EUA vão pressionar China a cumprir acordo comercial e manterão tarifas

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A vice-presidente dos EUA, Kamala Harris, recebe o juramento de Katherine Tai como representante comercial / Foto: Casa Branca

São Paulo – Os Estados Unidos querem retomar rodadas de negociações comerciais com a China e manterão as atuais tarifas a produtos chineses em vigor, disse a representante comercial norte-americana, Katherine Tai, ao apresentar a revisão estratégica da administração do presidente Joe Biden sobre as relações econômicas entre os dois países.
“Nosso objetivo não é inflamar as tensões comerciais com a China”, afirmou Tai. “Mas, acima de tudo, devemos defender – ao máximo – nossos interesses econômicos. Isso significa tomar todas as medidas necessárias para nos proteger contra as ondas de danos infligidos ao longo dos anos pela concorrência desleal”, disse.
“Precisamos estar preparados para implantar todas as ferramentas e explorar o desenvolvimento de novas, inclusive por meio da colaboração com outras economias e países. E devemos traçar um novo rumo para mudar a trajetória de nossa dinâmica comercial bilateral”.
Segundo ela, os Estados Unidos trabalharão em estreita colaboração com seus aliados e parceiros “com ideias semelhantes para construir um comércio internacional verdadeiramente justo que permita uma concorrência saudável”.
Tai afirmou que manterá conversas francas com o representante comercial da China, o vice-premiê Liu He, nos próximos dias. “Isso incluirá a discussão sobre o desempenho da China sob o acordo da fase um. E também nos envolveremos diretamente com a China em suas políticas industriais”, disse Tai.
O acordo de fase um, assinado em janeiro de 2020 sob o governo do ex-presidente norte-americano Donald Trump, prevê que a China compre ao menos US$ 200 bilhões a mais em bens e serviços dos Estados Unidos entre 2020 e 2021, em comparação com 2017. Também inclui obrigações da China em relação à propriedade intelectual e transferência de tecnologia, e melhor acesso ao mercado para os setores de agricultura e serviços financeiros.
“Ele estabilizou o mercado, especialmente para as exportações agrícolas dos Estados Unidos. Mas nossa análise indica que, embora os compromissos em certas áreas tenham sido cumpridos e certos interesses comerciais tenham visto benefícios, houve deficiências em outras”, disse Tai.
Segundo ela, o acordo não abordou de forma significativa as preocupações com as práticas comerciais da China, e mesmo com o pacto em vigor “o governo da China continua a despejar bilhões de dólares em setores-alvo e continua a moldar sua economia de acordo com a vontade do Estado”.
Com relação às tarifas, ela disse que será iniciado um processo de exclusão tarifária direcionado. “Asseguraremos que a estrutura de aplicação existente atenda de maneira otimizada aos nossos interesses econômicos. Manteremos aberto o potencial para processos de exclusão adicionais”, disse.