserve, o banco central norte-americano] estão conseguindo convencer os investidores de que a inflação norte-americana é transitória. Por isso, o dólar tem trabalhado fragilizado no mundo”, comenta Rugik.

Aqui, a equipe econômica da XP ressalta que as discussões sobre a reforma tributária e administrativa continuam. “O presidente do Senado [Rodrigo Pacheco] anunciou um acordo entre Câmara e Senado para a divisão das etapas da reforma tributária e uma ‘comunhão de esforços’ para a aprovação do tema nas casas”, acrescenta.

Já as tratativas sobre a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da reforma administrativa continuam na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara (CCJC) e há expectativa de que a votação pelos deputados aconteça ainda esta semana.

As taxas dos contratos de juros futuros (DIs) operam em queda desde o início da sessão com os investidores reagindo aos dados abaixo das expectativas do IPCA-15, que trouxe hoje os números preliminares da inflação oficial em maio.

Por volta das 13h30, o DI para janeiro de 2022 tinha taxa de 4,995%, de 5,055% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 6,69%, de 6,805%; o DI para janeiro de 2025 ia a 8,18%, de 8,26% antes; e o DI para janeiro de 2027 tinha taxa de 8,77%, de 8,84%, na mesma comparação.