Depois de reportar prejuízo bilionário por despesas não-recorrentes, ações despencam mais de 9%

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São Paulo – O Grupo Pão de Açúcar (GPA) reportou prejuízo de R$1,1 bilhão no quatro trimestre de 2022, explicados por despesas não recorrentes relacionadas à reestruturação da companhia, contingências e provisões fiscais, além de margens mais fracas no Exito.

Por volta das 14h55, PCAR3 registrava baixa de 9,31%, a R$15,18

Os analistas da XP creditamos números desse trimestre e resultados ainda negativos na Cnova (-R$55mi) e diversas despesas não recorrentes decorrentes da reestruturação da companhia, provisões trabalhistas, contingências tributárias e um aumento de imposto de renda devido à reforma tributária na Colômbia.

Ainda que no GPA Brasil as vendas de mesmas lojas tenham avançado 7,3%na base anual, com o Pão de Açúcar Minuto mantendo vendas mesmas lojas em duplo-dígito e o Pão de Açúcar reportando uma aceleração no trimestre de+6,7%, a margem ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) do Exito foi pressionadae retraiu -2p.p. ‘por conta de ajustes de estoque, um maior nível de despesas pela alta inflação em todos países de atuação e resultados mais fracos das suas Joint Ventures, principalmente devido a maiores provisões na Tuya’, observa a XP.

Os resultados do 4T22 também ficaram abaixo das estimativas do Bradesco BBI. “A receita líquida ficou 3% abaixo de nossas estimativas e 4,2% abaixo do consenso devido ao impacto negativo do câmbio nas receitas da Éxito em reais”, diz análise.

Para o BBI, os resultados do 4T22 mostraram a continuação do progresso do GPA Brasil na recuperação da marca Pão de Açúcar e forte vantagem digital em comparação com outros varejistas brasileiros de alimentos. Os analistas também reforçam o aspecto positivo da aceleração da abertura de lojas de proximidade e o crescimento consistente no conceito mesmas lojas em todos os formatos, que são elementos-chave para o GPA Brasil recriar a alavancagem operacional e melhorar a margem EBITDA para sua orientação de médio prazo, segundo os analistas.

No geral, o prejuízo de R$ 1,1 bilhão foi o principal dado que chamou a atenção neste release de resultados, principalmente pela longa lista de impactos excepcionais relacionados a diversos temas.

À medida que nos aproximamos do spin-off do Grupo Éxito (esperado para perto de junho/julho), esperamos que as despesas não recorrentes sejam de fato apenas pontuais e não afetem substancialmente os ganhos ao longo de 2023, opinão do BBI.

“Em suma, vemos o negócio do Grupo Éxito como um potencial de desbloqueio de valor entre os dois ativos, pois vemos o PCAR3 sendo negociado a uma avaliação econômica de 2,7x EV/EBITDA 2024, em comparação com os varejistas de alimentos da América Latina a 7-8x EV/EBITDA em média.” A classificação do BBI é Outperform e preço-alvo de R$ 30/ação.