Em dia de muita volatilidade, Bolsa fecha em alta com Petrobras, bancos e varejistas; dólar encerra a R$ 4,99

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Imagem perspectiva mercados
Indicadores da Bolsa de Valores

São Paulo- A Bolsa fechou em leve alta, na marca dos 102 mil pontos, em um pregão marcado por muita volatilidade. As ações da Petrobras (PETR3 e PETR4), do setor financeiro e varejista ajudaram a manter o índice no positivo.

Do lado negativo, a pressão ficou por conta das commodities metálicas. A Vale (VALE3), ação de maior peso no índice, fechou em queda de 3,10% refletindo o minério de ferro e a CSN (CSNA3) cedeu 6,22% reagindo ao balanço fraco.

Os papéis da Petrobras (PETR3 PETR4) subiram de 1,46% e 1,58%. Os bancos subiram em bloco. Por aqui, os investidores seguem de olho na crise dos bancos regionais dos Estados Unidos. As ações do PacWest Bancorp e Western Alliance desabaram.

O principal índice da B3 subiu 0,37%, aos 102.174,34 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em junho registrou alta de 0,55%, aos 103.680 pontos. O giro financeiro foi de R$ 26 bilhões. Em Nova York, as bolsas operavam em queda.

Elcio Cardozo, especialista em investimentos e sócio da matriz Capital, disse que o Ibovespa apresentou muita volatilidade. “Engatou alta na parte da parte com o otimismo no setor de varjo e a alta de Petrobras, após os investidores digerirem bem o relatório da empresa com dados de produção e venda positivos”.

Cardozo acrescentou que o setor de varejo está “muito bem na sessão de hoje por conta do Copom e manutenção da taxa de juros em 13,75% ao ano; MRV (MRVE3) também se beneficia de uma possível queda nos juros a vir nos próximos meses”.

Segundo um analista de uma corretora, a virada na Bolsa é atribuída ” à melhora do mercado de petróleo e à queda dos DIs”.

Um outro fator que pode ter ajudado, na virada da Bolsa, segundo Bruna Sene, analista de investimentos da Nova Futura Investimentos, “foi a entrada de fluxo estrangeiro; o UBS entrou comprando forte e acompanhou bem essa melhora”.

Mais cedo, quando o Ibovespa caía, Bruna disse acompanhava as bolsas em Nova York. “Saiu a informação no Financial Times de que o Western Alliance estava estudando a venda ou parte de todo o seu negócio e piorou as bolsas no exterior e afetou aqui, volta a preocupação com os bancos regionais; além disso o setor de materiais básicos [mineração, siderúrgicas, papel e celulose] pressiona o Ibovespa; a Vale tem forte peso no índice e cai mais de 3%, o balanço de CSN e CSN Mineração vieram ruins, já consumo e o setor de petróleo sobem”.

Rodrigo Moliterno, head de renda variável da Veedha Investimentos, disse mais cedo que a Bolsa devolveu os ganhos com a informação de que “o governo tenta colocar alguém no Banco Central, como o Galípolo [Gabriel Galípolo, secretário-executivo do Ministério da Fazenda] para tentar abaixar os juros”.

Mais cedo, logo na abertura, Bruno Komura, analista da Ouro Preto Investimentos, disse que o movimento positivo da Bolsa reflete o Copom da véspera.

“Mesmo com o comunicado dizendo que vai manter a Selic alta, houve mudança no documento mostrando que está vendo efeitos de desaceleração; a Petrobras também ajuda a impulsionar o índice. Os dados de produção vieram bons e se não houver mudança na forma de distribuir dividendos, pode ter um anúncio referente aos resultados do 1T23 [será divulgado dia 11], o que anima o mercado”. O dólar comercial fechou em alta de 0,06%, cotado a R$ 4,9930. Apesar do temor global com uma provável crise no sistema bancário norte-americano, a Selic (taxa básica de juros), que permanece em 13,75%, ainda favorece a moeda brasileira.

De acordo o economista-chefe da Infinity Asset, Jason Vieira, “o Comitê de Política Monetária (Copom) é favorável ao real, independente da percepção do cenário”.

Vieira entende que o sistema bancário dos Estados Unidos deve gerar preocupação durante algo tempo, já que o mecanismo de defesa aos bancos pequenos e médios é frágil.

De acordo com o economista-chefe da Nova Futura Investimentos, Nicolas Borsoi, “o que pegou pesado foi o fato de o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) não ter mudado a visão sobre o setor bancário. Enquanto o Fed não diminuir os juros, os bancos menores e regionais têm um cenário bem catastrófico nos Estados Unidos”. Borsoi entende que esta junção de fatores faz com que o mercado volte a precificar uma recessão estadunidense, o que faz com que a sessão seja marcada por forte aversão ao risco.

Para a economista do Banco Ourinvest Cristiane Quartaroli, “se por um lado, o Fed elevou os juros conforme o esperado e trouxe um tom mais ameno em seu comunicado, por outro, o Copom manteve a Selic, mas trouxe um tom mais duro em seu texto pós-decisão. A percepção de que o nosso diferencial de juros seguirá elevado pode ajudar nossa moeda”.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecham em queda, ainda repercutindo a reunião de ontem do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), e pelos dados de pedidos de seguro-desemprego nos Estados Unidos que vieram acima do esperado, o que denota desaceleração econômica.

O DI para janeiro de 2024 tinha taxa de 13,210% de 13,230 % no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2025 projetava taxa de 11,760 % de 11,860%, o DI para janeiro de 2026 ia a 11,440 %, de 11,475%, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 11,510 % de 11,600 % na mesma comparação.

Os principais índices de ações do mercado dos Estados Unidos fecharam a sessão em campo negativo, à medida que crescem em Wall Street os temores de um contágio no setor bancário, enquanto os investidores avaliam o aumento de juros pelo Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano).

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: -0,86%, 33.127,74 pontos
Nasdaq 100: -0,49%, 11.966,4 pontos
S&P 500: -0,72%, 4.061,22 pontos

 

Com Paulo Holland, Camila Brunelli e Darlan de Azevedo / Agência CMA