Como foi o câmbio em 2022 e o que 2023 pode reservar à moeda brasileira

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Foto de notas de dólar
Foto: Freeimages.com/ Mokra

São Paulo – Entre mortos e feridos, o dólar terminou 2022 com desvalorização de 5,3% na comparação com o real. Entre os principais fatores que prejudicaram a moeda brasileira, tiveram destaque a instabilidade fiscal e política doméstica, o início do aumento dos juros nas principais economias desenvolvidas e as incertezas que rondam a retomada econômica chinesa.

Por outro lado, o conflito entre Rússia e Ucrânia, a valorização das commodities e os altos juros praticados no Brasil foram favoráveis ao real, contribuindo para um saldo final positivo.

Já para 2023, os desafios continuam robustos: a continuidade do conflito no leste europeu, a velocidade no aumento dos juros especialmente nos Estados Unidos e Europa e, principalmente, o tom da política econômica e fiscal a ser adotada no Brasil.

De acordo com o sócio da Top Gain Leonardo Santana, “iniciamos 2022 com o dólar na faixa dos R$ 5,70 e caímos de uma maneira bem acentuada, indo a R$ 4,60. O mercado achou que iríamos chegar em R$ 4,20. A guerra entre Rússia e Ucrânia, porém, levou este dólar para a faixa de R$ 5,00 novamente. Isso também gerou o aumento da busca por proteção em algumas commodities como o petróleo, que chegou a bater US$ 130 o barril”.

O analista da Ouro Preto Investimentos Bruno Komura entende que o começo do último ano foi contagiante, com o país caminhando para a reabertura econômica: “Teve o início da guerra entre Rússia e Ucrânia, e no primeiro momento isso assustou os mercados. Mas logo percebemos que isso poderia ser benéfico para o Brasil, principalmente por causa das commodities, que afetaram o balanço dos termos de troca e a balança comercial do Brasil, isso porque o Brasil é um grande exportador de commodities”, avalia Komura, que também observou que o aperto do ciclo monetário promovido por FED e BCE foram favoráveis à moeda norte-americana.

Desafios à vista

Em menos de um mês do novo governo, o temor do mercado é uníssono: a responsabilidade fiscal. “O grande desafio para 2023 é, principalmente, um governo que pode voltar a estourar o teto e ter o risco fiscal. Isso é o que mais deve pegar no ano inteiro. Por outro lado, o Lula como bom articulador tende a trazer muito capital para o Brasil. Temos o maior juro real dentre todos os países, nós somos atrativos, e isso pode forçar o câmbio para baixo”, analisa Santana.

Komura segue a mesma linha: “Esperamos que o dólar continue forte, já que o Fed deve continuar a subir os juros, mesmo que de modo mais lento. Já aqui no Brasil, vemos as medidas populistas ganhando mais força, com o Bolsa Família fora do teto de gastos. Ainda precisamos ver o que o governo irá fazer de fato, isso gera muita insegurança. Esperamos volatilidade no começo do ano”, opina.