Lula: ‘Bancos públicos existem para fazer o que a iniciativa privada não quer fazer’

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Alckmin, Tarcísio de Freitas e Lula em evento de investimento dos bancos públicos em obras estatais. Foto: Ricardo Stuckert.

São Paulo – Em participação no evento de anúncios de investimentos de bancos públicos em estados, o presidente Luís Inácio Lula da Silva disse nesta terça-feira que “os bancos públicos existem para fazer o que a iniciativa privada não quer fazer” e que “prefeito não é bandido, ele tem direito de pedir financiamento”, entre outros argumentos para destacar o maior investimento das instituições na sua gestão.

“Tem gente que acha que os recursos do BNDES têm que ser devolvidos aos cofres do Tesouro. O BNDES existe para investir no país”, discursou.

O presidente também disse que o governo não escolhe para quem vai emprestar por alinhamento político, citando o apoio ao governo do estado de São Paulo como exemplo. “Não interessa qual o partido do governador do estado. Vamos apoiar por que isso é investir no país.”

Lula também reforçou o argumento de que o país vai crescer acima do esperado neste ano e nos próximos e que vai atrair investimentos e que as condições para alcançar esse objetivo passam por maior aporte público.

“Falavam que o Brasil só cresceria 0,8%, mas vamos crescer 3%. Os bancos públicos e o ministério dos Transportes estão investindo mais que nos últimos 4 anos. Vamos criar condições para o país crescer.”

“É preciso parar de chorar e lamentar. O país vai crescer de acordo com a nossa criatividade.”

“Quem apostar que o país não vai crescer vai ver, vamos atrair capital externo, privado. E se não tiver dinheiro, temos que ir atrás, aproveitar a transição energética.”

O presidente também voltou a apelar para o corte de juros pelo Banco Central. “Temos que mexer com o coração do presidente do Banco Central, ele precisa abaixar o juro para estimular o crédito.”

Lula também voltou a falar que as atuais reservas da União permitem aumentar o gasto. “É a 1a vez que o Brasil tem reserva para suportar.”

Por fim, o presidente questionou o “medo” de investir no País. “Somos um país que consegue duplicar a produção de grãos, do que que a gente tem medo? Por que ficamos olhando para os outros ao invés de olhar para dentro do país? Investimento não é gasto. É preciso alertar nossos economistas de que nem tudo que é investimento é gasto. Senão ficamos só pensando em déficit fiscal”, concluiu.

“País se desenvolve mantendo o absoluto equilíbrio fiscal e econômico”

Em participação no evento de anúncio de investimentos dos bancos públicos aos estados, o ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, disse nesta terça-feira que “o país se desenvolve mantendo o absoluto equilíbrio fiscal e econômico, mas isso não é antagônico ao investimento em desenvolvimento social.”

Costa disse que “o momento atual marca o respeito à república e aos entes federados”, pois quando ele foi governador da Bahia, teve que recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF) para liberar um contrato assinado com o estado. “Havia uma decisão de cancelar o contrato”, comentou.

Ele disse que os investimentos anunciados pelos bancos públicos aos estados e municípios atendem ao pleito da campanha presidencial de “união entre os estados”.

O ministro também argumentou que os investimentos em infraestrutura reduzem o custo-brasil, custos com carga e tempo de deslocamentos e citou o financiamento de R$ 10 bilhões para financiar um projeto de trem intercidades que ligará São Paulo a Campinas. “Estamos atendendo às diretrizes do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento.”

Costa também disse que os bancos “vão liberar dentro do limite de crédito dos estados e dentro da mais absoluta margem fiscal e financeira que os estados podem contrair.”

“Vamos emprestar R$ 56 bilhões, mais do que nos últimos 4 anos. O volume de investimentos vai reduzir desemprego e gerar crescimento ao país. Se o Banco Central colaborar com uma taxa de juros menor”, finalizou.

FINANCIAMENTO AOS ESTADOS

Na cerimônia, Lula, o vice-presidente Geraldo Alckmin, o ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, e o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, entregaram recursos aos estados do Espírito Santo, Santa Catarina, Ceará, Pará, São Paulo, entre outros.

Para SP, foi entregue um financiamento de R$0 10 bilhões para o plano de investimentos em mobilidade urbana da linha 2 e trem de média velocidade de São Paulo a Campinas.

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, disse que o projeto também poderá chegar a outras cidades, como Taboão da Serra.

Os discursos dos bancos públicos frisaram que os valores emprestados aos estados em 2023 ultrapassaram a soma dos quatro anos anteriores.

O presidente em exercício da Caixa, Marcos Brasiliano, disse que a instituição está pronta para apoiar os projetos do governo. “A carteira de financiamentos a infraestrutura está em cerca de R$ 100 bilhões, mas está aquém da capacidade da Caixa”, comentou.

Ele disse que não há uma meta para esses apoios, mas que o banco está sempre pronto para apoiar os governos.

A presidenta do Banco do Brasil, Tarciana Medeiros, disse que o banco emprestou mais nesse ano do que nos últimos quatro anos e que os critérios para empréstimos governamentais são sustentabilidade e alinhamento às políticas públicas.

Em 2023, o Banco do Brasil emprestou R$ 19 bilhões para 354 operações de crédito para Estados e municípios. O valor supera R$ 17 bilhões emprestados pelo banco nos últimos quatro anos.