Carteira de crédito deve voltar a crescer em maio por crédito livre às famílias, segundo Febraban

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Imagem: Shutterstock

São Paulo – O saldo total da carteira de crédito deve voltar a crescer em maio, com alta estimada de 0,6%, com destaque para o crédito livre às famílias, com expectativa de expansão de 1,2%, revela a Pesquisa Especial de Crédito da Febraban. As linhas atreladas ao consumo, especialmente os gastos no cartão à vista, foram beneficiadas pela resiliência do mercado de trabalho e pelas medidas de transferência de renda do governo, e deverão ser os principais influenciadores do resultado do mês.

As projeções são feitas com base em dados consolidados dos principais bancos do país e a pesquisa é divulgada mensalmente como uma prévia da Nota de Política Monetária e Operações de Crédito do Banco Central, que será divulgada em 28 de junho.

A carteira direcionada, por sua vez, deve ficar estável (0%), com alguma acomodação do crédito rural diante do término do Plano Safra 2022/2023 – e espera por novos recursos da próxima safra. Com isso, a projeção é de crescimento da carteira Pessoa Física em 0,7% em maio e 14,6% em 12 meses ante 15,7% em abril.

Apesar deste recuo na variação anual, o crédito às famílias continua sendo o destaque, com evolução até melhor que o projetado no início do ano, avalia Rubens Sardenberg, Diretor de Economia, Regulação e Riscos da Febraban. A manutenção dos níveis de emprego e o reforço na renda por conta dos programas sociais ajudam a explicar este desempenho, afirma Sardenberg.

Já na carteira Pessoa Jurídica, a estimativa é de alta de 0,4% em maio, com destaque para os recursos direcionados, que deverão expandir 0,5%, devido à reedição dos programas públicos e ganho de tração das linhas com recursos do BNDES. A carteira livre deve avançar 0,3% e o ritmo de expansão anual da carteira Pessoa Jurídica deve ficar em 4,6%.

De acordo com Rubens Sardenberg, este desempenho mais modesto da carteira Pessoa Jurídica, em especial no segmento livre, reflete diversos fatores, em especial os impactos defasados do aperto monetário e mais recentemente os episódios envolvendo as Lojas Americanas e Light, que elevaram fortemente a percepção de risco no mercado PJ, com impacto negativo sobre a oferta de crédito.

Já o ritmo de expansão anual da carteira, no entanto, deve seguir acomodando, de 11,1% para 10,5%.

Concessões

As concessões de crédito devem apresentar crescimento mensal de 14,5% em maio. O resultado, no entanto, é afetado pelo maior número de dias úteis ante abril. Quando ajustado, a estimativa é de retração de 6,3%.

O menor volume de concessões no mês deve ser puxado pelas operações com recursos livres, que devem recuar 7,2% (ajustado por dias úteis). O resultado reflete o maior rigor dos bancos devido ao avanço da inadimplência e também, como já mencionado, os eventos envolvendo empresas de grande porte no mercado de capitais ( Americanas e Light) que também acabam se refletindo no mercado bancário.

Por outro lado, as concessões com recursos direcionados devem registrar alta de 2,5% (ajustada por dias úteis), impulsionada pela carteira Pessoa Jurídica, com o deslocamento da demanda de crédito das empresas do segmento livre e do mercado de capitais para o segmento direcionado.

Na visão acumulada em 12 meses, o volume de concessões deve seguir desacelerando, de 12,6% para 10,3%, com o movimento puxado pelas operações com recursos livres, que devem passar de 11,7% para 9,3%. Já as concessões direcionadas devem seguir com ritmo mais alto de expansão (18,9%), embora também com alguma desaceleração (20% em abril).