Cade aprova compra da Lafarge pela CSN

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Divulgação/CSN

São Paulo, SP – O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) julgou hoje a aquisição, pela CSN Cimentos, de 100% das ações de emissão da LafargeHolcim Brasil. A operação foi autorizada sem restrições, por unanimidade no Tribunal.

A CSN Cimentos é integralmente detida pela Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), grupo que atua em toda a cadeia produtiva do aço, desde a mineração de minério de ferro, até a
produção e comercialização. A companhia também age na cadeia produtiva de cimento, por meio de sua planta de moagem, localizada no município de Volta Redonda (RJ) e de fábrica integrada, localizada no município de Arcos (MG).

A LafargeHolcim Brasil, por sua vez, é atualmente controlada pelo Grupo Holcim, que possui unidades em mais de 70 países e tem como principal serviço a fabricação de cimento, concreto e agregados para a construção civil.

De acordo com a CSN Cimentos, a operação está prevista na estratégia de expansão no segmento de cimento e de diversificação geográfica da CSN, com presença cada vez mais abrangente no território nacional, em meio à recuperação de consumo da matéria-prima no Brasil.

Para o Grupo Holcim, a operação, que representa o desinvestimento do seu negócio no Brasil, fortalece seu balanço patrimonial no exterior, reduzindo significativamente seu percentual de endividamento, permitindo que a empresa invista em outras frentes de negócios.

O ato de concentração foi notificado à autarquia em 2021 e, em março de 2022, a Superintendência-Geral do Cade (SG/Cade) deu aval para a operação sem restrições. No entanto, diante da interposição de recursos da terceira interessada, Cimento Tupi S.A., a operação foi levada à apreciação do Tribunal da autarquia, sob a relatoria do conselheiro Luis Braido.

Em seu voto, o relator ressaltou que o ato de concentração não desperta preocupações concorrenciais relevantes, tendo em vista que os testes de mercado, realizados na instrução do caso, revelaram níveis suficientes de rivalidade e pressão competitiva, por parte de outras empresas importantes do mercado.

ANÁLISE

A Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) divulgou no início da semana o balanço do segundo trimestre de 2022. Para o Banco Inter, os resultados trouxeram números levemente abaixo do esperado na Siderurgia em conjunto com avanços nos negócios
menos influentes da companhia como Cimento e Logística , mas Mineração mais uma vez pesando negativamente.

Segundo a análise do Inter, a receita líquida consolidada, apesar de em linha com as estimativas, apresenta sinais de desaceleração não só na Mineração por conta da queda
esperada nos preços do minério de ferro , mas também com leve deterioração na Siderurgia, especialmente quando comparado aos pares.

“Incorporamos em nossas estimativas um cenário mais desafiador no ano para o setor, tendo em vista a nossa visão mais comedida para a economia chinesa e, consequentemente, a demanda por minério de ferro, mantendo a pressão sobre os preços das commodities nos mercados internacionais”, explicou o Inter.

Diante dos desafios que o segundo semestre trará, o Inter revisou o preço-alvo da ação, de R$ 36 para R$ 25, em 2023, e rebaixou a recomendação para neutra, colocando na conta as atuais incertezas no mercado externo com China e uma possível desaceleração ainda mais acentuada do que a precificada pelo mercado.

Mineração

Sobre a CSN Mineração, o Inter disse que as dificuldades para retomar o ritmo de produção e vendas e o impacto de menores preços realizados de minério de ferro no período, afetaram os resultados da companhia e mostra uma perspectiva nada animadora para o restante do ano.

“A companhia revisou para baixo seu guidance de produção para 2022, agora entre 36 Mt 38 Mt (antes 38 Mt 40Mt), após os impactos mais fortes que o esperado das chuvas no primeiro semestre de 2022, bem como para cima suas expectativas do custo caixa C1, agora entre US$ 20/t – US$ 22/t (ante US$ 18/t, previamente), o que indica um cenário melhor de custos para o segundo trimestre de 2022”, detalhou a análise.

Por outro lado, considerando as recentes postergações no plano de investimentos e na capacidade de produção e levando em consideração o valor do dinheiro no tempo, o Inter reduziu o preço-alvo da ação de R$ 9 para R$ 7, visando o fim de 2023.

“Apesar do menor preço-alvo e dos riscos, no atual nível de negociação que as ações se encontram, ainda vemos como boa oportunidade e mantemos nossa recomendação de compra”, concluiu a análise do Inter.