Lula diz que não vai desistir do acordo Mercosul e UE até ter um ‘não’ de todos os presidentes

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Assinatura de atos, declaração conjunta e coletiva de imprensa com o Chanceler Federal da Alemanha, Olaf Scholz, em Berlim. Foto: Ricardo Stuckert

São Paulo – O presidente da República, Luís Inácio Lula da Silva, disse que os entraves na discussão sobre o acordo entre o Mercosul e a União Europeia não vão impedir parcerias com países envolvidos, como a que foi anunciada com a Alemanha. O presidente reiterou o convite à Alemanha para participar da COP que será realizada no Brasil, em Belém (PA).

“A Alemanha é o principal parceiro do Brasil em cooperação técnica e econômica. Amanhã será realizado um evento que irá conectar o Brasil e a Alemanha em inovações como Inteligência Artificial”, disse Lula, em entrevista a jornalistas sobre a visita à Alemanha, onde assinou diversos acordos.

Em relação ao acordo Mercosul-União Europeia, ele disse entender a posição de Macron e que buscará diálogo com o presidente recém eleito da Argentina. Lula se reuniu com o presidente da França, Emmanuel Macron no sábado (2), na tentativa de avançar com a negociação. O presidente francês é contra o acordo Mercosul-UE por não levar em conta a biodiversidade e o clima dentro dele, na sua avaliação. “É um acordo comercial antiquado e que desfaz tarifas, afirmou Macron, neste sábado.

“Queremos concluir o acordo com a União Europeia após 23 anos de negociações. Na próxima quinta-feira teremos um encontro decisivo”, discursou Lula. No entanto, ele disse que ainda não irá assinar por conta das posições da França e Argentina. “Após a reunião do Mercosul, vamos falar sobre a assinatura do acordo. Não vou desistir desse acordo até ter um ‘não’ de todos os presidentes. Sou brasileiro e não desisto nunca”, comentou o presidente brasileiro na entrevista concedida hoje.

Ele também lamentou que num momento em que 735 mil pessoas passam fome, mesmo com grande capacidade de produção de alimentos, faltam recursos para as pessoas comprarem alimentos. Na sua avaliação, o conflito entre Israel e a Palestina é resultado da “irracionalidade humana” e da falta de atuação da ONU. “Temos que convencer a ONU a intervir para encontrar uma solução para os conflitos. Estou do lado de quem quer construir a paz.”

Segundo Lula, a atuação da ONU será um dos principais temas de discussão durante a presidência do Brasil no G20. O Brasil assumiu nesta sexta-feira (01/12), a Presidência temporária do G20, o grupo que reúne as 19 principais economias do mundo, a União Europeia e, a partir deste ano, também a União Africana. O mandato tem duração de um ano e se encerrará em 30 de novembro de 2024. Será a primeira vez que o País ocupa essa posição na história do grupo no formato atual.

O chanceler alemão Olaf Scholz defendeu o direito de defesa de Israel, como avalia o papel do país no conflito com o Hamas, mas disse que concorda com a discussão sobre o papel da ONU na mediação do conflito.

Em relação à atuação do Brasil na questão climática, o presidente ressaltou que, neste ano, o desmatamento na Amazônia foi reduzido em quase 50%. “Espero que as decisões em Dubai sejam assumidas por que senão estaremos brincando com o planeta. O planeta não pode mais suportar o desaforo do ser humano no tratamento da questão do clima.”

“Em 2030, quero entregar desmatamento zero na Amazônia”, finalizou.