Lucro líquido da CSN recua 82% no 3° trimestre

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Divulgação/CSN

São Paulo, SP – A CSN divulgou ontem o balanço do terceiro trimestre de 2022. O lucro líquido foi de R$ 238 milhões, uma queda de 82% em comparação ao mesmo período do ano passado, reflexo do menor desempenho operacional em razão da queda nos preços internacionais, que acabou por compensar as menores despesas financeiras apresentadas no período.

A receita líquida totalizou R$ 10,8 bilhões, alta de 6% em relação ao terceiro trimestre de 2021. Esse resultado é reflexo da maior atividade comercial e aumento no volume de vendas dos principais segmentos da Companhia, mas parcialmente compensado pelos menores preços registrados para minério de ferro e produtos siderúrgicos.

O custo dos produtos vendidos (CPV) totalizou R$ 8,3 bilhões, o que representa um aumento de 10,5% em relação ao segundo trimestre de 2022, como resultado da manutenção de preços elevados de algumas matérias-primas como o carvão de coqueria, além de maiores custos com redutores nas operações de siderurgia e da maior movimentação nas minas.

O EBITDA ajustado foi de R$ 2,7 bilhões, com uma margem EBITDA ajustada de 23,9%, queda de 37% na comparação com igual intervalo de 2021 e de 17% na comparação com o segundo trimestre deste ano. Segundo o relatório da companhia, a redução de rentabilidade é consequência direta da pressão de custos no segmento de siderurgia e do impacto dos preços de minério e aço nos mercados internacionais, que acabaram por compensar a maior atividade comercial registrada no período.

A companhia ressaltou o efeito temporário dessa pressão, uma vez que já é possível verificar uma acomodação dos custos e preços para o resultado no final do ano. Além disso, é válido observar também o impacto da incorporação da LafargeHolcim no segmento de cimentos, cujo EBITDA aumento em 58,4% no terceiro trimestre de 2022, mesmo considerando apenas um mês de resultado da operação.

As despesas com vendas, gerais e administrativas totalizaram R$ 798 milhões no 22,6% superior ao registrado no trimestre anterior, como consequência do aumento da atividade comercial verificada no período para os diferentes segmentos de atuação, mas parcialmente compensado por preços mais baixos com os fretes na rota C3.

O resultado financeiro foi negativo em R$ 318 milhões, o que representa uma retração de 64,3% em relação ao trimestre anterior, como consequência da formalização das despesas financeiras após um trimestre com pouca variação no valor das ações da Usiminas.

A dívida líquida consolidada atingiu R$ 24,3 bilhões, com o indicador de alavancagem medido pela relação Dívida Líquida/EBITDA alcançando 1,69x. Esse aumento da alavancagem é consequência dos desembolsos realizados no período, com o pagamento da aquisição da LafargeHolcim, além da emissão de novas dívidas, como a segunda Emissão Debêntures da CSN Mineração. No entanto, apesar dessa maior necessidade de desembolsos financeiros, a CSN manteve a sua política de carregar um caixa elevado, que neste trimestre atingiu aproximadamente R$ 15,7 bilhões.

Os investidos no terceiro trimestre foram de R$ 839 milhões, um desempenho estável em relação ao trimestre anterior com o aumento nos investimentos em cimentos compensando o atraso na entrega de pedidos para os projetos de expansão o segmento de mineração, que devem apresentar uma concentração maior no início de 2023.

A produção de placas somou 1.027 mil toneladas, um desempenho 15,4% superior em relação ao trimestre anterior. Por sua vez, a produção de laminados planos, nosso principal mercado de atuação, atingiu 911 kton, o que representa um crescimento de 18,7% em relação ao 2T22, em decorrência da normalização do processo produtivo uma vez que o trimestre anterior foi impactado por manutenções planejadas.

