Fed resistirá à pressão do mercado por ajuste na política, diz Bostic

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O presidente do Federal Reserve de Atlanta, Raphael Bostic, discursa no Center for American Program (CAP) / Foto: CAP

São Paulo – O presidente da unidade do Federal Reserve (Fed) de Atlanta, Raphael Bostic, disse que o banco central norte-americano resistirá à pressão dos mercados por um ajuste em sua política, reforçando que decisões são baseadas no progresso da economia na direção do mandato duplo de estabilidade de preços e pleno emprego.

“O Fed resistirá à pressão dos mercados. O julgamento do Fed é baseado em dados. Se notarmos que há progresso substancial em direção das metas, defenderei uma ação, mas não há nenhum sinal de que isso vai acontecer neste momento”, afirmou ele em entrevista para a Bloomberg TV.

Bostic, que este ano tem direito a voto, classificou o momento atual da economia norte-americana como uma transição. “Estamos em um período de transição de uma recessão para uma recuperação, estamos em um período de retomada”, disse.

Neste sentido, o chefe do Fed de Atlanta disse que a aceleração da inflação nos Estados Unidos será transitória, excluindo qualquer ação do banco central a exemplo do aumento da taxa de juros – hoje perto de zero – para lidar com o aumento de preços.

“Os preços vão subir com a reabertura econômica, mas tudo leva a crer que será temporário. Seguimos avaliamos se esse movimento vai se sustentar. As pessoas começaram a gastar mais e precisamos entender se esse comportamento vai se manter”, afirmou ele.

Questionado sobre a definição de transitório, Bostic explicou: “transitório é quando temos um choque, especialmente do lado da oferta, mas que vai se resolver, não terá um efeito prolongado sobre como as pessoas produzem e compram. É um momento temporário e contextualizado, que não muda um comportamento”.

“Por outro lado, se virmos uma reavaliação das empresas e das pessoas, nós observaremos. Essa mudança de comportamento é difícil de detectar em dados em tempo real, mas trabalhamos para fazer isso o mais rápido possível”, acrescentou.

A inflação medida pelo índice de preços ao consumidor norte-americano subiu 4,2% em abril,   levando o mercado a especular sobre um possível aumento da taxa de juros antes do previsto para conter essa aceleração.

Vários membros do Fed, no entanto, insistem que esse aumento de preços não vai se sustentar e que as medidas de acomodação devem ser mantidas, incluindo a compra de US$ 120 bilhões em títulos do Tesouro e hipotecas a cada mês.