Itaúsa está preparada para enfrentar um ano desafiador e de baixo crescimento por cenário macro difícil, diz CEO

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São Paulo – A Itaúsa disse estar preparada para enfrentar um ano que prevê baixo crescimento econômico e juros elevados, que deve influenciar no resultado de suas companhias investidas, na teleconferência de resultados do quarto trimestre, realizada na manhã desta terça-feira. De acordo com Alfredo Egydio Setubal, CEO e diretor de Relações com Investidores da Itaúsa, a empresa está preparada financeiramente, com baixa alavancagem e diversificada para passar por esse cenário difícil esperado para 2023.

A empresa disse que a LD Celulose, joint venture da Dexco com a a austríaca Lenzing.anunciada em abril de 2022, após investimento de R$ 2,1 bilhões na ampliação da capacidade (ramp up) na fábrica em Minas Gerais. “Estamos otimistas com essa diversificação da Dexco, que vai resultar numa receita dolarizada”, comentou.

Em relação ao cronograma de vendas das ações da XP, a Itaúsa disse que vai manter a estratégia de desinvestimento, mas que vai aguardar um cenário mais favorável do mercado para vender as ações remanescentes.

A holding vendeu R$ 6 bilhões em ações da XP em 2022, ao preço médio de R$ 122 (a cotação de hoje está em torno de R$ 60). Os recursos foram utilizados em distribuição de juros sobre o capital próprio, aumento de capital, R$ 1,5 bilhão para a compra de participação na CCR, pagamento da aquisição da Rothy’s pela Alpargatas. Assim, a venda de ações da companhia colaborou para a redução da alavancagem da Itaúsa.

De acordo com Alfredo Egydio Setubal, CEO e diretor de Relações com Investidores da Itaúsa, o ano de 2022 foi bastante desafiador, com juros muito altos elevados pelo Banco Central, que impactaram nos resultados das nossas investidas. O ambiente internacional também foi difícil, com impactos para commodities e vendas no exterior.

“A empresa tem um patrimônio líquido sólido, com empresas com baixa alavancagem, que foi percebido pelo mercado e resultou em bom desempenho das nossas investidas na Bolsa”, disse o executivo.

A Itaúsa encerrou 2022 dívida líquida de R$ 3,8 bilhões, custo médio CDI+1,61% ao ano, endividamento de 5% e alavancagem (dívida líquida sobre NAV) de 4%. O valor dos ativos da holding totalizou R$ 91,3 bilhões. Na Bolsa, a empresa encerrou o ano passado com valor de mercado de R$ 82,6 bilhões, um desconto de 19,2%, segundo dados apresentados na reunião.

Ontem, a empresa anunciou declaração antecipada de juros sobre o capital próprio (JCP) de 2023, de R$ 637 milhões (R$ 0,066 por ação) aos acionistas registrados em 23 de março, para pagamento até 31 de agosto.

RESULTADO DE 2022

A holding Itaúsa avaliou os resultados divulgados na noite de 20 de março como “sólidos resultados”, em comunicado. “A Itaúsa, maior holding de investimentos de capital aberto do país, apresentou mais um ano de resultados consistentes em 2022, refletindo a solidez do portfólio e a gestão eficiente de ativos.”

O lucro líquido recorrente anual da holding foi o maior da série histórica e atingiu R$ 13,7 bilhões, 14% maior que o registrado em 2021, em função do melhor resultado proveniente das empresas investidas (Itaú Unibanco e NTS, principalmente), bem como do ganho de capital com vendas de ativo não estratégico realizadas ao longo do ano. O valor total dos ativos atingiu R$ 102 bilhões, crescimento de 1,8% em relação ao ano anterior. E o ROE recorrente atingiu 20,0%, 0,2 pontos percentuais a mais que em 2021.

“Nossos resultados de 2022 refletem a solidez do nosso portfólio, mesmo diante de um ano desafiador para a economia do Brasil e do mundo. Esses números reforçam nossa estratégia de investir com responsabilidade em negócios sólidos, com marcas fortes e setores relevantes, que impactam positivamente o desenvolvimento do país”, afirmou o presidente da Itaúsa, Alfredo Setubal.

Alinhada ao processo evolutivo de gestão de portfólio, a Itaúsa conduziu importantes transações na frente de alocação de capital. Os destaques foram a aquisição de 10,33% da CCR, no montante de R$ 2,9 bilhões, o aporte de R$ 800 milhões na Alpargatas no seu processo de follow-on, bem como a venda de 41 milhões de ações (7,1% do capital) da XP em 2022, ao valor de R$ 4,7 bilhões (preço médio de R$ 114 por ação), reduzindo sua participação na companhia para 6,6%.

Em linha com a sua estratégia de desalavancagem e gestão financeira prudente, a Itaúsa utilizou recursos provenientes de alienações de ações da XP para realizar pré-pagamento de dívida, no montante de R$ 1,8 bilhão. Com isso, o endividamento da Companhia dos próximos três anos foi reduzido em 38%, não havendo amortizações de dívida a serem realizadas nos próximos 2 anos.

No que diz respeito à governança e sustentabilidade, a Companhia anunciou ao mercado avanços na sua estratégia ESG, instituiu o Comitê de Auditoria e, por fim, lançou o Instituto Itaúsa. Com o objetivo de apoiar iniciativas que promovam o bem-estar social, aumentem a produtividade e preservem o meio ambiente, em 2023 serão destinados R$ 10 milhões ao Instituto e, a partir de então, R$ 50 milhões por ano.

Os investidores que permaneceram como acionistas da holding nos últimos 12 meses (finalizados em 31/12/2022) receberão proventos 12% superiores àqueles de 2021, uma vez que o montante líquido total declarado pela Itaúsa em 2022 foi de R$ 4,0 bilhões (ou R$ 0,4286 de proventos por ação).