Cosan divulga carta para esclarecer dúvidas sobre pauta ESG após aquisição de parte da Vale

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Foto divulgação: Capitalizo

São Paulo, 20 de outubro de 2022 – A Cosan escreveu uma carta aos seus acionistas referentes à aquisição de uma participação minoritária na Vale e divulgou para a imprensa. Confira abaixo a carta na íntegra:

“Desde o anúncio da aquisição de uma participação minoritária na Vale S.A., temos recebido diversos questionamentos do mercado em relação ao racional que motivou tal decisão, ao impacto da estrutura financeira sobre o endividamento da Cosan e aos nossos compromissos com questões ESG, especificamente no que tange à transição energética e segurança no trabalho.

Buscamos apresentar ao mercado, por meio de conferências públicas e documentos disponibilizados em nosso site, nosso racional para a operação e seu impacto financeiro. As publicações sobre a transação, bem como interações recentes, demonstram que o mercado entendeu o porquê da operação e a mecânica dos instrumentos financeiros utilizados.

O terceiro ponto, ligado à ESG, tema que nos é muito caro, nos motivou a escrever esta carta.

Durante os últimos 15 anos, a Cosan passou por uma completa transformação. De uma empresa produtora de açúcar e álcool, com uma estrutura societária complexa, para um grupo de companhias abertas de recursos naturais com contínua melhora na governança e transparência, mantendo seu DNA empreendedor de controlador único.Nesse período, fizemos movimentos e aquisições ousadas, que também, incialmente, não foram compreendidas. Sempre buscamos ouvir com atenção o mercado e explicar onde queríamos chegar, ainda que o caminho até nosso objetivo fosse longo ou desafiador.

A compra da ESSO, em 2008, ocasionou queda nas nossas ações, dado o momento macroeconômico e a dívida assumida em um negócio completamente novo para a Cosan. Em 2009, a incorporação da Nova América, incialmente trouxe dúvidas em função do passivo financeiro assumido. A formação da Raizen, em 2011, foi recebida por alguns com ceticismo sobre nossa capacidade associativa em função do co-controle. A aquisição da Comgás foi alvo de crítica, em função de ser um negócio regulado, com dificuldade de sinergias em um setor até então inexplorado. Nos mantivemos firmes e focados no nosso propósito e na convicção de cada uma das teses. De 2012 a 2022, o valor do nosso portfólio cresceu mais de 5 vezes. Sem mencionar, a trajetória da expressiva melhoria nos índices de segurança (índice LTIF – Lost Time Incident Frequency apresentou uma queda de 97% em 11 anos) e a redução de emissões de carbono.

A mais complexa de todas as aquisições foi a fusão ALL-RUMO, que ocorreu pós uma tentativa de aquisição frustrada e um grande litígio entre as empresas. Além de demandar o reequilíbrio financeiro, a criação de uma nova cultura corporativa urgia, com maior segurança no trabalho e redução do nível de acidentes. Desde 2015, o ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) da Rumo aumentou quase 3 vezes e a empresa está entre as melhores ferrovias do mundo em níveis de segurança, comparada a CSX e Canadian Pacific Railway.

Nossa capacidade e disciplina de execução foram testadas nesses momentos de mudança e nossa performance vem demostrando uma consistente criação de valor para todos nossos stakeholders.

Por que agora seria diferente? Vale sempre foi um ativo que despertou interesse da Cosan e a acompanhávamos de longe há muitos anos. Até que em 2018, fizemos uma análise mais aprofundada e mantivemos conversas preliminares com alguns acionistas, o que não seguiu adiante por diversas razões. Naquele momento a Vale, como acionista da Samarco, lidava com as consequências do desastre de Mariana e logo em seguida Brumadinho aconteceu. As duas tragédias trouxeram duras lições à Vale. E a empresa reagiu com mudanças na administração, na cultura corporativa, dando maior ênfase em pessoas e segurança, e na governança, com a entrada no novo mercado na B3 como a maior corporation do Brasil. Tudo na direção de redução de riscos, estabilização das operações e avanços nos compromissos para uma mineração mais sustentável.

A Vale tem o melhor minério de ferro do mundo e reservas de metais básicos promissoras, o que a faz uma empresa-chave para a transição energética global e descarbonização. A Vale não pode ficar isolada em função do que ocorreu. Para ser uma força na transição energética futura, a Vale precisa de disciplina e consistência para gerar resultado com segurança e um impacto social e ambiental positivo.

E é neste momento, em que a Vale está executando a nova estratégia, reparando o passado e caminhando na direção correta, com princípios alinhados ao que acreditamos, que tomamos a decisão de investir na empresa para apoiar a administração nessa jornada, dado o nosso histórico.

Na Cosan, sempre fomos atraídos por grandes oportunidades de transformação em negócios que são posicionados de forma única em seus setores, por mais desafiante que seja. Temos a oportunidade de participar diretamente da implementação de melhores práticas ESG, com potencial impacto social positivo significativo em diversas vidas e geografias. Não podíamos ficar de fora da Vale agora, um ativo irreplicável que se encaixa nos princípios norteadores do nosso portfólio, focado em recursos naturais fundamentais para a descarbonização, bem quando enxergamos o potencial futuro de geração de valor financeiro, social e ambiental.

O apoio de nossos acionistas, principalmente os mais engajados em questões sociais e ambientais, é fundamental para que possamos efetivamente contribuir para com a Vale e sua administração, nesse novo ciclo de geração de valor baseado nas melhores práticas socioambientais.

São Paulo, 20 de outubro de 2022

Cosan S.A.”