Governo considera que leilão de aeroportos foi bem sucedido mesmo com poucos interessados

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Foto: Pexels

São Paulo – O governo federal avalia que a sétima rodada de concessões aeroportuárias à iniciativa privada, realizado hoje na B3, em São Paulo, foi bem sucedido, considerando o cenário desafiador da economia, considerando a concorrência com outros países emergentes nessa área.

“O cenário macro atual é desafiador, com juros altos e riscos. Estamos fechando o planejamento de concessões de aeroportos com êxito, oferecendo a melhor infraestrutura aeroportuária e empresas como a Aena, que é uma das maiores operadoras de aeroportos do mundo”, comentou o ministro da infraestrutura em exercício, Marcelo Sampaio, em entrevista coletiva a jornalistas após o leilão.

O ministro defendeu a realização do leilão mesmo com poucos interessados por respeito ao cronograma e ao planejamento e disse que o interesse do governo não era na outorga, mas nos investimentos de R$ 7,3 bilhões contratados para os próximos 30 anos. “Os investimentos serão em segurança, expansão da oferta de voos e redução de custos para universalizar os serviços”, resumiu o ministro.

O governo disse que o contratos de concessão vêm sendo aperfeiçoados e que o da sétima rodada trouxe inovações relevantes e que “são estudo de caso mundo afora”. O ministro disse o principal aperfeiçoamento nos contratos referem-se à flexibilização da outorga. “Com a outorga fixa, mesmo com ativos bons, as empresas não conseguiam chegar ao fim do contrato. Então, alteramos para a outorga variável. O ágio é pago na assinatura do contrato e não em impacto no fluxo de caixa ao longo da concessão”, explicou.

INVESTIDORES

A XP avalia que a área no entorno do aeroporto do Campo do Marte, em São Paulo (SP), terá grandes oportunidades de desenvolvimento imobiliário, disse Túlio Machado, representante da XP, que estreou no segmento de aeroportos no leilão de hoje, com o Bloco Aviação Geral, formado pelos aeroportos de Campo de Marte e Jacarepaguá, no Rio de Janeiro (RJ), por R$ 141,4 milhões.

María Rubio, diretora da Aena, única interessada no bloco SP-MS-PA-MG, liderado pelo Aeroporto de Congonhas (SP), disse que “toda a equipe da empresa estava dedicada a esse projeto, que será executado com a máxima eficiência”. A Aena foi a única a oferecer proposta pelo bloco, de R$ 2,45 bilhões, ágio de 231,82% ante a valor mínimo de R$ 740,1 milhões. O bloco também inclui os aeroportos de Campo Grande, Corumbá e Ponta Porã, no Mato Grosso do Sul (MS); Santarém, Marabá, Parauapebas e Altamira, no Pará (PA); Uberlândia, Uberaba e Montes Claros, em Minas Gerais (MG).

A Aena opera 46 aeroportos na Espanha, além de estar presente no Reino Unido, México, Colômbia e Jamaica. No Brasil, já opera seis aeroportos na região Nordeste. Desde janeiro de 2020, opera os aeroportos Presidente João Suassuna, em Campina Grande (PB), e Orlando Bezerra de Menezes, em Juazeiro do Norte (CE), e desde fevereiro, os aeroportos Zumbi dos Palmares, em de Maceió (AL), Santa Maria, em Aracaju (SE) e Presidente Castro Pinto, em João Pessoa (PB), e desde março, o Aeroporto Internacional de Recife/Guararapes-Gilberto Freyre (PB).

“Estes seis aeroportos da região nordeste do Brasil registraram em 2019 um tráfego de mais de 13,8 milhões de passageiros, 6,5% do total do tráfego brasileiro. Concretamente, o aeroporto de Recife é o oitavo do Brasil por tráfego de passageiros totais e o sexto por tráfego de passageiros internacionais”, afirma a Aena.

O representante da Socicam disse que “levará inteligência, agilidade e capacidade de negociação que a empresa possui por gerir 26 aeroportos”, e que pretende oferecer a melhor grade de horários e concectividade aos aeroportos. Em Belém, espera aumentar a capacidade com aumento da pista, e a ligação com Macapá. A empresa formou o Consórcio Novo Norte junto com a Dix e Socicam e venceu a disputa com a Vinci Airports pelo Bloco Norte II, integrado pelos aeroportos de Belém (PA) e Macapá (AP), por R$ 125 milhões, ágio 119,78% ante o valor inicial mínimo foi definido no edital em R$ 56,9 milhões.

BALANÇO DA ANAC

Os 15 aeroportos leiloados pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) nesta quinta-feira, na B3, em São Paulo, renderam um total de R$ 2,716 bilhões para o Governo Federal. O valor total inicial a ser pago pelos vencedores da 7 rodada de concessão representa um ágio médio de 116,94% em relação ao lance mínimo inicial total de R$ 938,4 milhões.Os aeroportos serão concedidos à iniciativa privada por um período de 30 anos.

Os três blocos de aeroportos processam, juntos, aproximadamente 15,8% do total do tráfego de passageiros do país, o equivalente a mais de 30 milhões de passageiros por ano (dados de 2019, período pré-pandemia). Entre 2011 e 2021, o programa de concessão aeroportuária no Brasil concedeu o equivalente a 75,82% do tráfego nacional à iniciativa privada. Somado à 7 rodada, esse percentual atingirá 91,6% de passageiros atendidos em aeroportos concedidos.

O Bloco SP-MS-PA-MG, liderado por Congonhas (SP), e composto ainda pelos aeroportos Campo Grande, Corumbá e Ponta Porã, no Mato Grosso do Sul (MS); Santarém, Marabá, Parauapebas e Altamira, no Pará (PA); Uberlândia, Uberaba e Montes Claros, em Minas Gerais (MG), foi arrematado pela Aena Desarollo Internacional SME SA por R$ 2,45 bilhões, com ágio de 231,02% em relação ao lance mínimo inicial de R$ 740,1 milhões.

Integrado pelos aeroportos de Campo de Marte, em São Paulo (SP) e Jacarepaguá, no Rio de Janeiro (RJ), o Bloco Aviação Geral teve como vencedor a XP Infra IV FIP EM INFRAESTRUTURA, com ágio de 0,01% em relação ao lance mínimo inicial de R$ 141,3 milhões. O bloco foi arrematado por R$ 141,4 milhões.

Já o Bloco Norte II, formado pelos aeroportos de Belém (PA) e Macapá (AP), foi arrematado pelas empresas Dix e Socicam, integrantes do Consórcio Novo Norte. O grupo pagou R$ 125 milhões pelos dois aeroportos do bloco, com ágio de 119,78% em relação ao lance mínimo inicial de R$ 56,9 milhões.

O leilão da 7a. rodada de concessões de aeroportos foi realizado na B3, em São Paulo, e contou com a concorrência de quatro proponentes habilitados. O certame teve início às 14h e foi concluído por volta de 15h, após 30 minutos de disputa de lances em viva voz.