Diretoria da Vale diz que não venderá unidade de metais básicos

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São Paulo – A Vale informou na teleconferência de resultados do terceiro trimestre disse que não dá para levar o resultado do período em conta e que espera resolver o futuro da unidade de metais básicas, reiterando as informações divulgadas na segunda-feira (24/10), em Londres, pelo presidente da Vale, Eduardo Bartolomeo, que disse estar considerando um spin-off e uma eventual listagem pública (IPO) da sua unidade de metal básico, que tem foco em níquel e cobre.

“Estamos buscando um parceiro para o ativo e resolver as questões que precisam ser resolvidas”, disse hoje a diretoria executiva da empresa. “Existem avenidas de possibilidades, já antevemos uma parceria e já comunicamos isso ao mercado. Não vamos vender o ativo de metais básicos, buscamos uma parceria. Primeiro precisamos consertar o ativo, a parceria será importante para nos ajudar com a execução”, acrescentou.

O presidente da Vale acrescentou que vai levar um tempo para oferecer mais informações sobre o assunto e que é melhor esperar o evento anual para investidores, o Vale Day, que acontecerá daqui um mês.A empresa estuda separar a unidade de cobre e níquel do negócio de minério de ferro pois considera que as duas unidades têm perspectivas de crescimento diferentes e contratou assessores para para avaliar alternativas para destravar valor no longo prazo para seus acionistas após aprovar a reorganização das operações no mês passado. Mas ainda não tomou nenhuma decisão em relação a qualquer transação.

A empresa disse que precisa de muitas licenças e que está trabalhando com os órgãos competentes e que o tema será abordado com mais detalhe no Vale Day, que será realizado daqui um mês. “O setor de mineração sofreu mudanças após o desastre provocado pelo rompimento da barragem da Vale em Brumadinho e a companhia vem buscando se adaptar às novas exigências”, disseram os diretores.

Em 25 de janeiro de 2019, o estouro da barragem da mina Córrego do Feijão, da Vale, em Brumadinho (MG) despejou 12 milhões de metros cúbicos de rejeitos da mineração na bacia do rio Paraopeba e provocou a morte de 272 pessoas. Foi o maior acidente de trabalho no Brasil em perda de vidas humanas e o segundo maior desastre industrial do século. Foi um dos maiores desastres ambientais da mineração do país, depois do rompimento da barragem de Fundão, em Mariana (MG), que pertencia à Samarco (parceria entre a Vale e a BHP Billiton).

Cosan

Em relação ao investimento anunciado pela Cosan para comprar 4,9% de seu capital, em 07/10, a diretoria disse estar orgulhosa e acredita que pode contribuir para as iniciativas de ESG da companhia e considera que o investimento “é uma validação de seus esforços nessa área.”

China

Da mesma forma, a Vale espera que a China aumente a demanda de seus produtos com foco em redução de emissões, após os anúncios feitos na reunião do Partido Comunista chinês na semana passada. “A China continua sendo um grande mercado, com bastante estímulo para infraestrutura e urbanização em curso e consumo intenso de aço pela construção civil, então, temos uma perspectiva positiva para os negócios com o país”, disse a diretoria da Vale.

Projeções

A companhia disse que espera aumentar as vendas no quarto trimestre e manteve seu o guidance de produção de minério de ferro em 310 a 320 Mt em 2022.

Em relação ao plano de remoção de gargalos ativos, a empresa disse que deve concluir a segunda fase de alteamento da Barragem Itabiruçu no 2T23 e o licenciamento e desenvolvimento de áreas de disposição de rejeitos e estéril.

Na Serra Norte, a mineradora espera finalizar o start-up da fase 1 do Projeto Gelado no 4T22 com ramp-up em 2023, conceder a licença prévia de N3, com start-up esperado para 2024, além da solicitação continua de licenças para sustentar o nível de produção.

Em S11D, a Vale terá novos britadores, plantas móveis e projeto +10 Mtpa, com start-up no 4T22, contribuindo para o aumento da produção em 2023, mas ainda limitado pelas restrições por jaspilito (britador necessário para processar blocos de estéril compacto maiores).

A companhia concluiu as obras na Barragem Torto e aguarda a liberação do licenciamento e o licenciamento e desenvolvimento de áreas de disposição de rejeitos e estéril para o start-up.

A companhia disse que o custo do frete aumentou, especialmente em setembro e que também sofreu com o aumento do preço do diesel. “O programa de redução de custos de US$ 1 bilhão está indo bem e daremos mais detalhes no Vale Day”, disseram o executivo.

Resultados 3T22

Em relação aos resultados do terceiro trimestre, a mineradora comemorou o retorno da produção de minério de ferro ao patamar de 90 mil toneladas, com maior proporção de produção do Sistema Norte e que recuperou a produção de metais básicos com a recuperação do Forno 4 e em Sossego. A queda no ebitda foi atribuída aos menores preços realizados.

Em relação ao novo conceito de Dívida Líquida Expandida, que foi revisado em seu balanço do 3T22, a companhia espera que a melhoria traga mais retorno para os acionistas.

A companhia reportou dívida líquida expandida de US$ 13,3 bilhões, após uma revisão de seu conceito “para melhor alinhamento às práticas de mercado e informar melhor à gestão na tomada de decisões de alocação de capital. A revisão foi para excluir os compromissos operacionais e regulatórios, mas mantendo a meta de alavancagem de US$ 10-20 bilhões”, disse a Vale no relatório divulgado ontem.

ESG

A Vale disse que busca alternativas para reduzir o uso de diesel. Atualmente, tem 40 veículos elétricos no Canadá e outros em outras operações globais.

Poderia fornecer eletricidade para uma cidade com 100 mil casas com o projeto Sol do Cerrado em comissionamento e ramp up até julho de 2023. O projeto tem 766 MWp e é um dos maiores projetos solares da América Latina, segundo a Vale, que investiu US$ 591 milhões. O projeto representa 16% da demanda total de energia elétrica da Vale no Brasil.

A Vale conclui 40% do programa para eliminar barragens a montante e reduziu o nível de emergência de sete barragens desde o início do ano.