BRF reverte prejuízo e registra lucro líquido de R$ 754 milhões no quarto trimestre de 2023

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Fábrica da empresa brasileira BRF em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos / Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

São Paulo – A BRF divulgou na noite de ontem (25) o balanço do quarto trimestre de 2023, com lucro líquido de R$ 754 milhões, revertendo o prejuízo de R$ 956 milhões registrado no mesmo período de 2022. Na comparação com 2022, o prejuízo líquido recuou 39,5%, passando de R$ 3,09 bilhões para R$ 1,86 bilhão.

Segundo o comunicado, o resultado do último trimestre do ano passado foi impactado pela hiperinflação na Turquia e pela dívida designada como hedge accounting no segundo trimestre de 2023. Além disso, o resultado positivo também é reflexo da recuperação do preço da proteína in natura de frango no Brasil e nos mercados internacionais, pela redução dos custos dos produtos vendidos, além do efeito sazonal da campanha de comemorativos, e pela redução das despesas financeiras líquidas.

O lucro antes juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) ajustado foi de R$ 1,9 bilhão, alta de 76,3% em comparação ao último trimestre de 2022. Na comparação com 2022, o Ebitda cresceu 14,8%, chegando a R$ 4,1 bilhões em 2023.

A receita operacional líquida atingiu R$ 14,4 bilhões, queda de 2,3% em relação ao quarto trimestre de 2022. Na comparação com 2022, a receita líquida recuou 0,4%, chegando a R$ 53,6 bilhões em 2023.

A margem Ebitda ajustada hegou a 13,2%, alta de 5,9 ponto percentual (p.p.) em relação ao mesmo período de 2022. Em 2023, a margem Ebitda ficou em 8,8%, alta de 1,2 p.p. em relação a 2022.

O desempenho do fluxo de caixa livre apresentou uma evolução contínua ao longo do ano, reflexo do avanço operacional aliado às reduções nos dispêndios com Capex e despesas financeiras, totalizando uma geração livre de caixa de R$ 613 milhões, bem acima do prejuízo de R$ 67 milhões no mesmo período de 2022. Na comparação anual, o fluxo de caixa livre de 2023 superou o ano anterior em R$ 2,8 bilhões.

O endividamento líquido totalizou R$ 9,4 bilhões, redução de R$ 878 milhões quando comparado ao terceiro trimestre de 2023. A alavancagem líquida da companhia, medida pela razão entre o endividamento líquido e o Ebitda ajustado dos últimos doze meses, atingiu 2,01x abaixo dos 3,55x registrado no mesmo período de 2022.

O fluxo de caixa de investimentos totalizou R$ 741 milhões. Em 2023, os dispêndios com investimentos somaram R$ 2,8 bilhões, em virtude de menores dispêndios com Capex e do recebimento pela venda de ativos non core, como parte do plano de desmobilização da companhia. O Capex realizado no trimestre totalizou R$ 741 milhões e R$ 3,1 bilhões em 2023. Foram destinados no trimestre R$ 193 milhões para crescimento, eficiência e suporte; R$ 334 milhões para ativos biológicos e R$ 213 milhões para arrendamento mercantil e outros.

IBOVESPA

As ações das empresas de frigoríficos lideraram o retorno diário na carteira do Ibovespa nesta segunda-feira (26). A melhor rentabilidade nesse dia entre as ações foi da JBS (JBSS3), com uma valorização de 4,19%, seguida pela Marfrig (MRFG3), com uma valorização de 3,87%, e pela BRF (BRFS3), que teve o terceiro melhor desempenho, com 3,78%. Nesta terça-feira, por volta de 10h17 (de Brasília), as ações da BRF e Minerva abriram em alta 3,7%, abaixo de Marfrig que avançava 4,5% e acima de JBS, que subia perto de 2%.

Empresa projeta melhor cenário para 2024 com menor custo de grãos e maior eficiência operacional

Em teleconferência de resultados relativos ao quarto trimestre de 2023, a BRF projetou que o menor custo de grãos, somado a um cenário de recuperação dos preços internacionais e o aumento no número de habilitações, deve contribuir para um melhor cenário para a companhia ao longo de 2024.

O CEO da BRF, Miguel Gularte, destacou que as melhorias adotadas pelo Programa de Eficiência BRF+ permitiram uma redução de custos, que envolveu todo o elo da cadeia, contribuindo para reduzir a mortalidade dos animais, uma maior eficiência alimentar e uma melhor execução nas áreas comercial e logística ao longo do quarto trimestre de 2023.

O CFO da BRF, Fabio Mariano, acredita que o cenário determinado pelos menores patamares de custo de produção por quilo tanto no Brasil quanto no cenário internacional, os valores mais baixos nos preços dos grãos e a recuperação das cotações da carne de frango e suína deixa um maior otimismo para que a companhia siga rentável no primeiro trimestre de 2024.

Mariano detalhou, durante a apresentação de dados relativos ao quarto trimestre de 2023, que os custos por quilo da BRF no mercado doméstico recuaram 5,2% no período e 7,5% ao longo de 2023.

Já no cenário internacional houve um declínio de 8% nos custos por quilo da BRF no quarto trimestre e de 4,3% no ano.

Para o primeiro trimestre de 2024, o CFO afirma que os custos de ração devem seguir estabilizados frente ao quarto trimestre. Neste cenário, os custos, de forma geral, poderão cair ainda mais por conta das ações adotadas no programa de eficiência da BRF, que prima por ganhos em produtividade.

No cenário internacional, Gularte ressalta que as 66 habilitações obtidas ao longo de 2023, com destaque para a retomada das exportações de carne de frango para o Reino Unido, devem contribuir para que a BRF consiga arbitrar melhor a colocação de cortes em diferentes mercados, possibilitando explorar melhor a força das marcas que a companhia possui ao redor do mundo.

Para o CEO, o cenário atual já mostra um maior equilíbrio entre a demanda e a oferta de proteínas animais, o que deve propiciar resultados promissores para a BRF ao longo do ano.

Com Arno Baasch (arno@safras.com.br) / Agência SAFRAS

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