Mais aumentos de juros são necessários, mas inflação está chegando ao pico, diz BCE

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O economista-chefe do Banco Central Europeu (BCE), Philip Lane / Foto: BCE

São Paulo – O Banco Central Europeu (BCE) terá que seguir aumentando os juros várias vezes para domar as pressões de preços, mesmo que a inflação da zona do euro esteja agora perto de seu pico, disse o economista-chefe da instituição, Philip Lane, ao jornal Milano Finanza.

“Esperamos que mais aumentos das taxas sejam necessários, mas muito já foi feito”, afirmou Lane em entrevista publicada nesta terça-feira. “Eu estaria razoavelmente confiante em dizer que é provável que estejamos perto do pico da inflação”, completou.

Entretanto, segundo Lane, a volatilidade dos preços do gás torna difícil prever se esse pico já aconteceu ou ocorrerá durante os primeiros meses de 2023.

“Em alguns países, os preços ao consumidor mudaram muito, enquanto em outros, por exemplo, algumas empresas de serviços públicos ainda não terminaram de aumentar os preços. Dado o aumento significativo dos preços, não descarto alguma inflação extra no início do ano que vem”, disse o economista.

“Uma vez passados os primeiros meses de 2023, mais tarde em 2023 na primavera ou no verão devemos ver uma queda considerável na taxa de inflação. Dito isso, a trajetória da inflação dos atuais níveis muito altos de volta para 2% levará tempo”, assinalou.

Desde julho, o BCE já elevou as taxas de juros num total de 2 pontos percentuais (pp), para combater a inflação recorde, e sinalizou uma desaceleração no ritmo do aperto monetário neste mês, após movimentos consecutivos de 0,75 pp.

O cenário indica um aumento de 0,50 pp em 15 de dezembro, antes de uma série de elevações adicionais em 2023 que podem levar a taxa de depósito para cerca de 3%.

Quanto aos governos, Lane alertou que políticas fiscais expansionistas podem causar novos aumentos de juros e pediu programas para proteger os mais vulneráveis e não voltados para toda a população. “Os governos ainda precisam fazer muito para proteger os mais vulneráveis e oferecer apoio às empresas que enfrentam desafios específicos”, disse.

Da mesma forma, apelou aos Estados-membros da zona do euro para que cheguem a acordo sobre um quadro orçamental e o novo Pacto de Estabilidade e Crescimento “o mais rapidamente possível em 2023”, uma vez que isso ajudará o BCE a preparar suas recomendações para 2024 e os próximos anos.