Em sessão volátil, Bolsa fecha em leve alta com percepção de melhora de risco político

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Foto: energepic.com / Pexels

São Paulo – A Bolsa fechou em leve alta em uma sessão volátil em meio à piora no exterior e com os ataques à democracia praticados ontem no radar, mas com a percepção dos agentes financeiros de que houve um alinhamento dos poderes para que o risco político anemizasse.

Os papéis Petrobras (PETR3 e PETR4) subiram 0,66% e 0,54% acompanhando a forte valorização do petróleo. As ações da Hapvida (HAPV3) lideraram a queda do índice por conta do rebaixamento de “compra” para “neutro” por parte do JP Morgan e Bradesco BBI. Os papéis caíram 11,01%.

O principal índice da B3 subiu 0,15%, aos 109.128,29 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em fevereiro cedeu 0,31%, aos 110.265 pontos. O giro financeiro foi de R$ 10,4 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam em mistas.

Felipe Leão, especialista da Valor Investimentos, afirmou que a Bolsa firma alta moderada “com a melhora da percepção do risco político após os três poderes se mostrarem alinhados no combate aos atentados de ontem em Brasília, ademais de a ajuda externa com a expectativa do Fed de desacelerar a alta de juros”.

Idean Alves, sócio e chefe da mesa de operações da Ação Brasil Investimentos, disse que o mercado tem reação moderada após os atos de vandalismo no DF.

“Apesar dos riscos no radar, que foram sentidos na abertura do pregão, o mercado absorveu o impacto e passou a operar no positivo manter a cautela segue sendo importante para sobreviver a semana que promete ser bastante volátil”.

Flávio Aragão, sócio da gestora 051 Capital, disse que a invasão de ontem aos prédios dos três poderes em Brasília “foi super bem gerida pelo governo com a com a intervenção federal no DF, afastamento do Ibaneis pelo STF [Ibaneis Rocha, governador do Distrito Federal], um problema que parece ter resolvido, não é uma revolta duradoura, tudo indica que é uma revolta popular pontual o meu receio não era o movimento, mas a gestão dele. uma GLO -operação de Garantia da Lei e da Ordem, intervenção federal que travasse todas as PECs e não foi dessa forma”.

Aragão afirmou que o mercado segue “muito amassado e, no curto prazo, todo esse cenário gera muito volatilidade, mas no longo, não tem risco efetivo para ao investidor porque o dano não é permanente para se preocupar, a não ser que o movimento ganhe força e repercuta de outra maneira e assuste o mercado”.

O sócio da gestora 051 Capital chamou a atenção para reabertura chinesa, que pode “ser um ponto interessante para o Brasil”.

O dólar comercial fechou em alta de 0,38%, cotado a R$ 5,2570. A moeda foi perdendo força ao longo da sessão, à medida que os atos antidemocráticos, ocorridos ontem em Brasília, foram prontamente dissipados e condenados por diversos setores da sociedade, e fechou longe das máximas do dia (R$ 5,3080).

“É um ruído institucional, mas a velocidade de dissipação ajudou a reduzir a volatilidade no mercado”, observa o economista da BlueLine, Flávio Serrano, referindo-se aos acontecimentos na Capital Federal.

Serrano também entende que a economia norte-americana segue como um ponto a ser observado: “O mercado vem discutindo o que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) pode fazer, e está avaliando os dados sobre o futuro da política monetária, e isso afeta o dólar globalmente”, avalia.

De acordo com o sócio fundador da Pronto! Invest Vanei Nagem, “é uma alta bem pontual, e conforme isso passar bolsa e dólar tendem a melhorar. Quem ganhou com isso foi o Lula, o ato não teve aderência em outras partes do país”.

Para o analista da Ouro Preto Investimentos Bruno Komura, “essa abertura já esperada por causa dos eventos de ontem e esse deve ser o tom do dia. A gente não acha que estes eventos são duradouros, ele foram pontuais e específicos e devem ter uma vida bem curta”.

Komura espera que a volatilidade perca força ao longo da semana, conforme os eventos não tenham uma escalada: “Entendemos que não há perigo para as instituições, assim como não vai ter nenhum espaço para questionar o resultado das eleições”, avalia.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecharam em queda, com entendimento no mercado de que os atentados terroristas em Brasília estão sendo superados. O DI para janeiro de 2024 tinha taxa de 13,575% de 13,620% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2025 projetava taxa de 12,775%, de 12,900%, o DI para janeiro de 2026 ia a 12,680%, de 12,810%, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 12,700% de 12,820% na mesma comparação. No mercado de câmbio, o dólar operava em alta, cotado a R$ 5,2670 para venda.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos devem fechar o pregão em campo misto, liderados pelas principais empresas de tecnologia, que mantiveram suas altas ao longo da sessão com um otimismo renovado de que a inflação deva desacelerar e o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) reduza o ritmo de seu aperto monetário.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: -0,34%, 33.517,65 pontos
Nasdaq 100: +0,63%, 10.635,6 pontos
S&P 500: -0,07%, 3.892,09 pontos

Com Paulo Holland, Pedro do Val de Carvalho Gil e Darlan de Azevedo / Agência CMA.