Em dia de recuperação, Bolsa sobe com ações metálicas e balanços; dólar cai

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São Paulo- A Bolsa teve mais um dia positivo, encerrou com negócios em alta de 1,53%, aos 107.594,67 pontos, e chegou a recuperar mais de 2 mil pontos em um dia em que as ações metálicas foram as responsáveis pelo bom desempenho do índice devido à valorização do minério de ferro na China e da incorporadora Evergrande ter honrado com seus compromissos. No melhor momento do dia, o Ibovespa subiu mais de 2,4%.

Os balanços corporativos também foram observados pelos investidores e o resultado da Via (VIIA3)-dona das marcas Casas Bahia e Ponto- mais fraco e com problemas relacionados a processos trabalhistas. As ações da empresa caíram 12,48% em um movimento contrário aos papéis do setor varejista, mesmo que as vendas do varejo tenham recuado em 1,3% na comparação mensal.

Para Rafael Ribeiro, analista em investimentos da Clear, o movimento de valorização do Ibovespa na sessão de hoje deve-se “aos bons resultados corporativos e a disparada do minério de ferro impulsionando as commodities metálicas”.

As ações da Vale (VALE3) e Usiminas (USIM5) aumentaram 3,53% e 6,23%, respectivamente. Os papéis da Gerdau (GGBR4) e CSN (CSNA3) ganharam 5,99% e 7,46%, nessa ordem.

Vicente Matheus Zuffo, fundador e CIO da Chess Capital, afirmou que “a alta está bem disseminada com Vale, siderúrgicas, ‘utilities’, varejo, construção”. Ele comentou que, nos últimos meses, o setor de varejo sofreu bastante. “O resultado fraco do varejo já tinha sido precificado pelo mercado”, apontou.

Para José Costa Gonçalves, analista da Codepe corretora, a sinalização positiva do mercado vem da Vale e siderúrgicas “em função do pagamento da Evergrande aos credores e consequentemente à alta do minério de ferro”. Os papéis das mineradoras no mercado de Londres, pares da Vale, também registravam alta expressiva.

Costa comentou que o mercado ignorou as vendas mais fracas do varejo. “As ações das varejistas sobem, com exceção da Via [VIIA3]-cai mais de 12%- por conta um rearranjo na contabilidade e impactou muito as causas trabalhistas”.

O analista da Codepe corretora disse que “o setor de energia chama a atenção do mercado com a elevação das ações por causa de diminuição do risco de falta de energia”.

O dólar comercial fechou em R$ 5,4040, com queda de 1,76%. Impactado por uma menor liquidez devido ao feriado nos Estados Unidos e momentânea calmaria fiscal no âmbito doméstico, o real terminou a sessão fortalecido.

Segundo o economista da Guide Investimentos, Alejandro Ortiz, “parece que o mercado cansou de cair, e uma queda adicional precisaria de um cenário ainda pior”.

O economista acredita que o furo no teto já foi precificado pelo mercado e que, a não ser que surjam novos ruídos, a situação está menos turbulenta: “Acho que o pior do fiscal já passou, no mês de outubro”, opina Ortiz. Ele pontua, porém, que a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos Precatórios não terá vida fácil no Senado.

Quanto à inflação, Ortiz não acredita que o Comitê de Política Monetária (Copom) irá apertar mais o cinto, com o aumento de 2 pontos percentuais, ficando novamente em 1,5 pp: “Claro que esta possibilidade existe, mas a Selic (taxa básica de juros) está muito alta”, observa. O economista ressalta, ainda, que a taxa básica de juros brasileira é uma das maiores do mundo.

Para a economista e estrategista de câmbio do Banco Ourinvest, Cristiane Quartaroli, “o que está guiando este câmbio é a possibilidade do Banco Central (BC) acelerar o aumento dos juros, e chegar em 2 pp”.

Quartaroli acredita que devido à forte desvalorização do real, nos últimos meses, o espaço para ele cair ainda é grande, mas alerta: “Apesar dos Precatórios, o cenário continua ruim, principalmente na questão fiscal”.

De acordo com o economista-chefe do Banco Mizuho, Luciano Rostagno, “por ser feriado nos Estados Unidos, os mercados ficam propensos a movimentos bruscos, com a diminuição da liquidez”.

Este movimento, diz o economista, aumenta o fluxo especulativo no Brasil: “A baixa liquidez e a perspectiva de aumento na Selic aumentam a especulação no Brasil. Isso talvez perca força à tarde, com os investidores especulativos não deixando a posição aberta para amanhã”, salienta Rostagno.

“As emergentes estão se valorizando frente ao dólar, sendo que o real tem um beta (volatilidade) maior que a média destas moedas”, explica Rostagno.

Assim como o dólar, as taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecharam em queda em dia de ajuste após avanço da PEC dos Precatórios no Senado. Nesta quarta-feira (10), o senador Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE) foi anunciado relator da matéria no Senado.

No fechamento do pregão regular, o DI para janeiro de 2022 tinha taxa de 8,450% de 8,482% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 11,960%, de 12,220%; o DI para janeiro de 2025 ia a 11,790%, de 11,870% antes, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 11,690% de 11,710%, na mesma comparação.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam sem direção comum, em meio a temores pela aceleração da inflação, em um pregão de liquidez reduzida devido ao feriado nos mercados de títulos.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos principais índices de ações dos Estados Unidos no fechamento:

Dow Jones: -0,44%, 35.921,23 pontos
Nasdaq Composto: +0,52%, 15.704,3 pontos
S&P 500: -0,05%, 4.649,27 pontos