Marfrig vai consolidar balanço da BRF após eleição do conselho; ação sobe

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São Paulo – A Marfrig informou que passará a consolidar o balanço da BRF depois da eleição do conselho de administração.
Em sua teleconferência de resultados, o presidente do conselho de administração da Marfrig disse que a consolidação do balanço da BRF passará a ser feita a partir do segundo trimestre.
Embora detenha apenas 33% da dona da marca Sadia, a Marfrig vai exercer o poder de controle da dona da Sadia com a maioria no conselho, o que é permitido pelas práticas contábeis.
Em 21 de fevereiro, a empresa anunciou que indicará o próximo conselho de administração da BRF, cuja eleição ocorrerá em 28 de março, em assembleia de acionistas.
Em 21 de fevereiro, o conselho de administração da Marfrig decidiu que a companhia deve exercer seus direitos de acionistas para passar a influenciar na administração da BRF e que, em razão disso, apresentará chapa de candidatos a serem indicados para o seu conselho de administração na próxima assembleia geral ordinária da BRF.
A chapa indicada pela Marfrig para compor o novo conselho de administração da BRF é composta por: Marcos Antonio Molina dos Santos (Presidente do Conselho de Administração); Sergio Agapito Rial (Vice-Presidente do Conselho de Administração); Marcia Aparecida Pascoal Marçal dos Santos; Augusto Marques da Cruz Filho; Deborah Stern Vieitas; Flávia Maria Bittencourt; Oscar de Paula Bernardes Neto; Pedro de Camargo Neto; Altamir Batista Mateus da Silva; e Eduardo Augusto Rocha Pocetti.
Na mesma data, a BRF confirmou a apresentação da proposta de chapa pelos acionistas Marfrig e Fundo de Investimento em Ações Colorado – Investimento no Exterior (em conjunto, simplesmente, “Marfrig”), que foi aprovada, por maioria de votos, pelos membros do seu conselho de administração.
A ação da Marfrig (MRFG3) fechou o pregão com ganho de 2,92%, a R$ 22,50, em dia de avanço de 2,42% do índice Ibovespa.
ANÁLISES
O Morgan Stanley manteve a classificação “overweight” (equivalente à compra) e o preço-alvo de R$ 38,00 para a Marfrig em relatório divulgado antes da teleconferência com analistas, realizada nesta manhã, citando que o ebitda apresentado é muito forte, mas já era amplamente antecipado pelo mercado e que a principal preocupação para os investidores agora está relacionado aos spreads de carne bovina dos EUA no atual trimestre de 2022. “Mas continuamos construtivos para a ação e esperamos outro trimestre com expansão da margem em termos anualizados”, disseram os analistas.
O Bank of America também manteve a recomendação de compra e preço-alvo de R$34,00 destacando que a processadora de proteínas reportou resultados melhores do que o esperado no 4T21 com ebitda ajustado de R$ 4,2 bilhões, 10% acima da sua estimativa, impulsionado pelas margens dos EUA, além de FCF de R$ 500 milhões após dividendos, impactado por capex e necessidades de WK acima do esperado. “Esperamos um 2022 sólido, já que as margens de carne bovina dos EUA devem permanecer acima do nível histórico”, disse o BofA.
A XP viu a receita em linha com as suas estmativas, o ebitda 17% acima e o lucro líquido como supresa negtiva, devido a marcação a mercado das ações da BRF.
“No 4T21, a Marfrig entregou mais um trimestre forte, mas a sensação de que estamos olhando para uma empresa apenas americana permanece, com mais de 95% de seu EBITDA ajustado proveniente da operação nos EUA”, disseram os analistas da XP. “Vemos as margens acomodando-se nos EUA e, embora não esteja claro quando a América do Sul melhorará, continuamos otimistas com a capacidade da empresa de navegar em águas tão turbulentas, com isso mantemos nossa recomendação de Compra com preço-alvo de R$ 34,80 por ação.”
Já o BTG Pactual manteve a recomendação neutra para a companhia com base na expectativa de que a normalização das margens poderá deixar o investimento na companhia menos atraente à frente.
“O fato de a Marfrig estar equilibrando dividendos e recompras de ações (R$ 2,6 bilhões só em 2021) mesmo quando retoma alguma ambição de crescimento é algo para animar, pois denota a continuação de alguma disciplina de alocação de capital. Continua a ser chave entender para onde estão indo as margens da carne bovina dos EUA”, comentaram os analistas do BTG, em relatório, que estimam R$ 10,6 bilhões de ebitda em 20222, margem de carne bovina dos EUA em 15%, geração de fluxo de caixa livre para o acionista paga em dividendos e alavancagem de quase 2,5x por ano a partir de agora.
“Nós também olhamos ansiosos para saber mais sobre como o investimento da BRF, agora com uma posição de controle, se desenrolará em termos de uma possível fusão e as mudanças que a Marfrig planeja implementar”, finalizam.
O Itaú BBA avaliou os resultados como positivos, destacando que ebitda de R$ 4,2 bilhões no 4T21 superou sua estimativa e do consenso de 14%, assim como o desempenho da operação na América do Norte surpreendeu positivamente, com margens mais uma vez superando as suas estimativas. Por outro lado, a alavancagem aumentou no 4T21, já que os investimentos da BRF passaram a ser contabilizados como investimentos de longo prazo durante o trimestre. Com isso, o banco manteve a recomendação “outperform” (equivalente à compra) para a Marfrig, com preço-alvo de R$ 26,00.
Os analistas da Levante disseram esperar um impacto levemente positivo nas ações da companhia após os resultados apresentados ontem à noite, citando que a Marfrig apresentou mais um trimestre com forte resultado, com bom crescimento e margens muito boas, apesar do aumento de custos na América do Sul. “A companhia ainda apresentou balanço robusto, com baixa alavancagem, e anunciou proposta de distribuição de dividendos no valor de 383 milhões de reais. Porém, o impacto da BRF, que passou por reclassificação contábil e agora é considerado um Investimento de Longo Prazo, no resultado e as perspectivas menos favoráveis podem ofuscar o bom resultado”, disseram, em nota.