MERCADO AGORA: Veja um resumo dos negócios até o momento

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Gráfico

São Paulo – O Ibovespa vem apresentando forte volatilidade na manhã de hoje. Após abrir em queda, passou a subir no embalo da abertura das Bolsas norte-americana, mas não segurou a alta e em seguida passou a recuar novamente. Analistas explicam que o dia será de volatilidade na expectativa por novos incentivos dos bancos centrais.

“Hoje a tão aguardada decisão do Copom promete deixar o Ibovespa volátil novamente. Os investidores aguardam mais um corte na taxa básica de juros. A economia continua mostrando números bem nebulosos, como observamos ontem, na produção industrial de março que apresentou queda de 9,1%, vindo bem pior que o esperado na mediana das projeções de -3,3%”, explicou relatório da Terra Investimentos assinado por Régis Chinchila e Sandra Peres.

Por volta das 13h30 (horário de Brasília), o Ibovespa registrava queda de 0,50% aos 79.065,76 pontos. O volume financeiro do mercado era de aproximadamente R$ 10,8 bilhões. No mercado futuro, o contrato de Ibovespa com vencimento em junho de 2020 apresentava retração de 1,41% aos 79.125 pontos. “Além disso, ontem, a Fitch acabou alterando para negativa a perspectiva do rating do Brasil, mas manteve a nota em ‘BB-‘”, destacou o documento da Terra Investimentos.

No mercado externo também deve ser percebido forte volatilidade na sessão de hoje. “Os investidores aguardam pela reabertura das economias, na Europa e nos EUA, e por novos incentivos por parte de BCs e governos, mas a dúvida ainda paira, já que na Alemanha surgiram novos casos de infectados”, afirmaram Régis Chinchila e Sandra Peres.

“Além disso, os dados econômicos divulgados tanto na Europa quanto nos EUA vêm mostrando fortes deteriorações. Com o PMI composto da zona do euro, que engloba os setores industrial e de serviços, caindo de 29,7 em março para a mínima histórica de 13,6 em abril, em meio aos efeitos adversos da pandemia da Covid-19”, acrescentaram.

O dólar comercial acelerou a alta frente ao real e busca o nível de R$ 5,70 em sessão negativa para os ativos globais em meio aos dados negativos da economia dos Estados Unidos e da Europa no qual refletem os impactos do novo coronavírus. Aqui, investidores digerem a perspectiva negativa para a nota de crédito do Brasil, enquanto aguardam a decisão de política monetária no fim da tarde.

Por volta das 13h30, o dólar comercial registrava alta de 1,84%, sendo negociado a R$ 5,6930 para venda. No mercado futuro, o contrato de Ibovespa com vencimento em junho de 2020 apresentava avanço de 1,96%, cotado a R$ 5,700.

Na agenda de indicadores, o índice dos gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) da Alemanha caiu a 16,2 pontos em abril, ante leitura preliminar de 15,9 pontos. Enquanto o dado a zona do euro recuou a 12,0 pontos, menor nível histórico.

O consultor de câmbio da corretora Advanced, Alessandro Faganello, reforça que Alemanha, França, Itália e Espanha evidenciaram números historicamente fracos. “A Comissão Europeia já projeta que a economia da região irá contrair 7,7% esse ano, a inflação praticamente desaparecerá, enquanto a dívida pública e o déficit orçamentário vão disparar”, acrescenta.

Já nos Estados Unidos saíram os dados do mercado de trabalho no setor privado, ADP, considerados uma prévia do relatório de empregos do país, o payroll, que sairá na sexta-feira. O diretor da corretora Mirae Asset, Pablo Spyer, reforça que o fechamento de 20,2 milhões de postos de trabalho mostrou uma perda de empregos “sem precedentes” no país.

“Foi a pior ADP da história e o mercado se prepara para o pior payroll da história também. Esses números podem ser um indicativo de recessão da economia norte-americana”, avalia.

Além do cenário negativo no exterior, Spyer ressalta que um dia é “nervosismo” no mercado doméstico. “O humor está esmorecendo após a decisão da Fitch. Isso prepara caminho para um possível rebaixamento [downgrade] da nossa nota. O risco-país [medido pelo CDS – swaps de default de crédito] sobe quase 2%, a 324 pontos. Essa crise política trava as reformas estruturais, e a pandemia, somada a recessão, eleva a dívida do país. E tem ainda a decisão de política monetária”, diz.

As taxas dos contratos de juros futuros (DIs) sustentam as altas exibidas logo na abertura do pregão, com os investidores evitando uma maior colocação de prêmios na curva a termo enquanto aguardam a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), no fim do dia. Ainda assim, o viés positivo é sustentado pelos ganhos do dólar para além de R$ 5,65 e pelo cenário político local mais tenso.

Por volta das 13h30, o DI para janeiro de 2021 tinha taxa de 2,745%, de 2,71% após o ajuste de ontem; o DI para janeiro de 2022 estava em 3,63%, de 3,53% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 4,82%, de 4,72%; e o DI para janeiro de 2025 tinha taxa de 6,64%, de 6,49%, na mesma comparação.