Inflação pode ficar acima da meta de BCE de forma transitória, diz Lagarde

325
A presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde / Foto: BCE

São Paulo – A nova meta de inflação simétrica em 2% do Banco Central Europeu (BCE) significa que desvios são indesejáveis, mas em um ambiente de juros baixos os preços podem ficar acima da meta de forma transitória, disse a presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde.

“Nosso compromisso-chave é com a meta de 2%”, afirmou Lagarde, em coletiva de imprensa para detalhar a conclusão da revisão estratégica iniciada em janeiro de 2020. “Simetria quer dizer que é igualmente indesejável desvios positivos e negativos”.

Segundo ela, a inflação não estará constantemente na meta. “Pode haver desvios temporário da meta é e está tudo bem. O que estamos preocupados é com quaisquer desvios da meta duráveis e sustentáveis, e isso vai exigir reação forte em ambas as direções”, disse.

“Reconhecemos que o limite inferior efetivo constitui limitações e temos que tomar ações específicas para simplesmente manter simetria nesta situação. Essa situação requer uma reação especial persistente para evitar que desvios negativos da meta arrisquem intrincar as expectativas de inflação em caso de choque adverso nessa situação. Uma reação forte será necessária”, afirmou.

Segundo a presidente do BCE, “perto de limite inferior efetivo estas ações devem ser mais persistentes, e isso pode implicar que por um período transitório a taxa de inflação fique moderadamente acima de meta”.

Ela disse ainda que está claro para todos do Conselho que a ferramenta-chave é a taxa de juros. “Também reconhecemos que em circunstâncias onde operamos outras ferramentas são necessárias para responder a choques adversos que enfrentamos”.

RISCOS DEFLACIONÁRIOS

A nova meta também garante maior eficácia em resposta a riscos deflacionários, disse a presidente da instituição, disse Lagarde na coletiva.

“Para melhorar a clareza do nosso objetivo de estabilidade de preços, e visando a melhor ancorar as expectativas de inflação, decidimos alterar a nossa formulação da meta”, disse Lagarde. “O Conselho do BCE considera que a estabilidade de preços é mais bem mantida visando a atingir uma meta de inflação de 2% a médio prazo”.

Segundo a presidente do BCE, a nova meta “fornece uma margem de segurança para proteger a eficácia da política monetária na resposta a choques deflacionários e para evitar o risco de deflação”, além de ser clara e fácil de comunicar

Lagarde afirmou que a meta anterior de “perto, mas abaixo de 2%” dava origem a interpretações errôneas quanto às ambições do BCE.

“A nova formulação remove qualquer ambiguidade possível e transmite resolutamente que 2% não é um teto. O compromisso do Conselho do BCE com a meta de 2% simétrico. Simetria significa que o Conselho do BCE considera os desvios negativos e positivos da inflação em relação à meta igualmente indesejáveis”.

Já a orientação de médio prazo da meta, que foi mantida na revisão, reconhece que a política monetária não deve tentar ajustar a evolução de curto prazo da inflação, disse Lagarde.

“A orientação de médio prazo nos permite olhar para o futuro e responder com flexibilidade às flutuações do produto e da inflação. A flexibilidade é importante, uma vez que a resposta política apropriada depende das circunstâncias, bem como da fonte, magnitude e persistência dos choques que afetam a economia”.

Além disso, a orientação de médio prazo permite outras considerar outras questões relevantes para a estabilidade de preços, como emprego, riscos de estabilidade financeira e mudanças climáticas.