Estou inclinado a subir mais as taxas, diz Kashkari, do Fed

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Kneel Kashkari, presidente do Fed de Minneapolis / Crédito: Fed de Minneapolis

São Paulo – O presidente da unidade de Minneapolis do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Neel Kashkari, disse acreditar que mais altas são necessárias na taxa báisca de juros depois dos últimos dados de inflação e emprego no país.

Kashkari também disse manter a “mente aberta” sobre um aumento de 0,25 ponto percentual (pp) ou 0,5 pp na próxima reunião marcada para os dias 21 e 22 de março.

“Estou mantendo a mente aberta em relação a um aumento de 0,25 ou 0,5 pp na próxima reunião. No entanto, o mais importante é a taxa terminal que sinalizaremos no gráfico de pontos”, disse ele, se referindo ao documento publicado a cada três meses onde os membros do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) colocam suas perspectivas de taxa de juros, PIB e inflação a longo prazo.

Kashkari disse que em dezembro havia previsto uma taxa terminal de 5,4%, prevendo um tempo prolongado de manutenção neste nível. “Ainda não decidi qual minha nova perspectiva, mas precisaremos continuar aumentando as taxas na minha opinião”, disse o presidente do Fed de Minneapolis, que neste ano é membro votante do Fomc.

“Os dados do mês passado – inflação mais alta do que esperávamos e um forte relatório de empregos – foram preocupantes, sugerindo que não estamos progredindo tão rapidamente quanto gostaríamos”, disse Kashkari. “Ao mesmo tempo, não devemos reagir exageradamente a um mês de dados, mesmo que os dados sejam preocupantes.”

Ele afirmou que a economia norte-americana não está em recessão, mas não descarta a possibilidade dela acontecer. “Queremos um soft landing, mas o histórico de quantas vezes isso foi possível é ruim. O que pode consolar é que a recuperação tem grandes chances de ser rápida”, falou Kashkari, se referindo ao termo usado para quando o banco central consegue restringir a economia sem desacelera-la a ponto de uma crise.

Segundo Kashkari, apesar dos efeitos da política monetária terem um atraso em seus efeitos, “seria pior apertarmos de menos do que demais”, explicando que no último caso seria mais fácil reverter a situação.

Sobre o mercado de trabalho, ele afimrou que a pandemia reduziu a população economicamente ativa. “Muita gente morreu, se aposentou mais cedo e as migrações pararam”, diz ele. “A política monetária não consegue equilibrar problemas estruturais. Nesse caso, é preciso repensar a política de imigração aqui, pois essa é a solução mais efeitva”.

Julio Viana / Agência CMA

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