As vendas totais atingiram 1.160 mil toneladas no terceiro trimestre de 2022, volume 18,2% superior ao registrado no mesmo período do ano passado. Ao se analisar o comportamento nos diferentes mercados, percebe-se que as vendas domésticas foram as principais responsáveis por esse crescimento ao somar 859 mil toneladas de produtos siderúrgicos, aumento de 18,7% em relação ao segundo trimestre de 2022, como resultado de uma demanda bastante resiliente e preços mais competitivos.

No mercado externo, as vendas somaram 301 mil toneladas e foram 12% inferiores às realizadas no segundo trimestre de 2022, como consequência de um menor volume de vendas verificado na Europa, afetando o resultado da SWT e Lusosider. Durante o trimestre, 22 mil toneladas foram exportadas de forma direta e 279 mil toneladas foram vendidas pelas subsidiárias no exterior, sendo 62 mil toneladas pela LLC, 159 mil toneladas pela SWT e 58 mil toneladas pela Lusosider.

A receita líquida na Siderurgia atingiu R$ 7,6 bilhões, um desempenho estável em relação ao trimestre anterior. Conforme comentado anteriormente, o intenso aumento da atividade comercial acabou sendo compensado pela redução Venda por Segmento de Mercado no preço doméstico, gerando essa receita marginalmente menor. O EBITDA ajustado da siderurgia atingiu R$ 1,2 bilhão e foi 34,3% inferior ao obtido no segundo trimestre de 2022, com uma margem EBITDA de 16,3% (-8,5 p.p.).

PROJEÇÕES

A CSN também divulgou a atualização de suas projeções. A siderúrgica informou a substituição do Capex Consolidado de R$ 4,1 bilhões para R$ 3 bilhões em 2022.

A projeção é produzir um volume total de minério de ferro mais compras de terceiros de 34.000 kton no fechamento de 2022; e substituição da projeção de alavancagem, medida pelo indicador Dívida Líquida/EBITDA Ajustado de 1,0x em 2022 para um patamar entre 1,75x e 1,95x entre os fechamentos dos balanços anuais de 2022 e 2023.

MINERAÇÃO

A produção de minério de ferro somou 9.625 mil toneladas, o que representa um aumento de 16% em relação ao segundo trimestre de 2022, como resultado do aumento na performance dos projetos integrados à Planta Central e do menor volume pluviométrico, que permitiu uma melhora da produção e eficiência nas minas da companhia.

O volume de vendas atingiu 9.095 mil toneladas no 3T22, um desempenho 20,1% superior ao trimestre anterior como consequência do maior volume produzido e do período mais seco observado ao longo do trimestre, possibilitando um aumento nos embarques portuários. Para contextualizar essa performance, o volume de vendas para o mercado externo foi 19% superior ao do trimestre passado.

A receita líquida totalizou R$ 2,5 bilhões, 3,1% inferior à registrada no trimestre passado, como resultado de uma menor realização de preço que acabou por compensar o maior volume de vendas apresentado no período.

A receita líquida unitária foi de US$ 53,23 por tonelada úmida, o que representa uma diminuição de 25,8% contra o segundo trimestre de 2022, um desempenho que reflete não apenas o menor preço do índice de referência, mas também o impacto da realização de preços provisionados em trimestres anteriores, dada a alta volatilidade apresentada no período. Esses fatores foram parcialmente compensados por um melhor mix de produtos com maior participação de produção própria em relação a compras de terceiros, melhoria de qualidade e redução no custo de frete durante o trimestre.

O EBITDA Ajustado atingiu R$ 916 milhões, com margem EBITDA trimestral de 36,3% ou 0,5 p.p. inferior à registrada no segundo trimestre de 2022. Essa estabilidade na margem EBITDA é resultado direto de fatores exógenos e da alta volatilidade do preço do minério ao longo do ano. Por outro lado, quando se observa a queda no custo de produção e de frete, tem-se uma perspectiva mais otimista em relação ao aumento de rentabilidade para os próximos trimestres.