Lula e Macron falam de acordo com Mercosul, cooperação em defesa e guerra na Ucrânia

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Presidente da França Emmanuel Macron, e presidente Lula | Foto: Ricardo Stuckert / Presidência da República

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e o presidente da França, Emmanuel Macron, almoçaram na tarde desta sexta-feira (23) em Paris. Foi a segunda vez que os dois mandatários se encontraram a primeira foi na cúpula do G7, no Japão.

Lula falou do acordo que está sendo elaborado entre Mercosul e União Europeia. “Os acordos comerciais têm de ser mais justos. Estou doido para fazer um acordo com a União Europeia, mas a carta adicional que foi feita pela União Europeia não permite que se faça um acordo. Nós vamos fazer a resposta, mas é preciso que a gente comece a discutir. Não é possível que tenhamos uma parceria estratégica e haja uma carta adicional fazendo uma ameaça”, disse.

Os dois presidentes falaram sobre as negociações com o Mercosul, a guerra na Ucrânia, o combate às mudanças climáticas, a retomada de um intercâmbio cultural e a parceria estratégica entre os países na área de defesa, especialmente em torno do Programa de Desenvolvimento de Submarinos (Prosub), que já entregou um submarino em 2022 e prevê a entrega anual de outros três até 2025, com transferência de tecnologia francesa.

Antes do almoço, Lula já havia dito que os termos do acordo com a União Europeia teriam que ser revistos, que adicionam previsões de punição na área ambiental. A conhecida resistência de setores da economia francesa, em particular do agronegócio, se refletiu, na última semana, na aprovação de uma resolução contrária ao acordo pelo Parlamento do país.

“Os acordos comerciais têm de ser mais justos. Estou doido para fazer um acordo com a União Europeia, mas a carta adicional que foi feita pela União Europeia não permite que se faça um acordo. Nós vamos fazer a resposta, mas é preciso que a gente comece a discutir. Não é possível que tenhamos uma parceria estratégica e haja uma carta adicional fazendo uma ameaça”, afirmou o presidente.

Segundo o Palácio do Planalto, no plano cultural, os dois governantes demonstraram interesse na retomada do intercâmbio cultural entre as nações, inclusive com a possibilidade de reeditar os grandes calendários de eventos desenvolvidos na década passada, como o Ano do Brasil na França e o Ano da França no Brasil, a partir de 2025.

PARCERIA ESTRATÉGICA

Os dois países têm uma parceria desde 2006, para promover o diálogo político e as relações econômico-comerciais. Há ainda uma cooperação nas áreas de defesa, espaço, energia nuclear e desenvolvimento sustentável, e também contempla educação, ciência e tecnologia, temas migratórios e transfronteiriços.

Outra informação importante é quantidade de brasileiros que moram na França (90 mil no país e 82.500 na Guiana Francesa). Com 730 km, a fronteira entre o estado brasileiro do Amapá e a Guiana Francesa constitui a maior fronteira terrestre da França.

Há cerca de 860 empresas francesas no Brasil. O Brasil é hoje o segundo principal destino dos investimentos franceses entre os chamados países emergentes, tendo sido ultrapassado apenas recentemente pela China. A França é o 3º maior investidor no Brasil, pelo critério de controlador final, com cerca de US$ 38 bilhões investidos, e 5º maior pelo critério de investidor imediato, com investimentos de cerca de US$ 32 bilhões, segundo os dados de 2021 do Banco Central.