Itaú BBA rebaixa recomendação por corte nos preços abaixo do esperado; ação cai mais de 5%

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Foto: Divulgação/Petrobras

São Paulo – As ações da companhia registram forte queda nesta terça-feira, após a aprovação, com restrições, pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), da venda da Refinaria Isaac Sabbá (Reman), para o Grupo Atem, e da divulgação da fase vinculante referente à venda integral da Unidade de Fertilizantes Nitrogenados III, no Mato Grosso do Sul. Às 15h32 (horário de Brasília), os papéis PETR3 e PETR4 recuavam 5,27% e 5,59%, respectivamente.

Ontem a companhia também voltou a anunciar corte de preço de combustíveis, o que vem desagradando o mercado.

Um exemplo é o Itaú BBA, que rebaixou a recomendação da ação preferencial e das ADRs da companhia Petrobras para “market perform”, de outperform (equivalente à compra), e cortou os preços da ação preferencial (PETR4) e das ADRs para os valores justos de R$ 38 (de R$ 43) e US$ 14,5 para o ano atual, para incorporar os ajustes recentes dos preços do diesel e da gasolina no mercado doméstico, um custo de capital mais alto e o pagamento de dividendos anunciado pela empresa para o segundo trimestre.

O relatório aponta que apesar de ação ter rendido um retorno total ao acionista de 57% na forte geração de caixa e um excelente pagamento de dividendos, quase atingindo a estimativa inicial de 63% dos analistas, ocorreram importantes mudanças no cenário macroeconômico que tornaram o ambiente para os mercados acionários mais desafiador, além das relacionadas à empresas já mencionadas.

O Itaú BBA considera que a distribuição de dividendos foi muito acima do esperado e que a acomodação dos preços internacionais ocorreu antes do esperado. “Embora ainda esperemos que a Petrobras apresente resultados sólidos em fundamentos sólidos, prevemos meses de alta volatilidade pela frente, o que nos levou à margem de espera por um caminho claro para a tese de investimento da empresa”, escreveu a analista Monique Greco.

CADE APROVA VENDA DA REMAN

O Tribunal do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou com restrições a venda da Refinaria Isaac Sabbá (Reman), no Amazonas, pela Petrobras para a Ream Participações, do Grupo Atem, em sessão extraordinária nesta terça-feira. A aprovação era amplamente esperada.

O órgão determinou que a Ream terá que garantir acesso de quaisquer distribuidoras ao Terminal de Uso Privado (TUP) da refinaria, em Manaus, devido à sua importância para a movimentação de combustíveis para o Estado.

As restrições foram propostas pela Petrobras e pela compradora, como forma de evitar uma reprovação da operação, após distribuidoras de combustíveis Raízen e Ipiranga alegarem que haveria verticalização do mercado na região, uma vez que o Grupo Atem já atua na distribuição de combustíveis.

Em 25 de agosto de 2021, a Petrobras assinou um contrato para alienação do ativo, por US$ 189,5 milhões, para o grupo Atem (distribuidor de combustíveis da Região Norte), como parte de um acordo firmado em 2019 com o Cade. No acordo, a Petrobras se comprometeu a vender oito refinarias e ativos logísticos, como dutos e um terminal aquaviário (TUP Reman), para aumentar a concorrência neste mercado.

Localizada à margem esquerda do Rio Negro, em Manaus, estado do Amazonas, a Reman foi incorporada como ativo da Petrobras em 1974 e tem capacidade de processamento de 46 mil barris por dia.

Em 4 de agosto, o Cade informou que a conselheira e então relatora do processo, Lenisa Prado, pediu o adiamento do julgamento para a próxima sessão, que ocorreu em 17 de agosto. A relatora aprovou o negócio sem restrições, mas houve novo pedido de vista, do conselheiro Gustavo Augusto.

Em maio, a superintendência-geral do Cade chegou a aprovar a operação sem remédios, apesar de a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) ter recomendado medidas vinculantes à conclusão do negócio. A conselheira Lenisa Prado, porém, reabriu a análise, o que levou o processo ao tribunal.