Corretoras apontam resultado fraco da MRV, mas com potencial de crescimento

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Foto divulgação: MRV

São Paulo, SP – A MRV divulgou ontem o balanço do segundo trimestre de 2022. O lucro líquido foi de R$ 58 milhões, recuo de 71,4% em relação ao segundo trimestre de 2021, e queda de 18,6 % em comparação ao primeiro trimestre de 2022. A companhia disse que o lucro líquido foi impactado pelo resultado financeiro, que sofreu um efeito negativo de R$ 157 milhões, devido ao efeito do swap da recompra de ações da MRVE3 e da marcação à mercado dos swaps de dívidas, de IPCA para CDI.

A ação MRVE3 fechou o pregão em queda de 11%, a R$ 10,11 e foi o segundo maior recuo do Ibovespa nesta quinta-feira.

Para a Ativa Investimentos, a companhia apresentou receita, margem bruta e lucro líquido abaixo de suas estimativas. O preço elevado dos principais insumos pressionou a margem bruta da construtora no segmento Casa Verde Amarela, causando uma queda de 6% na margem bruta em comparação ao segundo trimestre de 2021 e de 32% no lucro bruto em relação ao segundo trimestre de 2021

Do lado positivo, a operação da Resia continuou a demonstrar bom resultado e garantiu sólida geração de caixa para a MRV no trimestre, revertendo consumo de caixa do trimestre anterior.

“A dívida líquida/EBITDA caiu 12% em comparação ao primeiro trimestre de 2022, atingindo o patamar de 1,83 dívida líquida/EBITDA, melhora em relação ao tri anterior devido à boa geração de caixa”, detalhou a Ativa, que manteve sua recomendação neutra e preço-alvo de R$ 12,90.

Já a XP Investimentos, disse que MRV apresentou resultados fracos, impactados pela receita líquida atingindo R$ 1,6 bilhão, recuo de 11,8% em relação ao segundo trimestre de 2021, abaixo de suas estimativas. Além disso, a margem bruta atingiu níveis abaixo do esperado de 19,4%, recuo de 6% em relação ao segundo trimestre de 2021, prejudicada por custos sob pressão, apesar do aumento razoável do preço médio por unidade no trimestre.

“A empresa registrou uma geração de caixa de R$ 343 milhões e um consumo de caixa de R$ 817 milhões, impulsionado pelas vendas de projetos de Resia e da Luggo, levando a um efeito positivo de R$ 449 milhões no trimestre. Como resultado, a alavancagem (dívida líquida/patrimônio líquido) melhorou, chegando a 41,1% (-8,2 p.p. T/T). Os lançamentos atingiram R$ 2,1 bilhões, recuo de 11,6% em relação ao segundo trimestre de 2021, o que, em nossa visão, é saudável considerando o cenário macro desafiador”, explicou o analista Ygor Altero, da XP.

O Bank of America (BofA) disse que a construtora reportou um balanço misto, com margens brutas estáveis, receita mais suave e despesas mais altas. O banco também apontou o potencial da Resia, empresa que atua exclusivamente no mercado de locação de imóveis, nos Estados Unidos.

“Ainda não está precificada e esperamos que os desenvolvimentos de uma capitalização (já sinalizada) levem os investidores a incorporar o negócio dos EUA na avaliação”, explicou o BofA.

Por fim, o BofA disse que na operação principal as margens brutas provavelmente atingiram o fundo de custos estáveis (para baixo) e aumentaram a acessibilidade no programa. “Acreditamos que qualquer recuperação deve ser gradual, mas mantemos a recomendação de compra, com preço-alvo de R$ 15”, conclui o relatório.

O BTG Pactual também disse que resultados trimestrais foram suaves nas operações do Brasil (ainda refletindo margens fracas no programa Casa Verde Amarela), como esperado, compensado por outra forte apresentação nos EUA.

“Acreditamos que as perspectivas para o segmento de baixa renda vai melhor bastante após mudanças recentes no programa Casa Verde Amarela (com aumento de 30% de margem bruta de novas vendas no primeiro semestre de 2023). A companhia está bem posicionada para ganhar market share e lucratividade nesse nicho. Com a ação negociando em 1,0x P/TBV, mantemos nossa classificação de compra”, explica o BTG, que estima o preço-alvo em R$ 23.

