Equatorial e Energisa podem comprar Celg-D da Enel, diz BofA

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Foto: União Europeia (UE)

São Paulo – O Bank of America (BofA) divulgou um relatório em que analisa a possível venda da distribuidora de energia Celg-D, da Enel em Goiás, por seu controlador, o grupo italiano Enel.O banco avalia que Equatorial e Energisa têm mais chances de fazer a aquisição entre as empresas citadas em reportagens,

A distribuidora atende sete milhões de habitantes no estado de Goiás e tem uma base de ativos regulatórios (RAB) estimada em R$ 7,5 bilhões em 2022, diz o BofA.

Os analistas do BofA avaliam que, embora nenhuma oferta oficial tenha sido divulgada, notícias na imprensa citaram uma avaliação de R$ 10 bilhões para a Celg, que estimam implicar 1,34x EV/RAB e 10,3% de TIR real (desalavancada).

Entre os proponentes interessados, o BofA destaca que, dentro de sua cobertura, as empresas Equatorial e Energisa foram citadas entre as que estão analisando o ativo, junto com CPFL Energia, Energias do Brasil (EDP) e Neoenergia.No entanto, as administrações da CPFL, EDP e Neoenergia afirmaram que dificilmente irão licitar.

“Assim, vemos a Equatorial e a Energisa como potenciais proponentes mais prováveis devido ao seu histórico de consolidação. Nos últimos 10 anos, a Energisa adquiriu seis distribuidoras e a Equatorial quatro. Dada a expertise de turnaround das duas companhias, vemos duas oportunidades principais na Celg caso um negócio ocorra em redução de 200 pontos-base nas perdas de energia (total/carga da rede), o que poderia adicionar R$150 milhões por ano de ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) e redução de 20% no Opex por unidade, o que poderia agregar R$ 240 milhões por ano ao ebitda”, comentaram os analistas.

Por outro lado, a análise cita dois riscos associados ao ativo, com base nas demonstrações financeiras da Celg-D: R$ 5 bilhões de passivos extrapatrimoniais, principalmente relacionados a litígios cíveis e trabalhistas e incerteza sobre o reconhecimento no RAB de investimentos de R$ 5 bilhões feitos nos últimos quatro anos, uma vez que o capex implantado superou amplamente a depreciação regulatória.

Para o segundo risco, o relatório informa que a Aneel avaliará o RAB da Celg no 2T23, a ser incorporado em sua revisão em outubro do ano que vem. Outros fatores incluem o Funac, um fundo criado pelo o estado de Goiás para cobrir potenciais passivos anteriores a janeiro de 2015, antes da privatização da Celg. “Embora o Funac possa compensar os riscos do passivo (R$ 1 bilhão contabilizado), há uma disputa judicial que revoga o fundo”, explicam.

Por fim, a análise cita que a Celg não atende aos parâmetros de qualidade desde sua privatização em 2016, o que pode levar a Aneel a confiscar sua concessão no início de 2023.