Cortes na produção de petróleo pela Opep+ agravam previsão de déficit de oferta, diz AIE

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Foto: Troy Stoi/ freeimages.com

São Paulo – A Agência Internacional de Energia (AIE) alertou nesta sexta-feira (14) para os riscos decorrentes dos cortes na produção de petróleo pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo e seus aliados (Opep+). Os cortes adicionais do grupo “reduzirão a oferta global de petróleo em 400 mil barris por dia (bpd) até o final de 2023”, informou a AIE em seu relatório mensal.

A agência prevê que, de março a dezembro, o aumento da produção de países fora da Opep+ não compensará a queda da produção do bloco produtor, o que levará a uma desaceleração no crescimento da produção mundial de petróleo para 1,2 milhão de bpd em 2023, ante os 4,6 milhões de bpd registrados em 2022.

Enquanto os países fora da Opep+, liderados pelos Estados Unidos e pelo Brasil, estão promovendo a expansão da produção de petróleo, com um aumento de 1,9 milhão de bpd previsto para 2023, a Opep+ deverá diminuir sua produção em 760 mil bpd. Esses cortes na produção podem afetar negativamente os consumidores, que enfrentam preços inflacionados de produtos essenciais, prejudicando a recuperação econômica.

“Os consumidores, diante de preços inflacionados de produtos de primeira necessidade, terão Agora eles espalham ainda mais seus orçamentos. Isso é um mau presságio para a recuperação economia e crescimento”, reconhece a AIE. Além disso, a “aparente fraqueza” da atividade industrial está afetando a demanda por diesel, enquanto o setor serviços e consumo pessoal estão impulsionando o consumo de gasolina e aviões a jato.

A AIE ressalta que, embora o aumento das reservas mundiais de petróleo pareça ser uma medida de suporte à queda de preços, pode ter contribuído para a decisão de cortes na produção.

A agência prevê que a demanda por petróleo nos países desenvolvidos aumentará em até 2,7 milhões de bpd até o final do ano, impulsionada pela recuperação contínua na China e pelo aumento das viagens internacionais. No entanto, a obtenção desses aumentos pode ser difícil, uma vez que os novos cortes da Opep+ podem reduzir a produção em 1,4 milhão de bpd de março até o final do ano.

Além disso, o crescimento da produção de xisto nos Estados Unidos, que é tradicionalmente a fonte de produção mais sensível ao preço, está sendo limitado por gargalos na cadeia de suprimentos e por custos crescentes.

A AIE alerta que, embora os saldos do mercado de petróleo já estivessem se encaminhando para um aperto no segundo semestre, os cortes recentes correm o risco de exacerbar essas tensões.

“Os saldos do nosso mercado de petróleo já estavam fadados a apertar na segunda metade de 2023, com possibilidade de quebra substancial de oferta. O cortes recentes correm o risco de exacerbar essas tensões, elevando os preços de petróleo como os de produtos. Os consumidores, atualmente atormentados pela inflação, sofrerá ainda mais com o aumento dos preços, especialmente nas economias emergentes e em desenvolvimento”, conclui a agência.