RESULTADOS DO SEGUNDO TRIMESTRE

A MRV divulgou ontem o balanço do segundo trimestre de 2022. O lucro líquido foi de R$ 58 milhões, recuo de 71,4% em relação ao segundo trimestre de 2021, e queda de 18,6 % em comparação ao primeiro trimestre de 2022.

A companhia disse que o lucro líquido foi impactado pelo resultado financeiro, que sofreu um efeito negativo de R$ 157 milhões, devido ao efeito do swap da recompra de ações da
MRVE3 e da marcação à mercado dos swaps de dívidas, de IPCA para CDI.

“Eliminados estes efeitos, o lucro líquido foi de R$ 215 milhões. Considerada a cotação da MRVE3 do dia 08/08/2022, a marcação a mercado da operação de Equity Swap na data
atual seria positiva de R$ 93 milhões”, explicou o balanço da companhia.

O lucro líquido ajustado foi de R$ 215 milhões, alta de 6% em relação ao segundo trimestre de 2021, e avanço de 157,9% em comparação ao primeiro trimestre de 2022. O ticket médio dos produtos do Programa Casa Verde Amarela cresceram 7,4% em comparação ao primeiro trimestre de 2022.

O Ebitda atingiu R$ 441 milhões, alta de 121,9% em comparação ao primeiro trimestre de 2022 e de 48,9% em relação ao mesmo período do ano passado. A margem Ebitda (Ebitda/receita líquida) chegou a 27,5%, avanço de 15,7% em relação ao primeiro trimestre de 2022 e de 11,2% em comparação ao segundo trimestre de 2021.

A receita líquida de R$ 1,6 bilhão, queda de 4,4% em relação ao trimestre anterior e recuou de 11,8% comparado ao mesmo período do ano passado. O Valor Geral de Vendas (VGV) dos lançamentos foi de R$ 2,1 bilhões, alta de 21,8% em relação ao trimestre anterior e queda de 11,6% na comparação com o mesmo período de 2021.

Segundo o relatório, a maior parte dos lançamentos do trimestre se concentrou no mês de junho, em antecipação às mudanças previstas para o Programa Casa Verde e Amarela. A
expectativa da Companhia é de uma aceleração significativa dos lançamentos no segundo semestre do ano.

A companhia disse que o setor de construção tem registrado um INCC muito acima da média anual histórica desde o início de 2020, o que resultou em uma forte compressão da Margem Bruta no segmento de incorporação, que caiu de 30,4% no ano de 2019 para 18,9% no segundo trimestre de 2022.

A margem bruta de novas vendas no final do segundo trimestre alcançou 25%. A companhia disse que no primeiro semestre de 2022 conseguiu subir o preço de vendas acima da inflação, acumulando um aumento no ticket médio das vendas destinadas ao PCVA em 11,06% no 1S22, contra um INCC acumulado no período de 7,53%.

Segundo projeções, haverá um aumento de preço e ganho de produtividade superiores à inflação estimada para o próximo período, fazendo com que a Margem Bruta de Novas Vendas volte ao patamar saudável, acima de 30%, já no primeiro semestre de 2023.

No segundo semestre, foi concluída a venda de mais dois empreendimentos, o Village at Tradition e Harbor Grove, localizados na Flórida, EUA, pelo Valor Geral de Venda (VGV) de US$ 195 milhões, representando um Recebimento Líquido (já descontado o valor da dívida) de US$ 121,7 milhões, Lucro Bruto de US$ 71,6 milhões, Cap Rate de 4,2% e Yield On Cost de 6,7%.

Também foram concluídas a venda dos empreendimentos Florença Garden e Solar dos Campos localizados em Campinas/SP e Lauro de Freitas/BA, respectivamente, pelo Valor Geral de Venda (VGV) de R$ 141,5 milhões e Lucro Bruto de R$ 31,4 milhões, e dos empreendimentos Florença Garden e Solar dos Campos localizados em Campinas/SP e Lauro de Freitas/BA, respectivamente, pelo Valor Geral de Venda (VGV) de R$ 141,5 milhões e Lucro Bruto de R$ 31,4 milhões.

A Resia possui um total de 4.859 unidades a serem vendidas, equivalentes a um VGV potencial de US$ 1,66 bilhão, ou R$ 8,7 bilhões. A Taxa Interna de Retorno (TIR) do investimento na Resia é de 141,5%, considerando o NAV do segundo trimestre de 2022.