Braskem reverte lucro e fecha 4° trimestre de 2022 com prejuízo

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Foto: Divulgação/Braskem

São Paulo, SP – A Braskem divulgou ontem o balanço do quarto trimestre de 2022, com prejuízo líquido de R$ 1,71 bilhão, revertendo assim o lucro de R$ 530 milhões alcançados no mesmo período de 2021. O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) recorrente foi negativo em R$ 168 milhões, revertendo o valor positivo R$ 6,3 bilhões anotados no último trimestre de 2021.

Segundo a companhia, o resultado é reflexo dos menores spreads internacionais de PE, PP, PVC e principais químicos no Brasil, PP nos Estados Unidos e Europa, e PE no México pelo menor volume de vendas de resinas e de principais químicos no segmento Brasil, de PP na Europa e de PE no segmento México; pela atualização sazonal de provisões, sem impacto na geração de caixa, no valor de cerca de R$ 248 milhões; e pela apreciação do real frente ao dólar de 6% entre o quarto trimestre de 2022 e o quarto trimestre de 2021.

A geração recorrente de caixa foi de R$ 922 milhões, e o retorno do fluxo de caixa foi de 33%. Considerando os pagamentos referentes ao evento geológico de Alagoas realizados
no quarto trimestre de 2022, a companhia apresentou uma geração de caixa de R$ 155 milhões e o retorno de fluxo de caixa foi de 18%.

No acumulado do ano, a geração recorrente de caixa foi de R$ 6 bilhões e, considerando os pagamentos referentes ao evento geológico de Alagoas realizados ao longo de 2022, a companhia apresentou uma geração de caixa de R$ 3,3 bilhões.

A posição de caixa ficou em US$ 2,4 bilhões, patamar que garante a cobertura dos vencimentos de dívida nos próximos 60 meses, não considerando a linha de crédito rotativo internacional (stand by) disponível no valor de US$ 1 bilhão, com vencimento em 2026.

A alavancagem corporativa, medida pela relação dívida líquida ajustada/EBITDA Recorrente em dólares, se manteve saudável encerrando o ano em 2,42x.

O resultado financeiro líquido foi negativo em R$ 384 milhões, recuo de 84% na comparação com os R$ 2,4 bilhões registrados no mesmo período de 2021. A receita líquida de vendas foi de R$ 18,9 bilhões, recuou de 33% em comparação ao mesmo período de 2021.

O volume de vendas de resinas no mercado brasileiro recuou 3% na comparação com o terceiro trimestre de 2022, em função da menor demanda de PP e PVC, como consequência do menor consumo de bens duráveis e materiais de construção civil impactados pelo aumento da taxa de juros para o controle da inflação no Brasil.

Em relação ao quarto trimestre de 2021, o volume de vendas de resinas no mercado brasileiro permaneceu em linha. As exportações cresceram 3% em comparação ao terceiro
trimestre de 2022, principalmente, em função de oportunidades no mercado internacional para exportação. Comparado ao quarto trimestre de 2021, as exportações recuaram 24% em função de menores oportunidades no mercado internacional dado os elevados níveis de estoques na cadeia de transformação global.

O investimento previsto para ser realizado ao longo de 2023 pela Braskem é de R$ 4 bilhões, entre eles, estão investimentos operacionais no valor de R$ 3,6 bilhões, principalmente pela parada programada de manutenção na central petroquímica da Bahia no quarto trimestre de 2023; pela parada programada de manutenção nos Estados Unidos; e pela parada programada de manutenção da planta de PVC de Alagoas.

Em investimentos estratégicos o valor será R$ 406 milhões, incluindo os projetos relacionados a expansão do negócio de biopolímeros e os projetos associados à
eficiência energética e descarbonização dos ativos industriais.

Em teleconferência na manhã de hoje, Pedro Freitas, diretor financeiro e de relações com investidores, disse que a expectativa da companhia é crescer 3% em 2023 e que durante o ano espera uma elevação das margens (spreads) do setor petroquímico.

“Durante o quarto trimestre de 2022, os spreads dos produtos petroquímicos e químicos no mercado internacional continuaram sendo impactados pela dinâmica entre oferta e demanda global. Vários fatores contribuíram para a menor demanda no período, incluindo as medidas da política Covid-zero impactando o crescimento da China, as incertezas do cenário nos Estados Unidos e na Europa, e o aumento da oferta de produtos com a entrada de novas capacidades de PE e PP em operação nos Estados Unidos e na China”, explicou Freitas.

Segundo o executivo, a companhia deve investir 15%, chegando a US$ 850 milhões. Os principais investimentos são as paradas programadas de manutenção na central petroquímica da Bahia no quarto trimestre de 2023, nos Estados Unidos e na planta de PVC de Alagoas. Do total do valor estimado, cerca de R$ 400 milhões serão destinados a projetos relacionados à expansão do negócio de biopolímeros e à eficiência energética e descarbonização dos ativos industriais.

Freitas também apontou que a recomposição do imposto de importação também terá um efeito positivo nos negócios da companhia, trazendo mais equilíbrio na competitividade das empresas do setor.

“A recomposição dará oportunidade para reconquistarmos market share nos mercados de polietileno e polipropileno. Atualmente temos 54% do market share em polietileno e 70% em polipropileno. Mas queremos chegar a 60% e 80%, respectivamente, em polietileno e polipropileno”, salientou Freitas.

Com a decisão, as tarifas de importação, que estavam desde meados do ano passado em 3,3% para os copolímeros de etileno, 4,4% para copolímeros de propileno, 4,4% para PVC
obtido por processo de suspensão e 4,2%, para o PET, voltam a 11,2%.